Em Matosinhos, todas as eleições autárquicas pós 25 de Abril teve o Partido Socialista como mais votado. Uma única vez, em 2013, foi protagonista Guilherme Pinto na qualidade de socialista independente.
Em política a memória é algo efémero, mas não deveria ser. Nesta procura de refresco de memória lembro os nomes dos presidentes da Câmara de Matosinhos por ano de eleição: 1976 – Mário Moreira Maia; 1979 – Narciso Miranda;1982 – Narciso Miranda; 1985- Narciso Miranda:1989 – Narciso Miranda; 1993 – Narciso Miranda; 1997 – Narciso Miranda; 2001 – Narciso Miranda; 2005 – Guilherme Pinto; 2009 – Guilherme Pinto; 2013 -Guilherme Pinto e em 2017 – Luísa Salgueiro.
Lembro ainda que para além de Narciso Miranda ter ocupado o cargo de presidente da Câmara de 1979 a 2001 inclusive foi também vereador no mandato de Mário Moreira Maia eleito em 1976. Já em 2009, Narciso Miranda concorreu contra Guilherme Pinto tendo continuado na autarquia como vereador da oposição. Também em 2017 concorreu contra Luísa Salgueiro e manteve-se como vereador da oposição.
Ao longo do tempo as mesmas personagens foram mudando de cadeiras. Em 1997, Luísa Salgueiro foi vereadora com Narciso Miranda na presidência, em 2001 novamente vereadora com Narciso Miranda. Já em 2005 Luísa Salgueiro abandona Narciso Miranda e passou para Guilherme Pinto, que concorreu pelo PS. Como acumulava o cargo de vereadora, sem pelouro, com o cargo de deputada, em 2009 assume apenas o lugar de deputada.
Em 2013, Luísa Salgueiro apoiou António Parada, que concorreu pelo PS contra o independente Guilherme Pinto, mas perdeu nas eleições, tendo-se mantido como deputada.
Mas há mais protagonistas na terra “socialista”, é o caso da presidente da Assembleia municipal Palmira Azevedo que se mantém está no cargo há muitos longos anos, mais exatamente desde 2005.
Não podemos esquecer Fernando Rocha, vereador desde 1997, e Correia Pinto vereador desde 2005. Também estes exerceram diversas funções na câmara.
Trata-se de uma questão de memória e saibam que nada tenho de pessoal contra as pessoas que aqui inúmero, mas, pelo contrário, estou contra o “continuismo” político que se tem vindo a eternizar mas que agora penso estar em fim de ciclo. A mudança é a única forma de se manter viva a democracia.
Matosinhos precisa, de uma vez por todas, de mudar, para ver outros horizontes, para colocar em prática outras ambições, quebrar a rotina e inovar em novos caminhos de progresso. Matosinhos deve deixar o passado em paz e pensar no futuro. Escolher entre o antigo e o novo. Escolher entre os protagonistas de sempre e outros com novas ideias. Escolher entre o que já se conhece e o que se pretende sem demora ver realizado, para acompanhar as carruagens do desenvolvimento e do bem-estar.
Em 2021, os matosinhenses podem decidir entre manter o que consideram estar mal e votar PS ou apostar na mudança do que consideram ser melhor, votando primeira vez numa candidatura independente – Matosinhos Independente – que nasce genuína da sociedade civil, “e não, de quem se zangou com o PS”.
São várias as razões para não permitir que o PS continue a deter total poder em Matosinhos. Estar muito tempo a ocupar os mesmos lugares cria vícios indecifráveis, comportamento erróneo e falta de liderança. São exemplos: Hotel, Escultura, Realidade Social, Ralf Park, Lar do Comércio, Matosinhos Sport, Permuta de Terrenos, Elevado número de infetados da COVID-19, Território XXI, surto de Legionella, atribuição de subsídios sem critérios transparentes, entre muitos outros.
Os matosinhenses merecem uma qualidade de vida que aumente dia-a-dia. Possível com uma aplicação eficiente dos seus impostos. Matosinhos não pode estar transformado numa comissão de festas e comité eleitoral. Enquanto a mobilidade, já má, vai piorando. Em vez de um cartão-de-visita como a Rotunda dos Produtos Estrela, Matosinhos tem de apresentar o seu melhor: o mar, as suas praias e os seus restaurantes.
Matosinhos tem de se afirmar com todo o seu potencial na Área Metropolitana do Porto e não andar a reboque de outros “interesses”. Matosinhos é dos matosinhenses, gostem ou não de política, tenham cartão de militante de partido ou não. É dos matosinhenses, de todos sem exceção.
Uma das questões chave num processo eleitoral é saber porque é que Matosinhos vota sempre PS, independentemente do candidato? Neste caso a resposta conduz-nos a diversos motivos, que vão desde as vantagens de ter um subsídio, conseguir uma habitação, negócios, e chegar às boas graças do poder.
A rede clientelar ao longo destes 44 anos tornou os matosinhenses obedientes e sem poder critico, que vão encolhendo os ombros para poderem aguardar alguma recompensa. Recompensa que só alguns vão tendo e pelo contrário a grande maioria da população nunca irá usufrui do compadrio doentio e de benesses, que por vezes não passam de migalhas do bolo orçamental.
Por tudo isto, mesmo numa luta desigual, e em que tudo pode ser perdido, e com a pandemia de COVID-19 a limitar todos os esforços, não desisto e adoro desafios na minha vida. Não faz parte de mim desistir das lutas que considero serem por causas justas.
Autor: Joaquim Jorge, Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores e Matosinhos Independente.