A concorrência mundial está a intensificar-se e a União Europeia precisa de aprofundar a sua capacidade de inovação e de assunção de riscos para competir num mercado cada vez mais definido pelas novas tecnologias. É por esta razão que a Comissão Europeia está a criar um Conselho Europeu de Inovação (EIC, sigla em inglês) para transformar as descobertas científicas da União Europa em produtos inovadores com escala industrial, através de empresas com capacidade para proceder a essa rápida transposição.
Atualmente o Conselho Europeu de Inovação está em fase piloto e deverá estar a funcionar plenamente a partir de 2021, no âmbito do próximo Programa de Investigação e Inovação Horizonte Europa, indicou a Comissão Europeia.
Carlos Moedas, Comissário responsável pela Investigação, Ciência e Inovação, referiu: “Criámos todo um sistema de inovação para colocar a Europa na vanguarda das tecnologias e inovações estratégicas que vão moldar o nosso futuro, como a inteligência artificial, as biotecnologias e a energia com emissões nulas”.
O Comissário acrescentou: “Devemos concentrar a nossa atenção nas necessidades dos inovadores, que são quem irá gerar emprego, reforçar a nossa competitividade global e melhorar a nossa vida quotidiana.”
Em 2017, a Comissão lançou a fase piloto do Conselho Europeu de Inovação que levou à realização de concursos e entrevistas, para identificar e financiar as empresas em fase de arranque, e as PME mais inovadoras na Europa. Isto conduziu a que 1.276 projetos “altamente inovadores já tenham beneficiado de um financiamento global superior a 730 milhões de euros.”
A Comissão Europeia anuncia hoje dois passos importantes para reforçar as atividades do Conselho Europeu de Inovação durante os dois anos da fase-piloto:
•Mais de 2 mil milhões de euros de financiamento para 2019 e 2020 que abrangem toda a cadeia de inovação: projetos “Pathfinder” (Pioneiro) destinados a apoiar tecnologias avançadas a partir da base de investigação (candidaturas abrem dia 19 de março de 2019); e o financiamento do “Accelerator” (Acelerador) para ajudar as empresas em fase de arranque e as PME a desenvolverem e a transporem as inovações para uma maior escala até uma fase em que estas possam atrair o investimento privado (candidaturas vão ser abertas em junho de 2019). No âmbito do “Accelerator”, as empresas de financiamento podem aceder a financiamento misto (subvenções e capitais próprios) num montante máximo de 15 milhões de euros.
•Nomeação de 15 a 20 líderes em inovação para um Conselho Consultivo do Conselho Europeu de Inovação. O Conselho Consultivo vai: supervisionar a fase-piloto do EIC, preparar o futuro do mesmo, bem como ser o seu defensor a nível mundial. Os inovadores de todo o ecossistema são convidados a manifestar a vontade de participar até 10 de maio.
•Recrutamento de um primeiro grupo de “gestores de programa” com conhecimentos especializados em novas tecnologias para prestar apoio prático e a tempo inteiro aos projetos. O convite à apresentação de candidaturas vai ser realizado brevemente pela Comissão Europeia.
•Foram divulgadas as mais 68 empresas selecionadas em fase de arranque e PME para um financiamento global de 120 milhões de euros ao abrigo da atual fase piloto do EIC. As empresas estão a desenvolver, por exemplo, tecnologia de pagamentos em linha baseada na cadeia de blocos, novos ecrãs eficientes do ponto de vista energético e uma solução para combater o ruído do tráfego.
Dada a crescente importância económica da inovação revolucionária e disruptiva e com base no sucesso da fase piloto do EIC, a Comissão propôs afetar 10 mil milhões de euros ao EIC no âmbito do Horizonte Europa, o programa de financiamento da investigação e inovação da UE para o período que vai de 2021 a 2027.
O Comissão Europeia lembrou que a União Europeia possui apenas 7 % da população mundial, no entanto é responsável por 20 % do investimento mundial em I&D, produz um terço das publicações científicas de elevada qualidade e detém uma posição de liderança mundial em setores industriais como os produtos farmacêuticos, os produtos químicos, a engenharia mecânica e a moda.
Mas a Europa precisa de fazer melhor no sentido de tornar a excelência um sucesso e gerar campeões mundiais em novos mercados baseados na inovação. É o caso, em particular, das inovações baseadas em tecnologias radicalmente novas (revolucionárias) ou dos mercados (disruptivos).