João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente e da Ação Climática, defendeu na Conferência “Sustainable Finance”, organizada pelo ISEG – Lisbon School of Economics & Management, que o crescimento económico e a sustentabilidade não têm de ser contraditórios, ou seja, têm de estar de mãos dadas.
Matos Fernandes referiu: “Espera-se de um Ministro do Ambiente que seja agnóstico em relação à economia. Eu não sou. A economia tem de crescer, para criar bem-estar aos que cá estarão em 2050. Não pode é crescer para fora dos limites naturais. A economia tem de ser circular, neutra em carbono”, e “para isto, o setor financeiro, a banca, e as universidades desempenham um papel preponderante para a consciência das próximas gerações”.
Na conferência participaram vários especialistas, como Sasja Beslik, Diretor de Desenvolvimento Financeiro Sustentável do Banco J. Safra Sarasin Ltd, que referiu: “Em 2003, quando comecei a trabalhar na área do financiamento sustentável, esta área não era vista como financeiramente inteligente, porque não aumentava lucro. No entanto, nos últimos anos, com as condições do mundo a alterarem-se e as nossas necessidades também, começou a perceber-se a importância e oportunidades do financiamento sustentável”.
O responsável bancário acrescenta: “Na perspetiva do Acordo de Paris, analisámos 3.000 empresas europeias e apenas 117 apresentavam modelos de negócio sustentáveis. A transição para um futuro sustentável tem de ser acelerada”.
Miguel Martins, consultor do IFC- Banco Mundial indicou: “Para a implementação de um sistema financeiro sustentável são necessárias duas coisas: novos modelos de negócio e uma mudança de mentalidades. Os modelos de negócio do futuro precisam ser a mais longo termo e responsáveis, mais abertos e mais transparentes, e têm obrigatoriamente de incorporar ambiental, social e corporate governance”.
Para Rick Nogueira, do DC Green Finance Authority, “a próxima geração quer investimento sustentáveis! E se neste momento são os “baby boomers” que estão a gerir o capital, ele transitará para os “millennials”, que avançarão com investimento sustentáveis. E os investidores já sentem essa pressão”.
A iniciativa do ISEG mostrou a preocupação com tema central para a Comissão Europeia e com o futuro dos modelos financeiros vigentes. O ISEG apresentou na conferência o seu mais recente Curso Executivo “Sustainable Finance: Green and Climate Finance”, que conta com o apoio Institucional do Ministério do Ambiente e Ação Climática. Uma formação que aborda questões variadas como as novas métricas de performance, a economia circular, a gestão sustentável de ativos, as obrigações verdes, o financiamento sustentável, entre muitos outros.