Um novo estudo realizado por uma equipa de neurocientistas da Universidade de Western, Ontário, no Canadá, não confirmou que um jogo de treino cerebral possa levar a um melhor desempenho noutras tarefas cognitivas.
No estudo, publicado na revista ‘Neuropsychologia’, os neurocientistas procuraram conhecer se horas de ‘treino cerebral’ num jogo poderiam dar vantagem num segundo jogo que usa a mesma área do cérebro. A questão foi colocada dado haver a ideia de que as aplicações de “treino cerebral” podem melhorar a memória de trabalho, o que é vital para aprender e reter informações e para evitar a perda de memória.
Mas os cientistas descobriram que a transferência de melhoria da memória de trabalho não aconteceu, ou seja as altas pontuações dos participantes no primeiro jogo que treinaram não melhoraram o desempenho no segundo jogo, ou seja, o desempenho foi equivalente ao grupo de controlo “que não treinou”.
Bobby Stojanoski, investigador do Laboratório Owen no Instituto Cérebro e Mente da Universidade de Western, e principal autor do artigo, referiu que se uma pessoa se tornar muito bom num teste, com treino durante um longo período de tempo, talvez consiga melhorias em testes bastante semelhantes, “mas infelizmente, não encontramos evidências que apoiem essa afirmação” e os cientistas concluíram que “apesar de horas de treino cerebral num jogo, os participantes não melhoraram no segundo jogo mais do que as pessoas que treinaram no segundo jogo, mas não treinaram no primeiro.”
Um estudo inovador de 2010, liderado pelo neurocientista ocidental Adrian Owen, Presidente de Investigação de Excelência Canadiana em Neurociência Cognitiva e Imagem, monitorou o desempenho cognitivo em 11.000 pessoas que “treinaram o cérebro” durante seis semanas, e verificou “que ficar bom em jogos cerebrais não melhora a memória de trabalho nem melhora o QI.”
Adrian Owen é autor sénior do novo estudo apoiado pelo BrainsCAN – um programa de 66 milhões de dólares do First Research Excellence, da Universidade de Western Australia, em neurociência cognitiva. O novo estudo foi projetado para procurar quaisquer transferência entre dois jogos específicos e similares.
Bobby Stojanoski conclui que “há outras maneiras já comprovadas para melhorar a memória e a saúde do cérebro, e indicou: “Durma bem, faça exercícios regularmente, coma bem, e a educação importante. É neste tipo de coisa que nos devemos concentrar.”
O cientista aconselha que para melhorar a capacidade cognitiva, então “em vez de jogar videojogos ou fazer testes de treino cerebral, o melhor é dar uma caminhada, correr ou conversar com um amigo.”