Investigadores da Universidade do Novo México (UNM) procuraram numa “biblioteca” de medicamentos já aprovados, potenciais medicamentos que ajudem a acelerar a recuperação de pacientes infetados com o SARS-CoV-2, e encontraram medicamentos com as potencialidades desejadas.
Tudor Oprea, professor de Medicina e Ciências Farmacêuticas e chefe da Divisão de Informática Translacional da UNM referiu: “A essência disso é que achamos que encontramos um medicamento que está no mesmo nível do remdesivir e é muito mais barato”. O remdesivir é um medicamento antiviral relativamente novo que tem mostrado encurtar as internações hospitalares para quem está a recuperar de uma infeção pelo novo coronavírus.
Na ACS Pharmacology & Translational Science, um artigo de Tudor Oprea e dos colegas, em parceria com uma equipa do University of Tennessee Health Science Center liderado por Colleen Jonsson, relatam que um medicamento antimalárico mais antigo que o rendesivir chamado amodiaquina foi eficaz em erradicar o vírus em experiencias em laboratório.
Tudor Oprea foi um dos três candidatos promissores identificados num processo que envolveu o estudo das características moleculares de cerca de 4.000 medicamentos aprovados para uso humano pela Food and Drug Administration (FDA) e outras agências. Os investigadores esperavam encontrar medicamentos que visassem vulnerabilidades conhecidas no vírus.
Os outros dois medicamentos: um antipsicótico chamado zuclophentixol e um medicamento para pressão arterial chamado nebivolol também podem eliminar o vírus, como indicam as experiências em laboratório, referiu Tudor Oprea. Os investigadores consideram que qualquer um destes três medicamentos poderá ser combinado com o remdesivir ou com um medicamento antiviral, chamada favipiravir, para montar um ataque mais potente ao vírus.
A combinação de dois medicamentos pode significar que doses mais pequenas de cada um podem ser administradas, diminuindo a probabilidade de reações adversas, referiu o investigador. A administração de dois medicamentos também torna menos provável que o vírus desenvolva uma mutação que o torne imune ao tratamento. Assim, “em vez de ter um martelo, ter-se-ão dois martelos, o que é mais eficaz”.
Muitos compostos que mostram atividade antiviral num ambiente de laboratório não têm o mesmo efeito em organismos vivos, observou Tudor Oprea, então o próximo passo é montar testes clínicos para ver se os medicamentos funcionam em pacientes com COVID-19.
O processo de triagem de medicamentos da UNM começou com Tudor Oprea e o colega Larry Sklar, do Departamento de Patologia. Usando métodos computacionais para identificar medicamentos candidatos medindo a similaridade com a hidroxicloroquina, um medicamento antimalárico desde então desacreditado que havia sido amplamente anunciado como um tratamento para a COVID-19. Os investigadores avaliaram mais de 6.000 combinações de medicamentos.
A amodiaquina, feita pela primeira vez em 1948, está na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial de Saúde. Tem um bom perfil de segurança e é amplamente utilizado em África para tratar a malária. O zuclofentixol tem sido usado para tratar a esquizofrenia desde os anos 1970, enquanto o nebivolol é usado para a hipertensão desde o final dos anos 1990.