O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, defendeu hoje, haver quatro desafios para o ensino superior: alargar a base para que 6 em cada 10 jovens de 20 anos, até 2030, participe no ensino superior; ter um ensino cada vez mais moderno dentro da sala de aula e mais ligado aos empregadores; aprender para conseguir melhores empregos, o que significa mais conhecimento, e também estar mais ligado a redes europeias.
Para o Ministro os desafios podem ser vencidos “com mais responsabilidade das empresas, da administração pública, certamente usando o esforço que foi feito nos últimos três a quatro anos”. Manuel Heitor lembrou que hoje “temos mais estudantes do que tínhamos em 2015 mas não temos ainda o suficiente”, e por isso, “temos de continuar a crescer”, pois “aprender é um esforço que vale a pena.”
Em 2015 tínhamos 358 mil estudantes no ensino superior e “hoje temos 370 mil temos, mais 9 mil estudantes nas formações iniciais”, mas “temos, sobretudo, de trabalhar com os empregadores para formar mais adultos” e “diversificar, mas também especializar o ensino superior”, um processo que para Manuel Heitor tem vindo a ser feito “a par do desenvolvimento de mais carreiras”, pois “temos só 30% de professores catedráticos e associados nos quadros das universidades e 15% de professores coordenadores nos quadros dos politécnicos.”
“O leque de oportunidades é muito grande e requer pensar a mudança”, e o Ministro acrescentou: “Temos menos conservadores, menos elitistas no ensino superior e um ensino superior mais aberto a todos, com políticas públicas mais abertas ao sistema de ensino e aprendizagem” que acelera “o nosso processo de convergência com a Europa.”
Apoio aos estudantes do ensino superior
“Tínhamos 64 mil bolseiros em 2015 e hoje temos cerca de 80 mil bolseiros, nos últimos anos triplicamos o número de bolseiros no interior do país, mas não é suficiente, temos de continuar a aumentar esse número”, referiu o Ministro. Esse aumento de bolseiros pode ser possível dada a “reprogramação dos fundos comunitários aprovados em dezembro, que permitiu garantir um quadro negocial até 2020”, mas que é necessário “continuar para 2030”.
“A evolução dos últimos anos dá-nos hoje a garantia que podemos crescer muito mais na participação no ensino superior para deixar de ser elitista, e ser massificado” e dar “a garantia a todos, que as famílias conseguem reduzir os custos de ter estudantes no ensino superior.”
Para Manuel Heitor “os custos têm de estar nos beneficiários, naqueles que beneficiam do ensino superior”, pois “hoje o ensino superior é uma garantia de ter mais e melhores empregos”, e acrescentou: “Sabemos bem que todos os que têm o ensino superior têm um salário médio cinco vezes superior aos que não têm ensino superior.”
Modelo de financiamento
“Temos um sistema muito diversificado em toda a Europa, mas a tendência normal é reduzir sempre, no prazo de uma década, os custos das famílias” e levando para “os beneficiários, individualmente, e os empregadores a maiores contribuições”, uma “tendência para uma sociedade mais equitativa, com melhores empregos”, pois “hoje temos a certeza que aprender no ensino superior garante acesso a melhores empregos e por isso temos de alargar essa possibilidade a mais pessoas, e a mais jovens reduzindo os custos das famílias.”
Fim das propinas numa década
Acabar as propinas em 10 anos é “o cenário favorável”, mas esse “é um esforço coletivo, um esforço de todos os portugueses, dos empregadores” e depende também “da alteração do financiamento direto do estrangeiro e do posicionamento de Portugal no Mundo”, indicou Manuel Heitor.
“Os cenários da OCDE mostram que o número de estudantes irá triplicar em todo o Mundo e irá multiplicar por 4 o número de estudantes internacionais e por isso a internacionalização do ensino superior passa pelo ensino ser em diferentes línguas”, explicou o Ministro, que considerou ser um fator critico para que Portugal possa posicionar-se no Mundo com mais competitividade e com mais conhecimento.