O uso de medicamentos antiepiléticos está associado a um aumento do risco da doença de Alzheimer e da demência. A conclusão é de um novo estudo da Universidade do Leste da Finlândia e do Centro Alemão de Doenças Neurodegenerativas. O uso contínuo de medicamentos antiepiléticos por um período superior a um ano foi associado a um aumento de 15% no risco da doença de Alzheimer, com base em dados da Finlândia e a um aumento de 30% no risco de demência com base em dados da Alemanha.
Alguns antiepiléticos são conhecidos por prejudicar a função cognitiva, no que se refere a todos os diferentes aspetos do processamento da informação. Quando os investigadores compararam diferentes medicamentos antiepiléticos, descobriram que o risco da doença de Alzheimer e de demência estava especificamente associado a fármacos que prejudicam a função cognitiva. Esses fármacos foram associadas a um aumento de 20% no risco de doença de Alzheimer e um aumento de 60% no risco de demência.
Os investigadores também descobriram que quanto maior for a dose de um medicamento que prejudica a função cognitiva, maior é o risco de demência. No entanto, outros fármacos antiepiléticos, isto é aqueles que não prejudicam o processamento cognitivo, não estavam associados a um aumento de risco.
Heidi Taipale, da Universidade da Finlândia Oriental, referiu que para além do resultado do estudo, a investigação deve prosseguir sobre “os efeitos cognitivos de longo prazo desses fármacos, especialmente entre as pessoas mais velhas.”
Além da epilepsia, os medicamentos antiepiléticos são usadas no tratamento da dor neuropática, transtorno bipolar e transtorno de ansiedade generalizada.
O estudo já publicado no ‘Journal of the American Geriatrics Society’ é referente à maior investigação até agora feita sobre o tema, e o primeiro a investigar a associação em termos de regularidade de uso e dose, e a comparar o risco entre fármacos antiepiléticos com e sem efeitos cognitivos.
A associação entre o uso de medicamentos antiepiléticos e a doença de Alzheimer foi avaliada em pessoas finlandesas. Os investigadores recorreram a pessoas diagnosticadas com a doença de Alzheimer e a pessoas sem a doença, para efeito de controlo.
O estudo faz parte do estudo MEDALZ baseado em registos em todo o país, que inclui todas as 70.718 pessoas diagnosticadas com a doença de Alzheimer na Finlândia durante o período 2005 a 2011 e mais 282.862 pessoas que serviram de controlo.
A associação do uso de fármacos antiepiléticos com a demência foi investigada numa amostra proveniente da Alemanha de seguros de saúde, Allgemeine Ortskrankenkasse (AOK), que envolveu dados de 20.325 pessoas diagnosticadas com demência de 2004 a 2011 e 81.300 pessoas que serviram de controlo.