Um grupo internacional de especialistas em ecossistemas marinhos identificou os principais dados biológicos que devem ser medidos para estabelecer e monitorar o estado do oceano. A padronização dessas variáveis permite que seja feita uma observação global através da recolha de dados idêntica em todo o lado.
Alguns indicadores podem em breve monitorar mais eficazmente o estado de saúde dos oceanos.Um estudo internacional, reunindo o conhecimento de especialistas dos principais ecossistemas e organismos marinhos, definiu as variáveis biológicas essenciais para medição.
Francis Marsac, ecologista marinho, explicou: “O objetivo é trazer dados padronizados de observação, e universalmente utilizáveis que sejam comparáveis ao longo do tempo e no espaço e exploráveis à escala global”.
Os dados recolhidos são disponibilizados para toda a comunidade científica.A iniciativa, apoiada pela UNESCO, tem a ambição de criar no campo dos ecossistemas marinhos uma dinâmica equivalente à do IPCC sobre o clima. De forma a poder responder à necessidade de avaliar o impacto das alterações climáticas e da pressão humana sobre a biodiversidade marinha. O desafio é fornecer os dados necessários e relevantes para os principais instrumentos de monitoramento da biodiversidade global.
Ambientes mal conhecidos
Ao contrário da oceanografia física ou da biodiversidade terrestre, que são bem estudadas e possuem indicadores standards já estabelecidos há décadas, os ambientes marinhos permanecem pouco conhecidos. Escondidos por baixo da superfície, de difícil acesso, mal observáveis pelos satélites e impulsionados por interações muito complexas, são desigualmente seguidos de uma região oceânica para outra.
Como resultado, a síntese dos dados é difícil e os resultados não podem ser generalizados, e “estimativas de populações de peixes, por exemplo, são baseadas principalmente em dados de captura comercial”, indicou Yunne Shin. Dependendo da atividade do setor e enviesado pelo direcionamento das capturas, estes dados não permitem estabelecer com precisão o estado dos stocks, dos ecossistemas ou o impacto das pescas. Os dados da amostragem científica existem em grandes quantidades, mas são díspares e até agora não são acessíveis a todos.
Informação sólida e coordenada
Para chegar a observações sólidas, sustentadas e coordenadas, os especialistas não procederam a novas investigações e Francis Marsac explicou: “Preferimos identificar as variáveis mais úteis, entre todas as já medidas pelos sistemas de observação e mencionadas nas principais convenções internacionais sobre a proteção do mar.”
“Os investigadores conseguiram distinguir oito variáveis essenciais. Quatro delas ilustram os componentes dos ambientes marinhos, como o plâncton e o peixe, e os outros quatro são evidências da expansão do habitat e do estado de saúde dos ecossistemas, como recifes de corais e manguezais. “E correspondem à informação básica a ser observada”, referiu Yunne Shin. Para os peixes, a recomendação é pelo menos monitorar a abundância e a distribuição espacial. Mas também definimos variáveis complementares, como a taxonomia ou tamanho do peixe, que podem ser observadas de acordo com os meios e as necessidades”.
Além das variáveis medidas, os especialistas concentraram-se em harmonizar o processo de recolha de dados científicos no ambiente marinho. A dinâmica gerada por este trabalho poderia augurar uma nova era de observação marinha envolvendo investigadores, formuladores de políticas e a sociedade civil.