O conhecimento atual sobre o papel dos aerossóis na transmissão do coronavírus SARS-CoV-2 merece atenção urgente. As orientações atuais e as informações de saúde pública mudaram lentamente o foco para os aerossóis como uma via de transmissão – predominantemente associada à respiração e à fala de indivíduos assintomáticos. O fornecimento de diretrizes para proteção suficiente à inalação será importante para conter a propagação do COVID-19.
O estudo, “Consideração da transmissão de aerossóis para COVID-19 e saúde pública”, publicado na Risk Analysis Journal da Society for Risk Analysis, EUA, fornece várias linhas de evidência para a transmissão de aerossóis, além de recomendações para novas investigações e comunicação em saúde pública.
Até a presente data, os principais métodos de transmissão que têm merecido preocupação foram a transmissão em campo próximo, como tosse e espirro, e o transporte direto através do toque em superfícies infetadas. Mas o estudo aponta que se deve prestar mais atenção à inalação de aerossóis, que são pequenas partículas que podem permanecer no ar e capazes de transportar o coronavírus desde pequenas até longas distâncias.
O Comité da Academia Nacional de Ciências sobre Doenças Infeciosas Emergentes e Ameaças à Saúde do Século XXI concluiu, em documento de 1 de abril de 2020, que mesmo com investigações limitadas sobre SARS-CoV-2, “os resultados dos estudos disponíveis são consistentes com a aerossolização de vírus da respiração normal”.
Relatórios referem que indivíduos infetados e assintomáticos infetaram outras pessoas com a COVID-19 o que revelam que atividades como respiração normal, conversação, etc. produzem pequenas gotículas que podem ser transportadas, pois os indivíduos assintomáticos (saudáveis) provavelmente não tossem nem espirram regularmente.
Como as partículas de aerossol produzidas pela fala e pela respiração são muito pequenas, elas permanecem no ar por períodos relativamente longos antes que a gravidade as puxe para o solo. Isso permite que os vírus sejam transportados a grandes distâncias, referem os investigadores.
Um estudo de 2006 da SARS-CoV-1 descobriu que partículas com um diâmetro de 1 a 3 µm permaneciam suspensas no ar quase indefinidamente, partículas com 10 µm de tamanho demoravam 17 minutos e com 20 µm levavam 4 minutos para cair no chão. Um recente estudo de laboratório descobriu que o vírus pode permanecer viável e infecioso em aerossóis durante horas (No estudo os investigadores verificaram que o vírus permaneceu infecioso durante pelo menos três horas) e em superfícies durante dias.
Os investigadores e autores do estudo, Elizabeth L. Anderson, Paul Turnham, John R. Griffin e Chester C. Clarke, Exponent, Inc., propõem que as seguintes recomendações para abordar o transporte de COV-19 por aerossol:
■ Recolher dados para explorar a concentração, a duração da sobrevivência e as distâncias de transporte do SARS-CoV-2 na forma de aerossol, sob diferentes temperaturas e níveis de humidade.
■ Explorar as concentrações no ar e o papel dessa concentração em várias partes do trato respiratório na progressão e gravidade da doença.
■ Investigar o potencial de contaminação por aerossol de edifícios, salas e superfícies para fornecer uma base para protocolos de descontaminação.
■ Explorar e registar dados para determinar o papel das atividades humanas em aerossóis potencialmente geradores, capazes de transmitir SARS-CoV-2 em espaços fechados e abertos.
■ Explorar medidas apropriadas para reduzir a exposição por inalação a pequenos aerossóis (<5 µm) dentro de edifícios, salas e superfícies onde os aerossóis possam viajar e se instalar.