Médicos do Centro Médico Beth Israel Deaconess, que faz parte da Beth Israel Lahey Health, filiada da Harvard Medical School, estão realizar um ensaio clínico para avaliar um potencial medicamento no tratamento de pacientes com COVID-19.
O estudo está a avaliar a segurança e eficácia do sarilumab para o tratamento de COVID-19, um medicamento biológico já aprovado para adultos com artrite reumatoide moderada a severamente ativa. O estudo é liderado pelo pneumologista Robert Hallowell.
“Embora os sintomas do COVID-19 sejam leves para muitos, cerca de 15% correm o risco de desenvolver uma reação imune aberrantemente robusta, que na sua forma mais grave pode levar à insuficiência respiratória e, potencialmente, à morte”, referiu Robert Hallowell, e acrescentou: “A capacidade de interromper essa reação seria um grande passo na gestão da COVID-19, tanto para indivíduos infetados como para hospitais”.
O inibidor inflamatório, sarilumab, foi desenvolvido por Regeneron e Sanofi para bloquear a interleucina-6 (IL-6), um fator imune, a citocina que está envolvido na resposta inflamatória hiperativa que é uma característica comum de distúrbios autoimunes, como a artrite reumatoide. O corpo libera citocinas inserindo IL-6 como parte de sua resposta imunológica normal a tecidos lesionados ou infetados. Na pessoa comum, as citocinas são responsáveis por sintomas como vermelhidão e inchaço ao redor de uma ferida ou local infetado. Em pacientes com doenças autoimunes, as citocinas podem conduzir a resposta imune que ataca tecidos saudáveis, como cartilagem em pacientes com artrite reumatoide ou células do pâncreas em algumas pessoas com diabetes tipo 1.
Da mesma forma, acredita-se que uma resposta inflamatória hiperativa seja a causa do dano pulmonar e do desconforto respiratório numa percentagem significativa de pacientes com COVID-19 grave. À medida que o sistema imunológico liberta citocinas para matar o vírus, as células infetadas nos pulmões tornam-se danos colaterais. Por sua vez, essa lesão nos tecidos pulmonares desencadeia inflamação adicional, e a chamada “tempestade de citocinas” começa a ficar fora de controlo. O resultado pode ser danos e cicatrizes pulmonares duradouros, falência de órgãos ou morte.
O sarilumab, que foi projetado para interromper o aumento de citocinas, tem o potencial de melhorar os resultados em pacientes com casos graves de COVID-19, bem como reduzir a procura por ventiladores, que é atualmente o único recurso no tratamento para insuficiência respiratória aguda – para pacientes com doenças graves, como os casos de COVID-19.
Há outros projetos em curso que incluem investigações sobre uma potencial vacina para a prevenção do COVID-19, ensaios clínicos para avaliar o medicamento antiviral remdesivir e esforços para obter e produzir suprimentos e equipamentos médicos críticos.
“Se este medicamento puder impedir que os pacientes fiquem gravemente doentes com o COVID-19 ou reduzir o tempo que leva para se recuperar, poderá salvar vidas”, referiu Gyongyi Szabo, outro dos especialistas envolvidos no estudo.