Investigação da Conservation International (CI) sobre biodiversidade nas águas da ilha de Ataúro, de Timor-Leste, revelou que a ilha abriga a maior diversidade média de peixe a nível mundial.
Analisados 10 locais de recifes da ilha a CI verificou que em média há 253 espécies de peixes. Num dos locais foram registadas 315 espécies, o que torna o local o terceiro com maior diversidade de peixes a nível mundial.
Na ilha de Ataúro, que se situa a 36 quilómetros a norte de Díli, a CI verificou que o local reflete um aumento, perto de 20%, na diversidade média de espécies em relação ao levantamento da biodiversidade que tinha feito, em 2012, e que tinha atingido uma média de quase 212 espécies de peixes por local.
Trudiann Dale, Diretora local da Conservation International de Timor-Leste, explicou: “Em cada estudo, descobrimos algo novo dentro da magnífica biodiversidade de Timor-Leste, tornando-se cada vez mais urgente proteger a vida marinha. Os resultados provam, sem margem para qualquer dúvida, que os recifes de Ataúro são extremamente valiosos para o povo de Timor-Leste”.
A ilha de Ataúro está a tornar-se num destino turístico cada vez mais popular, dada a sua riqueza em vida marinha, mas poucos estudos formais tinham sido levados a cabo para confirmar a biodiversidade.
O estudo realizado como parte do Programa de Avaliação Rápida da CI, tem como objetivo ampliar o conhecimento científico dos ecossistemas marinhos da ilha, para ajudar a definir o valor e a sua proteção, especialmente a partir de ecoturismo, para subsistência local.
Ao longo de uma semana, e ao fim de cerca de 120 horas-homem em trabalho subaquático, a equipa do Programa de Avaliação Rápida da CI, composta por Mark Erdmann, biólogo marinho, Anselmo Amaral, gestor do programa marinho da CI de Timor-Leste, Gerry Allen, biólogo marinho e Emre Turak, taxonomista de recife de coral, registou um total de 642 espécies de peixe de recife.
A contagem de espécies por local, em Timor-Leste, já ultrapassou Raja Ampat in the Bird’s Head Seascape, na Indonésia, que abriga a maior biodiversidade marinha do mundo, e está a par de ilhas muito maiores, como Chuuk e Pohnpei, na Micronésia, e da Ilha Christmas no Oceano Índico.
A equipa da CI também avaliou a saúde das águas e dos recifes de coral circundantes de Ataúro, e verificou que os recifes são saudáveis no geral, com a exceção de algumas áreas.
Os biólogos verificaram que alguns recifes tinham sido danificados devido a pesca com explosivos, e outros não apresentavam os maiores peixes de recife, o que demonstra haver sobrepesca. Além disso, foi apenas registado um tubarão, um indicador-chave dos ecossistemas de recifes de coral saudáveis.
Com base no estudo levado a cabo pela CI foram colocadas em prática novas regras, para combater o declínio do peixe, pelo Ministério da Agricultura e Pescas. As novas regras impõem tamanhos mínimos de peixes e uma redução na captura. Mas também se está a proceder a uma maior informação junto das comunidades.
O objetivo do Governo é ajudar a recuperar as populações de peixes, que as comunidades locais necessitam para alimentação e como meio de subsistência.
Além das regras impostas de captura foram adicionadas à lista das espécies marinhas protegidas do país, 19 novas espécies, que incluem tubarões, dugongos, tartarugas marinhas, baleias, golfinhos, nautilus e moluscos gigantes, entre outros, o que torna a pesca destas espécies ilegal.
Trudiann Dale refere que “o Governo tem sido sempre rápido a agir através da implementação de regulamentos para proteger os ecossistemas de recifes de coral”, e neste caso a “CI está empenhada em apoiar o Governo e em trabalhar em estreita colaboração com as comunidades locais para proteger os seus ativos marinhos naturais, que comprovem possuir alto valor turístico, por meio de vida sustentável e segurança alimentar.”
Com uma vasta biodiversidade e serviços ecossistémicos, Timor-Leste tem um potencial significativo em segurança alimentar e de desenvolvimento económico, através do ecoturismo. A CI está a trabalhar com o Governo para implementar vias de desenvolvimento sustentável, através da criação de redes de áreas protegidas e no apoio ao conhecimento tradicional das comunidades locais para a conservação dos recursos naturais.