Investigadores da Escola de Medicina Icahn de Monte Sinai, EUA, identificaram uma nova forma de tratamento para o distúrbio comportamental do sono de movimento rápido dos olhos (REM). Uma condição de saúde que afeta milhões em todo o mundo em que a maioria são adultos com mais de 50 anos.
As pessoas com REM, muitas vezes, sem saber, representam fisicamente os seus sonhos com sons vocais ou movimentos súbitos e violentos de braços e pernas durante o sono, uma ação física que pode provocar ferimentos significativos na própria pessoa como nas pessoas que estejam perto.
O estudo, já publicado no Journal of Neuroscience, descreve um novo modelo para melhor caracterizar como o distúrbio comportamental do sono REM se desenvolve devido à neurodegeneração – quando as células cerebrais perdem a função ao longo do tempo – que está associada ao acumular de proteína tau. O modelo fornece um biomarcador precoce da deterioração iminente do cérebro, que pode orientar a prevenção e o tratamento futuros.
Os investigadores demonstram, primeira vez, que os medicamentos para dormir conhecidos como antagonistas dos recetores de orexina duplos – normalmente usados para tratar insónia ou dificuldade em adormecer e permanecer a dormir – podem reduzir significativamente o distúrbio comportamental do sono REM.
As opções terapêuticas atuais para o distúrbio são limitadas principalmente à melatonina e ao clonazepam, também conhecido como Klonopin, portanto, as descobertas sugerem um novo promissor tratamento com potencialmente menos efeitos colaterais.
“Estávamos interessados em entender todas as maneiras pelas quais a qualidade do sono é prejudicada à medida que a neurodegeneração progride e se havia alguma maneira de mitigar essas mudanças”, referiu Andrew W. Varga, da Escola de Medicina Icahn de Monte Sinai, EUA.
O investigador acrescentou: “Identificamos um novo modelo no qual o distúrbio comportamental do sono REM pode desenvolver-se, devido à neurodegeneração associada ao acumular de proteína tau, e uma nova terapia que pode minimizar o distúrbio comportamental do sono REM”.
Os investigadores usaram um modelo de rato para estudar distúrbios neurodegenerativos, examinando o cérebro após depósitos anormais de tau, uma proteína que normalmente ajuda a estabilizar o esqueleto interno das células nervosas no cérebro. Analisaram estados comportamentais, incluindo vigília, fases do REM (sono com sonhos), fases não REM (sono sem sonhos), duração do sono, transições da vigília para o sono e como alguns fatores estão relacionados à idade.
No estudo, os investigadores verificaram que quase um terço dos idosos exibiu comportamentos de representação de sonhos reminiscentes do distúrbio comportamental do sono REM, incluindo mastigação e extensão dos membros. Após a administração de um antagonista duplo do recetor de orexina duas vezes durante um período de 24 horas, para avaliar o sono na fase clara e escura.
Os investigadores esperam que as suas descobertas encorajem futuros testes de antagonistas dos recetores duplos de orexina para tratar o distúrbio comportamental do sono REM, em humanos, uma vez que o medicamento já foi aprovado pelas Agências do Medicamento e está disponível para tratar pessoas com insónia.