Milhares de palestinianos não têm acesso a alimentos e água em Gaza há mais de dois meses

Milhares de palestinianos não têm acesso a alimentos e água em Gaza há mais de dois meses
Milhares de palestinianos não têm acesso a alimentos e água em Gaza há mais de dois meses. Foto: © OMS

Passados 14 meses, as forças israelitas continuam de forma persistente a bombardear por ar, terra e mar a Faixa de Gaza e assim a mais vítimas civis, deslocação da população e destruição da infraestrutura civil, descreve o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários no Território Palestiniano Ocupado.

Desde 6 de outubro de 2024 o exército israelita vem realizando uma ofensiva terrestre no norte da Faixa de Gaza desde, havendo relatos de combates entre forças israelitas e grupos armados palestinianos.

As forças israelitas têm vindo a impor um cerco cada vez mais rígido em Beit Lahiya, Beit Hanoun e partes de Jabalya e onde uma população de 65.000 a 75.000 palestinianos ficaram sem a assistência humanitária há 66 dias, ou seja, sem acesso a alimentos, água, eletricidade ou assistência médica confiável, enquanto aumentam há relatos de vítimas em massa.

No dia 4 de dezembro houve um deslocamento forçado em larga escala de Beit Lahiya incluindo 5.500 palestinianos foram obrigados a descolar-se de três escolas em Beit Lahiya para a cidade de Gaza.

Entre as tardes de 3 e 10 de dezembro, de acordo com o Ministério da Saúde em Gaza, foram mortos 284 palestinianos e 734 ficaram feridos. Assim, entre 7 de outubro de 2023 e 10 de dezembro de 2024, o número de palestinianos mortos é de pelo menos 44.786 e de 106.188 feridos.

Também, dados do exército israelita indicam que entre as tardes de 3 e 10 de dezembro, quatro soldados israelitas terão sido mortos em Gaza, e entre 7 de outubro de 2023 e 10 de dezembro de 2024, terão sido mortos mais de 1.584 israelitas e estrangeiros, a maioria em 7 de outubro de 2023, sendo 384 soldados mortos em Gaza ou ao longo da fronteira em Israel desde o início da operação terrestre.

Em 4 de dezembro, foi estimado que 100 israelitas e estrangeiros permaneçam retidos em Gaza, incluindo reféns que foram declarados mortos e os corpos se mantêm retidos em Gaza.

Em 4 de dezembro, um ataque aéreo israelita atingiu um acampamento improvisado de tendas que abrigava 21 famílias na área de Al Mawasi em Khan Younis. O ataque, juntamente com explosões secundárias, que parecem ter sido causadas por botijas de gás de acordo com o Gabinete de Direitos Humanos da ONU (ACNUDH) destruiu todas as 21 tendas e matou pelo menos 23 palestinianos, incluindo pelo menos quatro crianças e duas mulheres – uma delas, grávida – enquanto feriu gravemente outros.

Uma avaliação rápida conduzida por atores humanitários descobriu que o ataque às tendas causou que cerca de 110 pessoas, precisem urgentemente de abrigo, comida, água e assistência sanitária. O ACNUDH indicou que este foi o sétimo ataque a um acampamento de tendas de pessoas deslocadas nas últimas duas semanas, tendo matado ao todo pelo menos 34 palestinianos, incluindo dez crianças e três mulheres.

Quatro dos ataques ocorreram em Al Mawasi para onde Israel mandou que os palestinianos se deslocassem, matando pelo menos 11 palestininos, incluindo uma mulher que morreu com suas duas filhas, e mais quatro crianças. A Medical Aid for Palestinians relatou que uma das tendas que ardeu abrigava um membro da sua equipa. No entanto, nenhum funcionário da Medical Aid for Palestinians ficou ferido ou morto no incidente.

O diretor da Medical Aid for Palestinians em Gaza disse que o incidente “provou, mais uma vez, que não existe nenhum lugar seguro em Gaza contra ataques militares israelitas. As pessoas foram deixadas num estado constante de medo e sofrimento psicológico, assombradas pelo facto de não haver lugar onde possam abrigar-se”. Também a SOS Children’s Villages International condenou o ataque, que foi adjacente a um acampamento temporário de tendas que acomodava 46 crianças sob os seus cuidados, mas observou que nenhum funcionário ou criança foi fisicamente ferido.