A exposição “All the light that’s ours to see” da artista norte-americana Judith Barry com estreia internacional no dia 19 de setembro, no espaço Lumiar Cité, em Lisboa.
A obra da artista Judith Barry abrange uma variedade de disciplinas, incluindo instalação, ‘project-based research’, arquitetura/design de exposições, filme/vídeo, performance/dança, escultura, fotografia e meios digitais.
Para a concretização, a artista apropria-se da história da Mondo Kim’s, uma famosa cadeia de clubes de vídeo de Nova Iorque, em particular da procura de um local para o depósito dos seus cerca de cinquenta e cinco mil títulos, após o encerramento definitivo da empresa. O mercado dos clubes de vídeo promoveu uma transformação nas convenções de visualização das audiências que, partindo da tradição de experiência coletiva entre estranhos na escuridão de uma sala de cinema, transformou-se em novos usos domésticos e em novas tipologias espaciais (incluindo videojogos e redes sociais). Esta alteração radical nos modos como vemos e nos relacionamos com as imagens em movimento e, consequentemente, das noções de partilha e de experiência coletiva, deu lugar às novas formas de espacialização inerentes aos meios digitais.
Um palimpsesto de imagens, apresentado em dois ecrãs, interroga-nos sobre as formas de visionamento através de uma variedade de ambientes, desde a época medieval até ao presente. Vários espaços e configurações arquitetónicas são representados: dos teatros de anatomia às bibliotecas e arquivos; dos teatros convencionais aos templos eclesiásticos e à ilusão de ótica do trompe-l’œil; das fábricas projetadas para acomodarem novas formas de organização do trabalho aos museus; dos palácios de cinema aos panoramas; dos gabinetes de curiosidades (kunstkammers) à pintura renascentista e barroca e a sua relação com o desenvolvimento da perspetiva, da escultura, da abstração e da imagem em movimento.
Ao mesmo tempo, estes espaços “antigos” são-nos propostos por via da tecnologia mais “atual”, a cibernética, a robótica, a internet, as realidades virtual e aumentada, e a inteligência artificial. O leque de espaços aqui figurados permite ao espetador percorrer uma série de momentos históricos e, em paralelo, questionar as mudanças sociais, as relações entre os diferentes tipos de media e a permanente evolução dos hábitos de consumo. A obra é, assim, uma meditação elegíaca sobre a mudança de hábitos no visionamento de imagens e o modo como somos modelados pelas evoluções tecnológicas e pelas novas formas dos meios de comunicação.