A KINO 2018, a Mostra de Cinema de Expressão Alemã, começa em Lisboa no dia 18 de janeiro, no Porto a 25 de janeiro e em Coimbra a 14 de fevereiro. Para além dos filmes da mostra principal, A KINO apresenta sete documentários que percorrem a esfera pública e privada, abordando temas atuais e variados, indo desde a evolução da música eletrónica e dos concursos televisivos à conversão ao Islão e aos primeiros movimentos da cena gay, em Berlim Ocidental.
No Porto e em Coimbra, a KINO abre com um filme da secção KINOdoc. O aclamado Beuys, de Andres Veiel, que estreou no âmbito da competição da Berlinale 2017 e que teve sessão esgotada no Doclisboa. O documentário constrói um retrato fascinante de Joseph Beuys, um dos mais influentes artistas alemães do século XX.
Entre os realizadores da secção KINOdoc há nomes já conhecidos do público, como o de Lutz Dammbeck, que através do seu complexo ensaio cinematográfico Overgames investiga a relação entre o aparecimento dos primeiros concursos televisivos e os programas de reeducação que os EUA levaram a cabo na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial.
Romuald Karmakar com Denk ich an Deutschland in der Nacht (Se penso na Alemanha à noite), uma reflexão sobre a importância e os desenvolvimentos da musical eletrónica alemã desde os anos 90.
Ainda na secção KINOdoc, Bruder Jakob (Irmão Jakob), de Elí Roland Sachs, é um filme emotivo, em que o jovem realizador acompanha a conversão ao Islão do seu irmão com 23 anos de idade. Trata-se de um olhar profundamente pessoal sobre as vivências familiares, a procura da fé e da redenção.
Não sendo uma estreia absoluta na realização, Zwischen den Stühlen (Para ser um professor), que acompanha o dia-a-dia de três professores estagiários, é também a primeira longa-metragem de Jakob Schmidt.
Em Mein wunderbares West-Berlin (Minha maravilhosa Berlim Ocidental), Jochen Hick socorre-se de material de arquivo até hoje inédito, e por vezes provocador, para documentar a evolução histórica da cena gay em Berlim Ocidental. Entre restrições e perseguições, e com recurso a testemunhos da época, o realizador traça um retrato vivo da metrópole a caminho de se tornar a capital LGBT da Europa.
Em Lisboa é exibido a Parchim International de Stefan Eberlein, um relato sobre o absurdo do capitalismo, envolvendo a compra de um aeroporto militar desativado por parte de um investidor chinês, que foi galardoado com o prémio do público no festival DOK.fest de Munique, em 2016.
Na Mostra Principal, já está confirmado o filme de encerramento. Die göttliche Ordnung (A ordem divina), de Petra Biondina Volpe, é apresentado pela Embaixada da Suíça, em antestreia e cooperação com a distribuidora Films4You, e conta a história da luta pelo direito de voto feminino na Suíça dos anos 70. Um olhar cuidadoso sobre os movimentos históricos em prol da igualdade de género que se mantém atual e é cada vez mais relevante nos nossos dias.
Mostra Principal
Wilde Maus / Wild Mouse, Josef Hader, Áustria, 2017, 1h43, Legendas: PT, sessões em Lisboa: 18 de janeiro, 21h00, Cinema São Jorge, Sala Manoel de Oliveira.
Os reis devem ser tratados com reverência! Pelo menos é essa a opinião de Georg (Josef Hader), um crítico de música consagrado que escreve há décadas para um jornal vienense. Um dia, Georg é inesperadamente posto na rua pelo seu editor (Jörg Hartmann). O motivo? Cortes orçamentais. Georg esconde o despedimento da sua jovem mulher Johanna (Pia Hierzegger), ujos pensamentos giram à volta da próxima ovulação e do próximo filho, e começa a preparar a sua vingança. É assistido pelo seu antigo colega de escola Erich (Georg Friedrich), ao qual presta ajuda na recuperação de uma velha montanha – russa no famoso parque de diversões deViena, o Prater. As campanhas de vingança noturnas de Georg contra o seu antigo chefe começam com pequenos danos materiais, mas intensificam-se gradualmente para um terror cada vez maior. Rapidamente, a sua vida burguesa começa a desmoronar-se.
Haus ohne Dach / Casa sem telhado, Soleen Yusef, Alemanha, 2016, 1h57, Legendas: PT (BR), Sessões, Lisboa: 21 de janeiro, 21h00, Cinema São Jorge, Sala 3. Porto: 27 de janeiro, 19h00, Cinema Passos Manuel. Coimbra: 14 de fevereiro, 18h30, Teatro Académico Gil Vicente.
A estranheza que a aldeia curda de onde são originários suscita aos irmãos Liya, Jan e Alan, crescidos na Alemanha, é tão grande quanto a estranheza que carateriza a relação entre eles. É a última vontade da sua mãe, que desejava ser enterrada junto do marido, morto durante a guerra contra o regime de Saddam, que os leva a regressar ao Iraque. Para cumprir o último desejo da mãe, e enfrentando a resistência dos familiares, os irmãos empreendem uma viagem através de um país assolado por conflitos, em que os peshmerga combatem os terroristas do Estado Islâmico. No entanto, também os conflitos entre irmãos vão assumindo traços cada vez mais dramáticos.
