A Leucemia Linfocítica Crónica é a forma mais comum de leucemia nos adultos, representando cerca de 30% dos casos entre este grupo de doenças. A doença é rara antes dos 60 anos.
A Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) e a Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL) assinalam o Dia Mundial da Leucemia dando destaque à doença e indicando que diagnóstico surge, em 50% dos casos, após análises de rotina.
Entre o diagnóstico e o início dos tratamentos, podem passar meses ou até mesmo anos e, por isso, é fundamental uma vigilância ativa da doença. Para Isabel Barbosa, Presidente da APLL, a vigilância passa por “uma monitorização e avaliação hematológica mais regular”, referiu Manuel Abecasis, Presidente da APCL, por um “diálogo franco e transparente entre o doente e a equipa médica”, sendo esta “a melhor forma de permitir ao doente a participação na gestão da sua doença”.
Em dois terços dos casos de Leucemia Linfocítica Crónica, a vigilância ativa é a primeira abordagem à gestão da doença. Os doentes devem desempenhar um papel ativo na vigilância, mas para isso, como refere Isabel Barbosa, é necessário que “tenham conhecimento sobre a sua doença e a sua possível evolução, que sejam informados de novos tratamentos e alertados para a necessidade de contactar a sua equipa de profissionais de saúde, em caso de alterações de saúde”.
O contacto com a equipa de saúde é particularmente importante para os doentes mais idosos, que por causa do “menor conhecimento da doença, ficam muito ansiosos, principalmente por saberem que têm leucemia, mas não estão a fazer tratamento”. Outros “após as consultas com os profissionais de saúde, ficam mais tranquilos e procuram, nas Associações de doentes, falar com outros doentes”.
Com uma incidência ligeiramente maior nos homens, a Leucemia Linfocítica Crónica (LLC) resulta de uma multiplicação descontrolada dos linfócitos, um tipo de glóbulos brancos. Manuel Abecasis explicou: “A LLC resulta de uma proliferação dos linfócitos adultos, em geral da linhagem B. Há uma população dessas células, a que se dá o nome de clone (dado que derivam todas da mesma célula inicial), que escapa aos mecanismos de controlo da multiplicação celular e, por esse motivo, vai-se acumulando progressivamente no organismo”.
Entre 50% a 70% dos doentes com Leucemia Linfocítica Crónica não apresentam sintomas quando são diagnosticados, mas é possível identificar, em alguns casos, queixas comuns como “cansaço fácil, infeções respiratórias, aparecimento de nódulos, que resultam de gânglios linfáticos aumentados de volume, febre, perda de peso e outras queixas inespecíficas”.
O Presidente da APCL refere que para muitos doentes com este tipo de leucemia é possível uma vida quotidiana sem grandes alterações, já que atualmente “há um melhor conhecimento da doença e do seu comportamento e mais medicamentos disponíveis para o tratamento”, nomeadamente a imunoterapia. Isabel Barbosa destacou que os novos tratamentos têm trazido uma melhor qualidade de vida aos doentes.
A Presidente da APLL refere ainda que, no caso dos doentes ainda no ativo, “vir ao hospital, principalmente em tempo de pandemia, nem sempre é fácil”, pelo que “as teleconsultas foram uma solução” que contribuíram para uma melhor gestão do dia-a-dia do doente.