Uma equipa de investigação do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), liderada por Colin Adrain, descobriu o mecanismo que controla a libertação de moléculas que despoletam a resposta inflamatória no caso de infeção.
No estudo já publicado na revista científica Cell Reports, os investigadores concluem que quando o mecanismo que controla a libertação de moléculas é desregulado, então pode contribuir para importantes doenças crónicas, como é o caso da doença inflamatória intestinal, artrite e cancro.
É conhecido que a maior parte das proteínas envolvidas na comunicação entre as células “encontra-se na superfície da célula, presas à membrana”, como é o caso “da molécula inflamatória, TNF”.
Quando a molécula TNF é libertada da membrana, esta liga-se a um recetor na superfície das células, “ativando uma cascata de eventos que alteram o comportamento da célula”, preparando a célula e “o tecido que a rodeia para combater a infeção”. Mas numa série de doenças inflamatórias verifica-se que a molécula TNF encontra-se desregulada, e neste caso é “alvo de várias estratégias terapêuticas.”
Colin Adrain explicou, citado em comunicado do IGC, que “as terapias para doenças anti-inflamatórias focam-se no bloqueio da ação da TNF. Embora as terapias anti-TNF estejam atualmente a ser usadas para tratar pacientes, nem sempre funcionam eficientemente.”
Uma situação que levou o investigador a referir: “Se conseguirmos compreender a maquinaria que controla a libertação da TNF talvez consigamos identificar novos alvos que nos permitam intervir de uma forma mais específica, ou mais potente, em doenças inflamatórias.”
Os investigadores liderados por Colin Adrain identificaram “os mecanismos moleculares envolvidos na libertação da TNF”. Os investigadores já sabiam que “as moléculas são cortadas da superfície da célula por uma enzima denominada por TACE que atua como uma ‘tesoura molecular’ para libertar a TNF e outras moléculas importantes da célula”. Mas agora, os investigadores verificaram que “a chave para controlar estas ‘tesouras’ encontra-se na regulação de uma proteína chamada iRhom2”, pelo que a iRhom2 é colocada “no centro da maquinaria que regula a libertação da TNF das células”, referiu o investigador Miguel Cavadas, primeiro autor do estudo.
O estudo esclarece que “uma importante característica deste novo mecanismo agora identificado é que a proteína, iRhom2, é importante para controlar a libertação de fatores de crescimento que desencadeiam o crescimento das células associado a muitos cancros epiteliais.”
A investigação que conduziu aos resultados publicados foi conduzida e apoiada pelo IGC, e teve financiamento do Worldwide Cancer Research, uma instituição de beneficência internacional que apoia investigação em cancro. A equipa do IGC teve também a colaboração de investigadores do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB-NOVA), da University of Edinburgh, do Reino Unido, e da Universität Wien, da Áustria.