O ano de 2024 é talvez o ano com maior número de atos eleitorais no mundo, com mais de 60 países a realizar eleições nacionais que terão impacto em quase metade da população mundial, segundo o Statista. Portugal foi um dos países, com eleições legislativas no dia 10 de março passado.
Mas 2024 é também o ano em que o mundo se tornou mais confortável com a Inteligência Artificial generativa (GenAI), e em que as organizações começaram a obter valor comercial da tecnologia. Mas as empresas não são as únicas a utilizar a IA para obter impacto. Na verdade, no primeiro semestre do ano, a IA foi usada em um terço das eleições em todo o mundo – incluindo conteúdo de campanha e deepfakes de candidatos – tanto por políticos como por atores de estados-nação estrangeiros.
A IA também está a ser utilizada no período que antecede as eleições nos EUA e os americanos manisfestam estar preocupados. Uma sondagem recente do Pew Research Center revelou que a maioria dos adultos norte-americanos está preocupada com o facto de a IA ser utilizada para criar desinformação sobre os candidatos políticos.
Em janeiro, uma chamada automática de IA deepfake, fazendo-se passar pelo Presidente Biden, circulou em New Hampshire pouco antes das primárias, incitando os eleitores a não votar. No mês seguinte, a FCC proibiu as chamadas automáticas com IA. Recentemente, o Gabinete do Diretor dos Serviços Secretos Nacionais alertou para o facto de os agentes de ameaças estrangeiros estarem a utilizar a IA para tentar manipular as eleições nos EUA, gerando conteúdos de IA em texto, imagens, áudio e vídeo. E os funcionários dos serviços secretos dos EUA estão a avisar que a desinformação não vai parar no dia das eleições – pode continuar até ao dia da tomada de posse para suscitar dúvidas sobre os resultados eleitorais.
A equipa de investigação da empresa especializada em soluções de cibersegurança, Check Point Software Technologies Ltd. Que disponibiliza soluções baseadas em IA e fornecidas na cloud, descobriu uma tendência de os agentes de ameaças concentrarem os seus esforços nos poucos dias que antecedem as eleições, a fim de impedir que as agências noticiosas e as campanhas políticas verifiquem os factos e eliminem as más informações. Um exemplo recente é um vídeo viral que pretende mostrar um imigrante haitiano que afirma ter votado ilegalmente nas eleições presidenciais na Geórgia, que as autoridades eleitorais consideram falso e fruto da ação de um agente estrangeiro.
A Check Point dá alguns exemplos do que os eleitores (agora dos EUA, mas, mais tarde em todo o mundo) podem fazer para se manterem informados:
- Os deepfakes de áudio estão a revelar-se mais bem-sucedidos do que os deepfakes de vídeo ou imagem. Preste atenção ao volume, ao ruído de fundo, às pausas, à cadência e ao tom da voz.
- Detete deepfakes de vídeo através do piscar os olhos, um tom de pele consistente, lábios em sincronia com o áudio e iluminação consistente.
- Verifique o local de votação e as informações sobre os boletins de voto junto das autoridades eleitorais locais e estatais.
- Desconfie de notícias partilhadas nas redes sociais; verifique apenas notícias de confiança.
- Utilize sites de notícias de confiança e ferramentas não partidárias para verificar informações políticas.
Conselhos para evitar a circulação de desinformação nas redes sociais:
- Ter sempre em conta a fonte: Verificar se as notícias e informações provêm de uma fonte credível;
- Verificar a informação: Verificar se várias fontes respeitáveis dos meios de comunicação social estão a partilhar a mesma notícia;
- Verificar a data: trata-se de notícias recentes ou de material reutilizado?
- Verifique as suas emoções: Que tipo de emoção está a despertar em si? Faça uma pausa, avalie e verifique antes de continuar a divulgar.