Alki Alki / Bebedolas, Axel Ranisch, Alemanha 2015, 1h42, Legendas: PT (BR), Sessões: Lisboa 23 de janeiro, 19h00, Cinema São Jorge, Sala 3. Porto: 27 de janeiro, 21h30, Teatro Municipal Rivoli. Coimbra: 15 de fevereiro 15h00, Teatro Académico Gil Vicente.
Desde a juventude de Tobias que Flasche (garrafa), o seu melhor amigo, nunca deixou de estar presente. É na companhia dele que vive bebedeiras e noites de festas que se prolongam pela manhã. Nos momentos de tristeza, é ele que está ao seu lado, aliviando-lhe a pressão das responsabilidades do quotidiano. No entanto, a amizade de elevado teor alcoólico que os une vai cada vez mais suscitando problemas, pois ao invés de andar a dançar em discotecas, Tobias deveria ter os pés assentes na terra -ele tem mulher, filhos e um escritório de arquitetura. À medida que, pouco a pouco, se vai apercebendo que tem de mudar algo na sua vida e, sobretudo, na sua amizade com Flasche, este último demonstra-se particularmente obstinado e afeiçoado.
Casting, Nicolas Wackerbarth, Alemanha, 2017, 1h31, Legendas: PT (BR). Sessões: Lisboa: 19 de janeiro, 21h00, Cinema São Jorge, Sala 3, Porto: 28 de janeiro, 21h30, Teatro Municipal Rivoli, Coimbra: 16 de fevereiro, 21h30, Teatro Académico Gil Vicente.
Para o seu primeiro telefilme, um remake de “As lágrimas amargas de Petra von Kant”, de Fassbinder, uma realizadora chamada Vera anda em busca do elenco ideal. No entanto, pouco antes do primeiro dia de filmagens e após numerosas sessões de casting, ainda não encontrou a pessoa ideal para o papel principal. Enquanto o produtor e a equipa vão desesperando com o comportamento de Vera, Gerwin tem razões para ficar contente com as oportunidades de trabalho extra, uma vez que ganha a vida como parceiro de ensaios, fazendo de interlocutor nas cenas de diálogo das atrizes mais conhecidas. Quando de repente o protagonista masculino desiste do filme, Gerwin apercebe-se de que chegou a sua oportunidade. O realizador Nicolas Wackerbarth aborda o filme de Fassbinder na sua essência multifacetada e consegue simultaneamente criar uma obra bem própria e com profundidade. Casting lança um olhar impiedoso sobre os abismos das relações humanas e, além disso, põe a descoberto verdades amargas a respeito das relações de forças e dependências na indústria do entretenimento televisivo na Alemanha.
Fonte: 67º Festival Internacional de Cinema de Berlim (Catálogo, versão abreviada)
Siebzehn / Dezassete, Monja Art, Áustria, 2017, 1h49. Legendas: PT. Sessões: Lisboa: 23 de janeiro, 21h00, Cinema São Jorge, Sala 3.
Se fores sincera contigo já o deves saber: Tão rapidamente não encontrarás melhor mulher. (Wanda, “Partir é difícil”) Lanzenkirchen, mon amour: A estreia na longa-metragem ao mesmo tempo selvagem e suave de Monja Art sobre os amores lésbicos, e outros, de uma aluna esperta e destemida e o seu círculo de amigos adolescentes perfeitamente normais e loucos, mostra – com um olhar atento, um jovem elenco magnífico e muito sentido de humor – como é crescer na província.
Herbert, Thomas Stuber, Alemanha, 2015, 1h49. Legendas: PT (BR). Sessões: Lisboa: 19 de janeiro, 23h00, Cinema São Jorge, Sala 3. Porto: 26 de janeiro, 19h00, Cinema Passos Manuel.
Herbert foi outrora o “Orgulho de Leipzig”: nos tempos da RDA enquanto pugilista profissional quase conseguiu integrar a equipa olímpica nacional. Passados trinta anos trabalha em cobranças difíceis e treina Eddy, um jovem pugilista em ascensão. Quando, ao tomar um duche, as pernas lhe escorregam e vai começando a sentir espasmos musculares com uma frequência cada vez maior, torna-se claro para ele que se passa algo de errado. Uma doença incurável do sistema nervoso motor vira-lhe a vida do avesso; para além do corpo, também todo o meio que até então o envolvera entra em colapso. Ao invés de desistir, Herbert consagra-se à luta, reparando os erros do passado e reconciliando-se com a sua família.
Ich und Kaminski / Kaminski e eu, Wolfgang Becker, Alemanha, 2015, 2h04. Legendas: PT (BR). Sessões: Porto: 26 de janeiro, 21h30, Teatro Municipal Rivoli.
O jovem jornalista Sebastian Zöllner planeia o seu grande furo: uma biografia bombástica sobre Manuel Kaminski, um lendário pintor cego que vive em total reclusão nos Alpes. Mas para conseguir descobrir os segredos desta personagem enigmática, Sebastian vê-se obrigado a repensar a sua própria vida e as suas decisões durante uma viagem até ao passado romântico do pintor.
