Medronheiro em risco em Portugal

Recursos genéticos do medronheiro estão em risco em Portugal, indica estudo coordenado pelo ISA. Os investigadores alertam para a necessidade de práticas e procedimentos que mantenham os recursos genéticos do medronheiro.

Medronheiro
Medronheiro. Foto: Rosa Pinto

O alerta de que os recursos genéticos do medronheiro estão em risco em Portugal é retirado das conclusões de estudo coordenado pela investigadora Maria Margarida Ataíde Ribeiro, do Centro de Estudos Florestais (CEF) do Instituto Superior de Agronomia (ISA) e Professora no Instituto Politécnico de Castelo Branco. Estudo já publicado na revista ‘PLOS ONE’.

Os investigadores identificaram em Portugal três zonas três zonas de medronheiro homogéneas do ponto de vista genético mas distintas: uma zona a norte, outra no centro e no sul, do país. Os investigadores verificaram ainda a existência de um medronhal perto da Serra de São Mamede, que caraterizaram como muito diferente dos outros estudados.

Tendo em conta as características genéticas de cada uma das zonas de medronheiros os investigadores alertam, no estudo, para a necessidade de práticas e procedimentos de salvaguarda da riqueza genética de cada uma das zonas.

1 Para se constituírem novos povoamentos de medronheiro, a semente deve ser recolhida dentro das regiões homogéneas. Não devem ser trazidas, por exemplo, sementes do sul para o centro do país. Foi o que aconteceu com o pinheiro bravo em Portugal. Um estudo feito pela mesma investigadora demonstrou que a florestação feita em larga escala com penisco de origem desconhecida apagou completamente a pegada genética nesta espécie. Não deve por isso ser usada semente de origem desconhecida.

2 O uso de clones deverá ser feito também dentro das regiões homogéneas. Deverão, ainda, ser selecionados indivíduos para serem incluídos na população de melhoramento nos medronhais com diversidade genética mais elevada.

3 As populações que mais se diferenciam e as mais diversas, do ponto de vista genético, deverão ser consideradas para conservação, devido ao impacto do futuro aquecimento global, ao aumento previsto de fogos florestais, à fragmentação do coberto vegetal do território e ao processo de domesticação em curso.

Os autores do estudo recomendam, assim, uma estratégia de conservação da espécie baseada na diversidade genética dos medronhais e uma cuidadosa transferência de sementes dentro das regiões geneticamente homogéneas: norte, centro e sul do país.

O estudo indica, ainda, que o medronheiro tem vindo a ter muita procura pelos produtores florestais, devido à produção de fruto e às suas múltiplas aplicações, para além da produção de aguardente. No entanto, as florestas mediterrâneas são ecossistemas frágeis e vulneráveis ao recente aquecimento global, com consequências a médio e a longo-prazo de aumento da aridez e das áreas ardidas pelos fogos florestais.