A aposta da Mitsubishi no segmento dos SUV e a combinação com a tecnologia hibrida tem-se revelado adequada face ao número de seguidores que a marca tem granjeado, e por isso, importa em ensaio compreender os motivos da grande aceitação do modelo Outlander.
Facilmente reconhecida pela estética a sua origem asiática, com detalhes que nos remetem para os modelos anteriores, o Outlander apresenta linhas clássicas, geométricas mas atuais com vários apontamentos cromados que lhe elevam o estatuto e lhe conferem um visual mais apelativo e moderno. Imponente q.b., a estética exterior inspira robustez e sobriedade.
O interior segue pela mesma bitola, onde a marca não arrisca e apresenta um desenho assente em linhas sóbrias e comprovadas sem qualquer detalhe demasiado futurista. Uma análise mais atenta revela um habitáculo espaçoso com grande qualidade de construção e de montagem. A atenção aos detalhes e o muito equipamento disponível ajudam a elevar a perceção de um veículo bem construído e dotado de soluções atuais. A aposta em muitos plásticos moles e suaves ao tato, os bancos em pele elétricos e aquecidos, os faróis full led, portão traseiro automático, câmara traseira de estacionamento, sensores de estacionamento e os restantes e já habituais sensores, chave inteligente, entre muitos outros. A posição de condução correta mas elevada, não sendo excelente está num bom patamar e os bancos assumem a sua função: acolher-nos com conforto.
Mas o Outlander vale, também, pela tecnologia que incorpora e que acaba por ser a maior vantagem do modelo. Com as baterias colocadas entre os dois eixos, estas acabam por não ‘roubar’ espaço no interior nem na bagageira (com quase 500 litros). Se, num automóvel tradicional o peso das baterias e o centro de gravidade alto alteram o comportamento do automóvel, neste caso, essa situação é mais notória e o comportamento ressente-se, sobretudo em curvas onde pretendemos explorar as capacidades do PHEV. De referir também, por elementar justiça, que parte da subviragem existente também se deve ao conjunto de pneus colocado que não ‘casava’ eficientemente com o conjunto.
O Outlander possui três modos de condução: o EV (elétrico); o Hibrido ou a conjugação do motor a gasolina 2.0 litros com 121 CV e o motor elétrico. E para cada um deles obviamente existem diferenças. Se, em cidade e numa condução muito cuidada conseguimos ser o suficientemente ecológico até um máximo de 50 km em modo totalmente elétrico (o que não conseguimos atingir), já no modo hibrido é utilizado o gerador ativado pelo motor a gasolina e, por fim no modo conjugado, onde o motor de combustão e o elétrico atuam, a rapidez das acelerações e recuperações é distintamente mais rápida e menos económica. De qualquer modo, o Outlander é, em todas as situações, um veículo muito fácil de conduzir, onde o tamanho não é um fator que crie preocupação no nosso modo de interagir com a estrada, com um nível de conforto de bom nível e uma insonorização muito bem conseguida.
Neste tipo de automóvel somos sempre brindados com a opção de mais uma alavanca na caixa e aqui também nas grandes patilhas por trás do volante (B1 a B5). Enquanto o modo D (Drive) serve para conduzir como qualquer outro veículo com caixa automática, a opção B traz a opção de regeneração (que em cidade é muito útil pois permite que o veículo quase trave por si e regenere bastante mais energia, útil para aumentar a autonomia).
Um sistema para o qual é necessária uma autoaprendizagem nestes novos automóveis mas que ajuda bastante nas reduções em cidade ou mesmo em paragens ‘programadas’, e que no limite regenera as baterias mais rapidamente e reduz a velocidade relativamente depressa.
Outros dois botões presentes no Outlander na consola central são o modo ‘Save’ e o modo ‘Charge’. O primeiro com a função de manter ao máximo a carga de utilização da bateria de forma a aumentar a autonomia e no segundo modo, o sistema focaliza a utilização no motor gasolina (com a função suplementar de carregar as baterias mas também de, com isso, aumentar os consumos)
De referir que todos estes novos sistemas de condução abrem um campo de possibilidades, mas também acabam por gerar no consumidor final alguma resistência à mudança e alguma aprendizagem, uma vez que são vários os botões que tem de utilizar, de carregar e, numa utilização tradicional e muitas vezes sistemática, as necessidades não se alteram, pelo que, de futuro, acredito todos estes sistemas irão convergir para duas realidades. Uma parametrização inicial do veículo pelo condutor, tal como o faz com as memórias para a posição dos bancos elétricos, onde seleciona dois ou três modos de condução pré-estabelecidos e, com isso, o sistema reage em função do sistema – potenciando até um incremento da segurança para não deambularmos com a mão pelo automóvel à procura dos botões e a outra parametrização, já num patamar mais evoluído, onde o automóvel ‘aprende’ (sistema cognitivo) com o condutor o seu estilo de condução e automaticamente adapta a condução, segundo a segundo. Com a tecnologia hoje presente e com os desenvolvimentos nesta área, diria que faltarão poucos anos para que o controlo do automóvel – para o bem e para o mal – esteja totalmente entregue a computadores inteligentes que gerem a viatura.
Em conclusão, o Outlander demonstra aqui a validade da aposta da Mitsubishi em criar um SUV hibrido – com carregamento numa vulgar tomada de casa ou em postos de carregamento rápidos – numa viatura com amplo espaço interior, bem construído, elegante e sobretudo dotado tecnologicamente de soluções atuais no campo da tecnologia hibrida com a possibilidade de utilização da tração às quatro rodas.
O preço da unidade ensaiada do Mitsubishi Outlander Phev Plug-in Hybrid é de 44.280 mil euros (preço da versão com menos equipamento – 34.000 mil euros) com garantia de 5 anos e de 8 anos ou 160.000 kms para as baterias, sendo que, estes preços podem apresentar benefícios fiscais em termos de IVA e IRC, quando aplicável.
Autor: Jorge Farromba
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