Mensagens sobre perda de peso estão por toda parte: em outdoors, nas redes sociais, nos mais variados folhetos e em consultórios médicos. É amplamente conhecido que a obesidade está associada a riscos à saúde, como, diabetes, pressão alta, ataques cardíacos e alguns tipos de cancro. Ora, para reduzir os riscos á saúde, todos gostaria de perder alguns quilos.
Mas a perda de quilos não é assim tão simples. Há ideias comuns sobre perda de peso que geralmente não são baseadas na ciência e que podem prejudicar seriamente a saúde.
As especialistas Kary Woodruff e Julia Franklin da University of Utah Health, EUA, descrevem alguns dos mitos mais comuns sobre perda de peso e alguns conselhos para melhorar a saúde de forma sustentável, mantendo uma atitude saudável em relação ao peso e à alimentação.
MITO: A única maneira de ficar mais saudável é perder peso.
“Mais magro não significa automaticamente mais saudável”, diz Julia Franklin. Melhor saúde física nem sempre é visível – pode significar pressão arterial mais baixa, melhor controlo do açúcar no sangue, mais energia para tarefas diárias e uma qualidade de vida geral melhorada. Pensar além do número na balança para as atividades e comportamentos que gostaria de incorporar à sua rotina pode ajudar a promover a saúde mental e física
MITO: Qualquer um pode perder peso se se esforçar o suficiente.
O peso não é apenas uma equação de “calorias ingeridas, calorias gastas” – também é afetado por muitos fatores ambientais, sociais e genéticos que estão fora do controle individual. Até mesmo fatores como poluição do ar e histórico familiar de insegurança alimentar podem afetar como nossos corpos metabolizam os alimentos. Perder peso e mantê-lo é a exceção, não a regra. Mas todos podem fazer boas escolhas de saúde para melhorar o bem-estar e se sentir mais saudáveis.
MITO: Fazer dieta é a melhor maneira de perder peso.
Dietas da moda, como a dieta do suco de aipo e outras desintoxicações e limpezas, trazem sérios riscos à saúde e tendem a ser ineficazes a longo prazo. Dietas com restrição excessiva de calorias podem levar a deficiências de nutrientes, má saúde óssea e menos energia para uma atividade física saudável. E a maioria das pessoas que perdem peso rapidamente acabam a recupera-lo, o que pode levar a um ciclo pouco saudável de ganho e perda rápidos de peso. Em vez de dietas sem supervisão, Kary Woodruff incentiva a pessoa que queira perder peso a conversar com um nutricionista sobre o estabelecimento de uma abordagem de gestão de peso supervisionada e baseada em evidências.
MITO: Envergonhar-se a si próprio ou a outros para perder peso.
A vergonha do peso é contraproducente e causa danos físicos. “O estigma do peso é a mensagem de que o peso corporal de alguém não é aceitável, que eles precisam ser mais magros para serem mais saudáveis”, explica Kary Woodruff. A experiência do estigma do peso – independentemente do peso real de alguém – causa stress crónico e está associada a uma pior regulação do açúcar no sangue, inflamação, problemas metabólicos e comportamentos pouco saudáveis, como evitar exercícios.
MITO: Para ficar mais saudável implica sofrimento.
Mudanças comportamentais saudáveis são aquelas que podem ser sustentadas a longo prazo, o que significa que funcionam melhor quando são feitas com prazer. Em vez de escolher um regime de exercícios com base no que queimará mais calorias, é mais importante movimentar o corpo, mas de forma que lhe seja agradável, como dançar ou andar de bicicleta.
Em vez de tentar remover alimentos “ruins” (e saborosos) da dieta, as especialistas recomendam comer mais alimentos que podem apoiar os objetivos de saúde, como frutas e vegetais, enquanto continua a desfrutar de outros alimentos com moderação. “O que posso fazer no meu dia que me trará alegria?” Julia Franklin recomenda perguntar-se. “Reconheça que a comida e a atividade física são parte disso.”
Essas atitudes inclusivas de peso em relação à nutrição contradizem mensagens negativas sobre o peso e a forma corporal que estão por toda parte na vida moderna. Mas mudar para uma abordagem positiva em relação ao corpo pode melhorar a saúde e a saúde das pessoas ao seu redor. Encontrar um profissional médico inclusivo de peso é crucial, diz Kary Woodruff. E também incentiva os profissionais de saúde que não estão familiarizados com os cuidados inclusivos de peso a ficarem curiosos e começarem a aprender como cuidar melhor do corpo e das necessidades únicas de cada paciente.
Para substituir atitudes de vergonha do peso por uma perspetiva mais positiva, Julia Franklin e Kary Woodruff recomendam passar tempo com colegas com objetivos semelhantes, evitar comparar o corpo com o de outras pessoas e falar com um profissional de saúde mental se os problemas de imagem corporal estiverem a afetar a qualidade de vida.
Embora mudar atitudes seja importante, não é fácil. “A autoaceitação não acontece num estalar de dedos”, diz Julia Franklin. “Seja gentil consigo mesmo e reconheça que esta é uma jornada em que está.”
Kary Woodruff acrescenta: “Quando sabemos que é um trabalho árduo, podemos esperar que seja um processo. Podemos arregaçar as mangas e começar.”