Todos os anos, no outono e no inverno aumenta a frequência das infeções respiratórias, mas “nos próximos meses vamos viver com a presença de uma pandemia causada por um novo coronavírus (SARS-CoV-2) para o qual não temos ainda uma vacina disponível”, refere Mário Morais de Almeida, imunoalergologista, Secretário-geral da Organização Mundial de Alergia e presidente da Associação Portuguesa de Asmáticos.
O imunoalergologista acrescenta: “E, se já conhecemos bem o impacto das infeções respiratórias nesta época do ano, que há várias décadas tem levado, ano após ano, à rutura da capacidade de resposta dos serviços de saúde, importa agora pensar em prevenir, prevenir, prevenir…”.
A prevenção é, no entender de Mário Morais de Almeida, a palavra de ordem que é muitas vezes esquecida, outras tantas relegada para segundo plano, mas este ano ganha um novo protagonismo para um grande número de portugueses, dado que “as infeções do aparelho respiratório são muito frequentes e atingem quase toda a população em determinado momento da sua vida”.
As pessoas em maior risco
Há populações mais suscetíveis, em que as infeções respiratórias “se podem repetir três ou mais vezes em cada ano, ou mesmo apenas durante os seis meses que correspondem ao outono/inverno”, nestas populações estão “as crianças, especialmente as de idade pré-escolar, a população mais idosa e múltiplas pessoas que sofrem de condições crónicas, que vão das doenças respiratórias (asma ou doença pulmonar obstrutiva crónica, por exemplo), às doenças cardiovasculares, metabólicas/endócrinas, renais, neoplásicas, entre muitas outras”, esclareceu Mário Morais de Almeida.
Assim, “pelo menos metade da população tem um risco aumentado de se infetar repetidamente, seja pela idade, seja pelas doenças crónicas de que sofre”, e desta forma aumenta a morbilidade “que se traduz em internamentos e absentismo e amplifica-se a mortalidade”.
As vacinas
Por dia são internadas “mais de 100 pessoas por pneumonia e, destas, morrem, em Portugal, quase 20 pessoas. Em cada dia, dia após dia e ainda antes desta pandemia… E existem vacinas! Existe prevenção, que pode prevenir a gravidade destes casos e, ao mesmo tempo, reduzir custos”, lembra o imunoalergologista.
Para o médico Mário Morais de Almeida a prevenção passa “pelas bem conhecidas e divulgadas regras de etiqueta respiratória, em que o distanciamento físico, o uso de máscaras, entre outros equipamentos individuais de proteção e a desinfeção cuidada, em particular das mãos, assumem uma eficácia indiscutível”.
Mas também há “que manter as comorbilidades controladas (as doenças de que sofremos), valorizando uma alimentação e hidratação adequadas, é essencial. E apostar na vacinação, específica e não específica, que é agora uma prioridade, que não deve ser esquecida e não pode ser adiada”. O reforço do sistema imunitário pode ser feito “através da vacinação antigripal e antipneumocócica e recorrendo a vacinas orais, opções disponíveis extremamente válidas e eficazes”. E “com as vacinas, injetáveis ou orais, podemos e vamos até ensiná-lo a ser muito mais competente. Vamos ajudar a ajudar-nos”.
Mário Morais de Almeida explica que “as vacinas orais anti-infeciosas (não específicas), através do uso de extratos bacterianos, permitem estimular o sistema imunitário das mucosas e, assim, permitem prevenir eficazmente infeções respiratórias de todo o aparelho respiratório, bacterianas e virais, obtendo-se uma redução de até metade do número de infeções respiratórias nos vários grupos etários, da criança ao idoso”.
Estas vacinas são “igualmente eficazes quando indicadas em doenças respiratórias crónicas, como adjuvante ao tratamento, diminuindo até 35% o número de episódios de sibilância, o número de antibióticos, bem como o número de agudizações de doentes com rinossinusite, asma ou DPOC”.
Medidas de prevenção
O médico especialista conclui: “Para prevenir as infeções respiratórias, as medidas gerais são sempre importantes: proteger-se e proteger os outros da tosse e dos espirros, usar máscaras, nunca esquecer a lavagem cuidada e regular das mãos, para além de evitar exposições nocivas como o tabaco. A par de outras vacinas anti-infeciosas, a vacinação oral é um adjuvante muito importante do tratamento e da prevenção das doenças respiratórias, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de pessoas de todos os grupos etários, em especial nos que têm risco acrescido para infeções respiratórias de repetição ou que sofrem de doenças respiratórias crónicas, como a rinossinusite, a asma, a DPOC, doenças metabólicas como é o caso da diabetes e da obesidade, e das doenças crónicas de outros órgãos vitais como do coração, do rim ou do fígado.”
Para auxiliar a população a OM Pharma lançou um site com diversa informação, mas o conselho é falar com um médico sobre as melhores medidas de prevenção para a pessoa em particular, nomeadamente sobre a vacina oral.