O melanoma maligno da pele é um dos tipos de cancro com mais rápido crescimento nos países ocidentais. Os principais fatores para o desenvolvimento de melanomas são a exposição à luz UV e a hereditariedade. É comum as pessoas a quem é diagnosticado um melanoma terem membros da família com a doença.
As mutações hereditárias do gene supressor de tumor CDKN2A são os fatores de risco mais conhecidos para o melanoma familiar e as mutações neste gene também aumentam o risco de outros tipos de cancro. Filhos, irmãos ou outros parentes de portadores de mutação têm 50% de probabilidades de ter também a mutação. Esta mutação pode ser identificada com um teste de gene.
Um estudo do Instituto Karolinska, publicado em Genetics in Medicine, que incluiu famílias suecas e americanas com mutações CDKN2A herdadas, permitiu estudar se os membros da família que não herdaram a mutação têm um risco maior, do que o normal, de desenvolver melanoma ou outros tipos de cancro.
Os investigadores verificaram que o melanoma era mais comum entre os familiares das famílias portadoras das mutações, mesmo nos membros que não possuíam nutação, em comparação com a população normal. O estudo não mostrou maior taxa de outros tipos de cancro.
O fenómeno pelo qual os não portadores de uma mutação específica copiam o fenótipo, neste caso do melanoma, dos parentes portadores da mutação, é conhecido como fenocópio. Uma condição que pode resultar de outros genes compartilhados que aumentam o risco ou fatores ambientais nas famílias.
Hildur Helgadottir, investigadora do Departamento de Oncologia-Patologia do Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia, e autora principal do estudo, referiu que “o fenocópio pode ser causado por outros genes que modificam o risco ou padrões de exposição que aumentam a probabilidade do fenótipo específico manifestar-se.“
Estudos anteriores já tinham mostrado que as pessoas com a mutação que também possuem certas variantes de pigmentação correm um risco ainda maior de melanoma. Embora a mutação CDKN2A esteja presente em todas as populações, foi quase exclusivamente identificada em famílias com uma herança caucasiana.
“Isso sugere que as pessoas de pele escura com esta mutação provavelmente não desenvolvem melanoma com tanta frequência e, portanto, não são testadas para esta mutação específica, presumivelmente porque não possuem variantes de pigmentação modificadoras que aumentem o risco de melanoma”, referiu a investigadora.
Os investigadores consideram que as variantes de pigmentação também contribuem para um maior risco de melanoma, nos membros da família que não possuem a mutação.
A investigadora Hildur Helgadottir referiu que os “resultados sugerem que os membros de família com a mutação CDKN2A, mas com resultado negativo, devem ser informados de que possuem um risco aumentado de vir a desenvolver melanoma”, e neste caso “devem ser informados para evitarem queimaduras solares, estar atentos a qualquer alteração da pela, e que alguns precisam ser examinados por um dermatologista.”
O estudo foi conduzido por investigadores do Instituto Karolinska, da Universidade de Lund e dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, da sigla em inglês), EUA . Foi financiado por várias fontes, incluindo a Sociedade Sueca do Cancro, os Fundos de investigação do Cancro de Radiumhemmet e os NIH.