A Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) considera a necessidade de ser reforçada a consciencializar para a doença hepática alcoólica, uma consequência que advém do elevado consumo de álcool.
Sob o mote “Em janeiro, liga-te à vida!”, a ação nacional de consciencialização pela APEF surge no âmbito do desafio “Janeiro Sem Álcool”, a decorrer no mês de janeiro de 2025, nas redes sociais da associação. O objetivo é alertar os jovens para os danos relacionados com o álcool.
No Ano Novo é comum traçarem-se novas metas e objetivos. “Com este desafio, queremos motivar os jovens e adultos portugueses a adotarem um estilo de vida mais saudável durante todo o ano. É particularmente preocupante o consumo de álcool entre os jovens, sobretudo no contexto da vida social e noturna”, referiu Arsénio Santos, presidente da APEF. Dados do relatório do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), “podemos verificar que, no ano de 2023, em cada 10 jovens de 18 anos, 8 beberam álcool”, acrescentou o presidente da APEF.
O relatório “Comportamentos Aditivos aos 18 anos, com base num inquérito aos jovens participantes no Dia da Defesa Nacional – 2023: Consumos de Substâncias Psicoativas”, realizado pelo ICAD, há um elevado consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens com 18 anos, em Portugal, sendo a sua prevalência mais expressiva no sexo feminino, com 80%, do que no sexo masculino, com 77%.
“O elevado consumo de álcool traz graves consequências para a saúde, principalmente para o fígado, e entre as principais consequências estão a esteatose hepática, mais conhecida como fígado gordo, a hepatite alcoólica e a cirrose hepática. Além disso, há também consequências indiretas, como as provocadas por acidentes de viação, entre outras”, referiu Arsénio Santos.
“Estas situações, se não forem tratadas ou prevenidas, podem causar danos graves à saúde e até levar à morte. É, assim, importante reforçar que viver sem consumir álcool é perfeitamente possível, sem que isso impeça as pessoas de se divertirem, relaxarem ou socializarem”, explicou Arsénio Santos.
E acrescentou: “Os adultos depara vem ponderar sobre os seus comportamentos sociais e os impactos que estes têm na sua saúde, além de alertarem os jovens sobre os perigos e problemas associados ao consumo de álcool. Entre esses riscos, destacam-se situações de mal-estar emocional e comportamentos impulsivos ou arriscados, como a prática de relações sexuais desprotegidas”.
A iniciativa “Janeiro Sem Álcool” ocorre em simultâneo em vários países, desde 2013. Em Portugal é a quarta vez que o desafio é promovido.
A APEF indicou que dados do relatório do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), de 2022, e as últimas estimativas disponíveis do WHO Global Information System on Alcohol and Health (GISAH) para Portugal, em 2019, indicam que o consumo de álcool era mais elevado por parte dos homens, com 19,5 litros de álcool puro per capita por ano, do que das mulheres, que consumiam 5,6 litros.
O relatório do SICAD demonstra também que em 2022 foram registados 40.465 internamentos hospitalares, com diagnóstico principal ou secundário, atribuíveis ao consumo de álcool, envolvendo 30.301 indivíduos em Portugal. Os dados referem ainda que, em 2021, morreram 2.526 pessoas por doenças atribuíveis ao álcool, 26% das quais por doença alcoólica do fígado.