Marlene Monteiro Freitas distinguida na Bienal de Viena com Leão de Prata. A artista, natural de Cabo Verde, é uma das mais reconhecidas coreógrafas no plano europeu, possuindo um “percurso singular onde a experimentação coreográfica se alia a um olhar meticuloso sobre os limites do corpo, da perceção e da relação entre simbólico e material”.
A coreógrafa e dançarina é formada pela Escola Superior de Dança, de Lisboa, e passou também pela PARTS, na Bélgica, e foi intérprete em projetos assinados por Loic Touzé, Tânia Carvalho, Boris Charmatz ou Tiago Guedes.
Atualmente Marlene Monteiro Freitas é diretora artística da estrutura P.O.R.K., tendo fundado a companhia Compass, em Cabo Verde. De entre diversos trabalhos destaca-se Jaguar, com Andreas Merk, 2015, De Marfim e de Carne – As estátuas também sofrem de 2014, Paraíso – Coleção Privada de 2012-2013, (M)imosa, uma cocriação com Cecilia Bengolea, François Chaignaud e Trajal Harrell, em 2011, Guintche em 2010, A Seriedade do Animal de 2009-2010, Uns e Outros de 2008, A impossibilidade da certeza de 2006, Larvar de 2006, e Primeira Impressão de 2005.
O Ministério da Cultura (MC) português felicita a coreógrafa Marlene Monteiro Freitas pela distinção com o Leão de Prata na Bienal de Veneza, na categoria dança, “naquela que é a primeira distinção para a dança portuguesa de um dos mais relevantes eventos internacionais para a criação contemporânea.”
O MC indica que Marlene Monteiro Freitas têm trabalhado “num território de amplas contradições”, em que o discurso da coreografa “tem permitido desenhar uma paisagem estruturada a partir de um desejo intenso de aproximação ao real.”
Marlene Monteiro Freitas é uma artista “atenta ao detalhe”, sempre à procura de “novos espaços de experimentação”. Ao longo do seu percurso, de Guintche de 2010 a Jaguar em 2015 é possível compreender o modo como “foi desenhando um corpo em ferida, às vezes acossado como um animal – ou devedor de uma animalidade que não é senão um comprometimento com o presente, com a sua efemeridade e com a vontade de a contrariar.”
Mas é distinta ainda “a sua abordagem à música, presença que decorre do modo como os corpos vão paradoxalmente fixando a invisibilidade e imaterialidade do movimento, e ao imaginário visual, onde a hibridez e a não-linearidade sustentam a possibilidade de inovação.”
As criações da artista cabo-verdiana têm circulado em Portugal e internacionalmente, e na sua mais recente criação, Bacantes, prelúdio para uma fuga, que teve a sua estreia no Teatro Nacional Dona Maria II, numa coprodução com o Teatro Municipal do Porto e os mais importantes festivais e teatros internacionais, como o Kunsten Festival des Arts (Bruxelas), o Festival d’Automne (Paris), e Athens & Epidaurus Festival (Atenas), Marlene Monteiro Freitas “enfrentava os princípios trágicos de Eurípides para um tour de force sobre a hierarquia, o destino e a falha humana.”
O Ministro da Cultura felicitou também a coreógrafa norte-americana Meg Stuart, distinguida com o Leão de Ouro na mesma categoria, cujo percurso se cruza com a história da dança contemporânea portuguesa desde 1991, quando assinou Disfigure Study, com os coreógrafos e intérpretes Francisco Camacho e Carlota Lagido.