Beber cetonas melhora a saúde do coração, concluiu estudo desenvolvido na Universidade de Portsmouth. Neste caso o estudo envolveu pela primeira vez pessoas diabetes tipo 2 que receberam uma bebida com ésteres cetónicos, ou seja, um suplemento que vai colocar o organismo em cetose, para monitorar o efeito no coração.
A cetose é o estado metabólico em que o corpo é forçado a queimar gorduras em vez de carboidratos. Neste caso o estudo foi realizado depois do tratamento com um medicamento para criar uma redução dos níveis de açúcar em pessoas com diabetes tipo 2, e que salvou pessoas com risco fatal por doenças cardiovasculares.
A autora do estudo, Maria Perissiou, da Escola de Psicologia, Desporto e Ciências da Saúde da Universidade de Portsmouth, referiu: “Ainda é cedo, mas os resultados são promissores. Vimos uma melhora na eficiência cardíaca depois dos participantes tomaram a bebida com cetonas, em comparação com uma bebida placebo.”
O teste envolveu 13 participantes que receberam uma bebida com cetonas e, em seguida, uma bebida placebo mais de uma semana depois. A função cardiovascular deles foi medida 30 minutos depois usando monitoramento não invasivo, semelhante a um ECG; ultrassom para avaliar a função microvascular, que analisa a saúde dos vasos; e espectroscopia infravermelha, que avalia o fluxo sanguíneo em pequenos vasos.
A investigadora referiu: “Em todos os 13 participantes, os corações estavam a trabalhar de forma mais eficiente após a bebida cetónica em repouso e durante exercícios de intensidade moderada, em comparação com a bebida placebo”.
No entanto, Maria Perissiou esclareceu que o resultado foi muito positivo, “mas são necessárias mais estudos porque só avaliamos os participantes no dia, o que significa que não temos ideia de qual seria o impacto crónico de beber cetonas.”
Maria Perissiou acrescentou que o efeito das cetonas na saúde cardíaca é uma descoberta fortuita: “Foi apenas por acaso que conseguimos estabelecer essa conexão depois de ver uma melhora na saúde cardiovascular de pacientes em tratamento para diabetes com um medicamento chamado inibidores do cotransportador de sódio-glicose-2 (SGLT2i).”
Os nossos corpos têm dois tanques de diferentes combustíveis, a glicose e os ácidos gordos livres. Pessoas saudáveis usam glicose porque é mais eficiente, mas pessoas com diabetes tendem a usar ácidos gordos livres porque os corpos são incapazes de quebrar glicose em energia devido à resistência à insulina.
A investigadora referiu ainda que “para pacientes com diabetes, a glicose pode permanecer na corrente sanguínea e agir como “ferrugem” – destruindo os vasos gradualmente. E para aqueles com diabetes tipo 2, os corações estão a usar ácidos gordos e gradualmente a trabalhar cada vez mais, o que significa que correm o risco de morrer de diferentes doenças cardiovasculares.
“O medicamento SGLT2i foi usado para reduzir a glicose em pacientes com diabetes e estudos longitudinais mostraram que estava inadvertidamente a proteger o coração. A hipótese era que o medicamento induzia cetose e o coração estava a usar cetonas, o que melhorava a saúde cardíaca, mas a evidência para isso era limitada, então o estudo propôs-se provar a conexão.”