Os vencedores do Prémio de Jornalismo “Fernando de Sousa” foram já dados a conhecer pela Representação da Comissão Europeia em Portugal. Os premiados são enquadrados em quatro categorias.
Na Categoria Estudante, o prémio foi atribuído a Mariana Teófilo da Cruz, da Universidade Nova de Lisboa, com a reportagem “Cinco escolhidos, cinco esquecidos”, sob a coordenação do professor de Pedro Coelho e publicada no REC – Repórteres em construção.
Na Categoria Regional, o prémio vai em ex aequo para Cristiana Alves, com o trabalho “Jovens voluntários além-fronteiras”, no Diário de Leiria, e para a equipa composta por Filipe Ribeiro e Daniela Parente, pelo trabalho “Voluntários trocam grandes centros urbanos pela preservação do ambiente em Vila Pouca de Aguiar”, publicado no Notícias de Aguiar
Na Categoria Nacional, o prémio é ganho por Duarte Baltazar e João Junça pela reportagem “Linha da Frente: o despertar da ilha”, transmitida pela RTP
Trabalhos dos vencedores da quarta edição do Prémio de Jornalismo “Fernando de Sousa”
■ “Cinco escolhidos, cinco esquecidos”, na categoria estudante, de Mariana Teófilo da Cruz, da Universidade Nova de Lisboa e publicado no REC-Repórteres em Construção.
Ainda não tinham 18 anos quando chegaram à Europa. Fugiram da guerra do Afeganistão, da escravatura e do trabalho infantil. Vinham à procura de um recomeço, como todos os refugiados que são obrigados a abandonar os seus países. Portugal abriu a porta a cinco dos 3500 menores não acompanhados que se estima que vivam em Atenas (dados de 2019). Quis recebê-los e dar-lhes a oportunidade de recomeçar. De outra forma nunca conseguiriam viver o sonho europeu. Mas dar a mão não é suficiente. Retrata, em parte, uma das maiores crises que a União Europeia atravessa. Mas também expõe as falhas que existiram no processo, que levam à reflexão de qual o papel das sociedades, governos e instituições.
Sobre o artigo o júri escreveu: Embora seja de sublinhar que todos os trabalhos finalistas na categoria Estudante são muito interessantes e até com uma qualidade técnica superior ao que seria de esperar de autores em formação, a peça vencedora destaca-se pela seriedade da investigação e pela forma como está escrita, muito bem documentada e contacta e identifica corretamente a diversidade de fontes. Dedica-se a uma história de enorme atualidade, muito europeia e com impacto que deveria ter sido contada por jornalistas profissionais e não foi contada de maneira muito construtiva, fazendo uso de diferentes formatos e plataformas. Louvam ainda o visível trabalho do professor-coordenador.
■ “Jovens voluntários além-fronteiras”, na categoria regional, de Cristiana Alves e publicado no Diário de Leiria.
Sinopse: Maria Pereira, Hugo Lopes, João Oliveira e Ana Jorge são exemplos de jovens que, movidos pela vontade de fazer mais e melhor pelos outros, têm embarcado na aventura de prestar voluntariado além-fronteiras. Naturais do distrito de Leiria, os quatro jovens fizeram já voluntariado em países como Islândia e Itália, onde prestaram apoio em tarefas relacionadas com a sustentabilidade ambiental e a área social. O que levou estes jovens a fazer voluntariado além-fronteiras? Quais as suas grandes motivações e o que retiraram de cada experiência vivida? Estas foram algumas das questões às quais a reportagem procurou responder, através dos testemunhos de quem teve a oportunidade de levar apoio a outros países, graças ao Serviço Voluntário Europeu, uma iniciativa para a juventude da Comissão Europeia.
E ainda “Voluntários trocam grandes centros urbanos pela preservação do ambiente em Vila Pouca de Aguiar”, de Filipe Ribeiro e Daniela Parente, publicado no Notícias de Aguiar
Sinopse: Anna Garre, Giacomo Sabattini e Luca Lévay são três voluntários do projeto Life Volunteer Escapes que trocaram os centros urbanos das capitais europeias pela tranquilidade da Serra do Alvão, em Vila Pouca de Aguiar, em nome da defesa do ambiente. O artigo enaltece o multiculturalismo que, neste caso, traz uma nova vida ao dia-a-dia da população de uma pequena aldeia situada na Serra do Alvão, em Vila Pouca de Aguiar, e retrata a experiência cultural e geracional de três jovens voluntários estrangeiros.
Sobre o artigo o júri de seleção indicou que na categoria regional, os jurados destacam as histórias humanas e a incrível proliferação de vozes locais que contam histórias tão europeias como locais. Destacam os vencedores pela forma como o ângulo europeu é explícito em histórias de “rosto humano” e pela qualidade da escrita. Destacam-se pela forma como contam tanto da UE através de histórias reais e de âmbito local, com uma linguagem simples, mas de qualidade, e pela inspiração que transmitem. Contam o impacto das oportunidades europeias através de exemplos concretos, e inspirarem à participação.
Na categoria regional, e sendo clara a proximidade da avaliação entre duas peças, o júri propôs e votou unanimemente a favor de entregar o prémio ex aequo entre as peças 7 e 16. Esta decisão é considerada possível pelo regulamento desta edição, tal como é descrito no Artigo 10º – Atribuição do prémio.
■ “Linha da Frente: o despertar da ilha”, na categoria nacional, de Duarte Baltazar e João Junça, e emitido pela RTP.
Sinopse: Em 1987, os habitantes da ilha da Culatra, no Algarve, associam-se para reivindicar melhores condições de vida junto dos poderes públicos, numa jornada de protesto que culmina, em 2019, com a obtenção de licenças para viver e trabalhar na Ria Formosa. A Culatra é então uma das seis comunidades insulares selecionada pelo Secretariado para a Energia Limpa nas Ilhas da UE, apoiado pela Comissão Europeia, para se transformar em comunidade-piloto de energias renováveis até 2030, levando os pescadores a unir esforços com a Universidade do Algarve e outras entidades, a fim de tirar proveito do sol e do vento, combater o uso de plástico e zelar pela conservação de espécies e habitats ameaçados. Numa área protegida marcada por conflitos e desafios ambientais, a RTP acompanhou o nascimento desta cooperação inédita em Portugal, promovida pela União Europeia.
Sobre a reportagem o júri indicou que na categoria nacional, todas as candidaturas apresentam grande qualidade. A peça vencedora destaca-se pela excelente forma como está escrita e pela ligação, explícita e genuína, a um tema europeu por várias frentes, sem ser institucional ou fatigante. Consegue tornar interessante a dimensão local tornando assim, também, a UE interessante para o público uma vez que este se consegue identificar. É um tema original e dá voz a uma comunidade, e isso é cada vez menos visível no jornalismo. A reportagem está muito bem construída, muito completa, e de forma humana, debruça-se num problema muitíssimo importante e prioridade europeia -a sustentabilidade-, traduzindo-a na vida real. Mostra como a sustentabilidade ambiental pode andar de mãos dadas com – e até ser crucial para – o desenvolvimento económico e social. Toca de forma original numa prioridade europeia – a sustentabilidade – e é um exemplo de como a UE impacta a vida de a um nível local. Dá voz a uma história, à causa daquela comunidade, de uma forma completa, comovente, ritmada e com qualidade.