Os hábitos nas crianças têm importância nas perturbações do sono, afetando a sua capacidade de aprendizagem, comportamento e humor, bem como a qualidade de vida das famílias. A conclusão é de um estudo desenvolvido por investigadores da Universidade de Évora, em crianças do 1º ciclo das escolas públicas e privadas do concelho de Évora.
O estudo liderado por investigadores afetos ao Departamento de Matemática e ao Centro de Investigação em Matemática e Aplicações da Universidade de Évora contou com a participação de uma pediatra especialista em sono e com uma equipa multidisciplinar composta por representantes da Câmara Municipal de Évora, do Hospital do Espírito Santo de Évora, da Saúde Comunitária e de Agrupamentos de Escolas do Concelho de Évora.
O estudo monitorizou a evolução dos hábitos de sono e de atividade física e desportiva de cada criança no período de 4 anos, de 2018 a 2022. Foram validados para análise final 2447 questionários, correspondendo a uma taxa de resposta de 67%.
“Este estudo mostrou que quase metade (44%) das crianças do 1º ciclo no Concelho de Évora apresentam sinais de perturbações do sono, observando-se que apenas 10% dos pais possuíam essa consciência”, referiu Paulo Infante, professor e investigador da academia alentejana, citado em comunicado da Universidade de Évora.
“Constatou-se, ainda, que mais de um quarto das crianças (28%) dorme menos do que o tempo recomendado (9,5h por noite). “O sono insuficiente foi associado a hábitos como o de ir dormir tarde, ter dificuldade em adormecer sozinho e ficar a ver televisão e outros ecrãs antes de dormir”, acrescentou o investigador.
Os investigadores verificaram que as crianças que praticavam atividade física durante pelo menos 60 minutos todos os dias têm melhor qualidade de sono.
Com um conjunto de informação sólida, resultado da investigação, os encarregados de educação e os professores podem compreender a importância de prevenir problemas de sono nas crianças e aumentar a prevalência de atividade física nas crianças.
Também os pediatras e os médicos de família passam a compreender a importância de um diagnóstico precoce e da prevenção para cuidar da saúde das crianças, referem os investigadores.
“Os dados obtidos através deste estudo permitiram concluir que se trata de um problema de saúde pública, sendo imperativo atuar ao nível da prevenção, alertando encarregados de educação e professores para a importância desta temática”, relevou Paulo Infante.
O estudo mostra, como refere o comunicado da Universidade de Évora, que as principais causas de perturbações do sono na infância estão relacionadas com o stress, cansaço, falta de regras na hora de dormir, privação de sono, problemas respiratórios, temperamento difícil da criança e problemas emocionais.