De quatro em quatro anos, são muitas as pessoas que ficam maravilhadas com os resultados alcançados nos Jogos Olímpicos pelos atletas. Ao longo do tempo muitos cientistas têm vindo a estudar as caraterísticas dos atletas olímpicos que se conseguem diferenciar e atingir os lugares de pódio nas Olimpíadas.
David Bassett, da University of Tennessee e Scott Conger, da Boise State University, ambos especialistas em Cinesiologia, são responsáveis pelo curso sobre fisiologia de atletas. O curso pretende estudar possíveis respostas para perguntas como: “O que é que permite aos atletas olímpicos correr mais rápido, saltar e lançar mais longe do que as outras pessoas? É porque possuem melhores genes ou é resultado de um intenso treino?”
David Bassett refere que “os atletas olímpicos são fascinantes sujeitos para investigação”, e acrescenta: “Para além de serem dotados geneticamente, na maioria dos casos dedicaram milhares de horas em treinos para as competições”.
A partir da observação a vários estudos desenvolvidos sobre atletas de olimpíadas de verão, ao longo de várias décadas, David Bassett e Scott Conger concluíram que os Jogos Olímpicos permitem novas visões sobre o envelhecimento.
Um estudo realizado nos Jogos Olímpicos de Verão de 1976, em Montreal, concluiu que a maioria dos atletas olímpicos envolvidos na investigação tinha pelo menos um irmão mais velho. Os cientistas deduziram que a tentativa do atleta se relacionar com a irmã ou irmão mais velho o ajudou a desenvolver habilidades motoras essenciais para o desporto.
Muitas características físicas não são evidentes nos atletas olímpicos quando se movem no palco dos jogos.
Os atletas de desportos de força, como o arremesso de peso e do disco, são mais altos e têm maiores esqueletos e músculos mais fortes, enquanto os dos desportos de gravidade, como a ginástica, são mais baixos e possuem pouca gordura corporal. Mas algumas das características que permitem aos atletas conseguirem marcas incríveis não são visíveis a olho nu. Ao longo dos anos, muitos foram os atletas objeto de investigação para se desvendar os segredos do seu sucesso, o que levou a novas ‘descobertas’ sobre o funcionamento interno do corpo humano.
O coração do atleta é um dos muitos fatores que determina o seu sucesso. Para além do coração dos atletas olímpicos ser de maior dimensão, estudos com recurso a Ecocardiografias e a Ressonâncias Magnéticas têm vindo a mostrar que os atletas de desportos de resistência têm corações com câmaras (átrios e ventrículos) de maiores dimensões e espessura de parede normais, enquanto os atletas de desportos de força como os halterofilistas e os lutadores têm câmaras cardíacas com paredes mais espessas.
Atletas olímpicos são beneficiados pela herança genética
É conhecido pelos cientistas que os atletas olímpicos de desportos de resistência apresentam uma boa potência aeróbia e os corpos respondem bem ao treino, mas para estudar as variações de resposta das pessoas ao treino foi lançado um estudo sobre herança familiar. O estudo, que começou em 1992 e ainda está em curso, recrutou 742 adultos inativos e treinou-os exatamente da mesma maneira.
Os investigadores verificaram que alguns indivíduos não responderam, em absoluto, à carga de treino padrão, enquanto outros tiveram um aumento de 40 por cento na aptidão aeróbia. Desenvolvido um teste de aptidão aeróbia às famílias, os investigadores concluíram que os fatores genéticos desempenham um papel importante na resposta ao treino.
Os atletas olímpicos de desportos de força mostram um aumento dos músculos e das enzimas anaeróbias. Para suportar melhor as tensões e pressões da competição, os ossos dos atletas olímpicos sofrem alterações. Os halterofilistas desenvolvem ossos robustos nos braços, vértebras e pernas, enquanto nos corredores se verifica um aumento de força nos ossos da coluna e das pernas.
Um estudo de 2009 descobriu que os corredores desenvolvem uma tíbia mais espessa na parte frontal e posterior, enquanto os atletas em desportos que exigem capacidade de mudanças de direção rápidas têm tíbias robustas que são uniformemente espessas em todas a zonas.
Saúde dos atletas olímpicos é beneficiada com estilos de vida espartana e treinos intensos
Em 2012, o British Medical Journal publicou o primeiro estudo de grande escala sobre a longevidade dos atletas olímpicos. Os investigadores, autores do estudo, examinaram mais de 15 mil atletas olímpicos de vários países – Estados Unidos, Alemanha, Países Nórdicos, Rússia, Reino Unido, França, Itália, Canadá, Austrália e Nova Zelândia – que ganharam medalhas entre 1896 e 2010. Os investigadores concluíram que os atletas olímpicos medalhados vivem cerca de três ou mais anos que a população em geral.