Em 2017 Portugal atingiu tinha um rácio de um médico dentista por 1.033 habitantes, o que, indicou a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), é praticamente o dobro da recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de um médico dentista por 2.000 habitantes.
Na Ordem dos Médicos Dentistas, havia em 2017, 11.387 médicos inscritos, o que se traduziu num aumento de 699 em relação a 2016. Os dados são do estudo ‘Números da Ordem’ “que anualmente sistematiza os principais dados da profissão de médico dentista em Portugal e apresenta uma projeção do que é expectável para os próximos anos.”
O estudo aponta que em 2021 o número de médicos dentistas inscritos na OMD atinja os 12 mil, e que tendo em conta as previsões de aumento destes profissionais de saúde e a diminuição do número de habitantes, é esperado que, a partir do próximo ano, em Portugal, “exista um médico dentista para menos de 1.000 habitantes.”
A OMD, no entanto, indicou que a distribuição geográfica no país apresenta algumas diferenças significativas. Com o caso da Área Metropolitana do Porto que com um médico dentista por cada 707, é a região com menor rácio. Seguindo-se as regiões de Coimbra, Viseu Dão-Lafões, Terras de Trás-os-Montes, Cávado e Área Metropolitana de Lisboa.
No Baixo Alentejo e o Alentejo Litoral, apresenta estatisticamente um rácio população/médico dentista muito alto. O Baixo Alentejo é região com o maior rácio do país, dado que possui um médico dentista por cada 2741 habitantes.
A OMD considera que o número total de médicos dentistas continua a apresentar uma tendência de crescimento, mas que também se regista um aumento exponencial no número de inativos há mais de cinco anos. “Um número de anos em que, previsivelmente, um médico dentista inativo não voltará a exercer atividade de medicina dentária.”
Nos últimos 10 anos, o número de membros inativos da OMD mais do que duplicou, passando de 689 em 2007 para 1.420 em 2017. Para Orlando Monteiro da Silva, bastonário da OMD, este aumento é devido à emigração.
“O excesso de médicos dentistas está a criar um flagelo na profissão. Portugal não tem como absorver tantos profissionais pelo que a emigração tem crescido para valores impensáveis” referiu o Bastonário da OMD.
Mas para Orlando Monteiro da Silva os ‘Números da Ordem’ “mostram apenas uma parte do problema, já que muitos médicos dentistas emigram, mas continuam inscritos na OMD, alguns inclusive trabalham em vários países. Há anos que alertamos os sucessivos governos para a necessidade imperativa de diminuir o número de vagas em medicina dentária nas faculdades, mas nem privados nem o Estado querem reduzir as receitas, pelo que na prática e para os alunos, concluído o mestrado, resta um caminho, o da emigração”.
O Reino Unido continua a ser o principal destino de emigração para os médicos dentistas portugueses, seguido da França, indicou a OMD.
O estudo ‘Números da Ordem’ mostra que 75% dos membros ativos da OMD têm menos de 45 anos, sendo 59,7% mulheres e que há 872 estrangeiros inscritos na Ordem. Destes, 468 são brasileiros, mas nos últimos anos aumentou fortemente o número de italianos e espanhóis.
O bastonário da OMD indicou também que se verifica um “número de estudantes estrangeiros a formar-se nas instituições portuguesas, com os estudantes de França, Espanha e Itália a destacarem-se neste capítulo. No total de todos os alunos, 26% tem nacionalidade estrangeira, número bastante superior à percentagem de estrangeiros entre os membros ativos da OMD, que não atinge os 9%. Nesta altura, existe já até uma instituição de ensino privado que tem mais estudantes estrangeiros do que portugueses”.
Orlando Monteiro da Silva explicou ainda que esta situação advém do “reconhecimento internacional do ensino da medicina dentária em Portugal, que tem sido cada vez maior, e muitos são os que escolhem o nosso país para fazer a sua formação de base, prevendo-se que regressem depois ao seu país de origem”.
A OMD indicou ainda que atualmente existem 3404 alunos de mestrado integrado em medicina dentária nas sete instituições de ensino portuguesas, um número similar ao do ano letivo anterior.