A variante Omicron do coronavírus que causa a COVID-19 deixa as pessoas infetadas muito mais vulneráveis à reinfeção durante uma segunda onda de infeção. A conclusão é de um estudo de investigação da Universidade McMaster, Canadá.
A descoberta é surpreendente depois de serem acompanhados 750 idosos vacinados em lares de idosos e ambientes de cuidados de longo prazo em Ontário, Canadá. Os investigadores ainda não entendem como algumas variantes do Omicron podem escapar ao sistema imunológico.
Houve quatro grandes ondas de infeções por Omicron em Ontário, Canadá, e os investigadores descobriram que a infeção durante a primeira onda, causada pelas variantes Omicron BA.1 e BA.2, fez com que os idosos fossem mais suscetíveis a infeções na terceira onda, causada pela variante Omicron BA.5. Surpreendentemente, as pessoas que tiveram uma infeção com uma variante Omicron inicial eram muito mais suscetíveis de serem reinfectadas do que as pessoas que nunca tinham tido uma infeção.
“Esta investigação destaca a necessidade de vigilância contínua e sublinha a importância de medidas preventivas contínuas contra a COVID-19, disse Dawn Bowdish, imunologista, autor correspondente de um estudo publicado na eClinicalMedicine, uma revista de acesso aberto publicada pela The Lancet.
Andrew Costa, epidemiologista e coautor sénior do estudo considera que as descobertas devem servir como um alerta de que não sabemos como as infeções anteriores afetarão a suscetibilidade às variantes que agora estão em circulação.
“Estas descobertas sugerem fortemente que é necessária uma investigação mais ampla para compreender se a população em geral partilha a mesma suscetibilidade que os idosos que o nosso grupo estudou”, disse Andrew Costa, e acrescentou: “Até sabermos mais, achamos que é inteligente que todos se protejam.”
Embora os investigadores não tenham conseguido identificar qual a variante Omicron com a qual foi infetado, todas as infeções iniciais ocorreram durante a onda BA.1/BA.2, e todas as reinfeções ocorreram durante o verão de 2022, quando a variante BA.5 foi responsável por a grande maioria das infeções.
“Descobrimos que alguns indivíduos tiveram respostas imunológicas normais após a primeira infeção, enquanto outros tinham níveis muito baixos de anticorpos protetores, o que acreditamos ter sido um fator que contribuiu para a reinfeção”, disse Dawn Bowdish.
Os investigadores consideram que as pessoas não devem assumir terem adquirido imunidade contra a COVID-19 por já ter sido antes a doença, devendo permanecer vigilantes para se protegerem evitar uma maior propagação do vírus. Assim, também, consideram ser urgente reforçar a vacinação contra a COVID-19 no próximo outono para uma melhor proteção contra potenciais reinfeções.
“Os nossos calendários de vacinação atuais baseiam-se no pressuposto de que ter tido uma infeção proporciona algum nível de proteção contra infeções futuras, mas o nosso estudo mostra que isso pode não ser verdade para todas as variantes em todas as pessoas”, afirmou a Dawn Bowdish.
A investigadora nota que, apesar da importância das descobertas, o estudo centrou-se numa população adulta mais velha, muitos dos quais eram frágeis e tinham condições crónicas de saúde, e os resultados podem não se aplicar diretamente a indivíduos mais jovens.