As emissões de metano causadas pela produção de leite caíram de 1960 para 2020 de 57% para 35% por cada litro de leite. Esta redução foi alcançada devido a uma melhoria na capacidade de produção, saúde e alimentação dos animais, além da redução do tamanho dos rebanhos. No caso da Finlândia as emissões de metano pela produção de leite representam 50% da pegada de carbono do leite. Cerca de 85 a 95% da pegada de carbono dos laticínios é gerada na produção primária. Mas os especialistas consideram que possível reduzir ainda mais o volume de metano.
Na produção de leite, o metano é gerado no rúmen da vaca durante a digestão dos alimentos, bem como quando são processados e armazenados os excrementos dos animais. O metano, assim como o dióxido de carbono, é um gás de efeito estufa, com vida mais curta na atmosfera, cerca de dez anos, mas com impacto 28 vezes maior. Na atmosfera, o metano dissolve-se em dióxido de carbono em 10 a 12 anos.
Estudos indicam que na Finlândia as emissões de metano devido à produção de leite caíram 57% em 60 anos. Em parte, essa redução pode ser explicada pelo menor número de vacas, bem como pela melhor capacidade de produção, cuidados e alimentação de maior qualidade.
“Em comparação com a década de 1960, as vacas podem hoje produzir mais leite com a mesma quantidade de ração. O volume de metano por quilo de ração caiu, dado que a micro síntese no rúmen das vacas melhorou e o tipo de fermentação também mudou.
Na Finlândia os volumes totais de produção de leite atingiram o seu pico em 1965, com 3.650 milhões de quilos produzidos, o que resultou em 110 milhões de quilos de metano. Em 2020, os números caíram para 2.300 milhões de quilos de leite e 48 milhões de quilos de metano. Portanto, a produção total de metano caiu 57%”, indicou Pekka Huhtanen do Instituto de Recursos Naturais da Finlândia.
O “carbono circulante”
Uma vaca expele cerca de 450 gramas de metano por dia. Cerca de 20 gramas de metano são produzidos por quilo de leite. Ao contrário do metano na produção de combustíveis fósseis, como com a perfuração de petróleo ou mineração de carvão, o metano na produção de leite é designado por “carbono circulante”, em que sua formação começa com o dióxido de carbono que já está na atmosfera. A fonte dos gases na produção de combustível fóssil é a crosta terrestre, onde o metano foi armazenado durante milhões de anos.
“As gramíneas ligam o dióxido de carbono atmosférico, as vacas comem as gramíneas, usam-nas como energia que transformam em leite, liberando metano, que é transformado em dióxido de carbono, que regressa à atmosfera. Se o número de vacas leiteiras não mudar, a quantidade de metano na atmosfera encontrará um equilíbrio, no qual as vacas produzirão uma quantidade de metano que se dissolverá naturalmente e não criará um efeito de aquecimento adicional”, explicou Pekka Huhtanen.
“O metano atualmente na atmosfera produzido pelo gado leiteiro finlandês é aproximadamente metade do metano que era produzido no ponto mais elevado na década de 1960”, acrescentou o especialista.
Mudanças na alimentação podem reduzir a criação de metano no sistema digestivo de uma vaca. Por exemplo, o uso de óleos vegetais e aveia pode resultar numa redução de 5 a 10%.
“Os aditivos de ração, como o que está a ser testado nos campos da Valio e que contém 3-nitrooxipropanol, podem reduzir as emissões de metano em até 25 a 30% em relação aos níveis atuais. A longo prazo, as reduções podem ser alcançadas aumentando o uso de ração na criação de animais e aumentando a produção ao longo da vida de uma vaca”, explicou Juha Nousiainen, responsável pelo programa climático da Valio.
Juha Nousiainen também referiu que essas ações para além de reduzirem as emissões também melhorariam a economia de produção. Por outro lado o uso do esterco como material para biogás reduziria as emissões de metano em mais cinco por cento.