Após relatos de pessoas que sofreram anafilaxia depois de receberem a vacina COVID-19, o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC, sigla original), dos EUA, emitiu orientações relacionadas às vacinas COVID-19 mRNA e sobre reações alérgicas graves recomendando que os pacientes que experimentam uma reação alérgica grave após receberem a primeira injeção não devam tomar a segunda injeção. O CDC indica, também, que os médicos devem encaminhar esses pacientes para um especialista em alergias e imunologia para um tratamento especializado.
O American College of Allergy, Asma e Imunology indica que as reações às vacinas, em geral, são raras, e que os casos de anafilaxia são estimados em 1,31 para 1 milhão de doses administradas. Por sua vez a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), esclareceu que as reações mais graves (reações anafiláticas) ocorrem em menos de 1 por 100.000 indivíduos.
Com a autorização da vacina Pfizer-BioNTech COVID-19 mRNA em vários países, incluindo os EUA e a União Europeia, os imunoalergologistas recomendam orientações específicas para médicos e outros intervenientes de saúde relacionadas ao risco de uma reação alérgica à vacina COVID-19 mRNA. As recomendações são baseadas no melhor conhecimento existente até o momento de acordo com as informações e orientações das agências e organismos de saúde internacionais.
■ As vacinas COVID-19 mRNA devem ser administradas num ambiente de saúde onde a anafilaxia possa ser tratada. Todos os indivíduos devem ser observados por pelo menos 15 a 30 minutos após a injeção da vacina para monitorar qualquer reação adversa. Todas as reações anafiláticas devem ser tratadas imediatamente com epinefrina como tratamento de primeira linha.
■ De acordo com o CDC uma pessoa que tiver uma reação alérgica grave após receber a primeira injeção ou dose de vacina, não deve receber a dose seguinte. O CDC observa que os pacientes que experimentam uma reação alérgica grave devem ser encaminhados para um especialista em alergias e imunologia para um melhor acompanhamento clínico.
■ As vacinas COVID-19 mRNA não devem ser administradas a indivíduos com histórico conhecido de reação alérgica grave a qualquer componente da vacina. Embora o componente específico da vacina que causa a anafilaxia não tenha sido identificado, o polietilenoglicol é um dos ingredientes que é conhecido por causar anafilaxia.
■ Os dados relacionados ao risco em indivíduos com histórico de reações alérgicas a vacinações anteriores e / ou síndrome de ativação de mastócitos / anafilaxia idiopática são muito limitados e estão em evolução. A decisão de receber qualquer uma das vacinas COVID-19 mRNA deve ser tomada pela pessoa em conjunto com o médico ou com o técnico de saúde que administra a vacina, usando um juízo profissional, equilibrando os benefícios e riscos associados à administração da vacina.
■ Pessoas com alergias comuns a medicamentos, alimentos, inalantes, insetos e látex não são mais propensas do que o público em geral a ter uma reação alérgica às vacinas de mRNA COVID-19. Esses pacientes devem ser informados sobre os benefícios da vacina versus os riscos.
■ As vacinas COVID-19 mRNA não são vacinas vivas e podem ser administradas a pacientes imunocomprometidos. Os médicos e outros técnicos de saúde devem informar os pacientes imunocomprometidos da possibilidade de uma resposta imunológica leve às vacinas.
■ A SPAIC propõe que a vacina Pfizer-BioNTech para a COVID-19 não seja administrada em doentes com antecedentes de reações alérgicas graves a vacinas, e que a relação risco-benefício seja avaliada por um imunoalergologista nos casos de anafilaxia prévia a medicamentos, alimentos, latex, venenos de himenópteros e ainda nos casos de anafilaxia idiopática, síndromes de ativação mastocitária e imunodeficiências primárias.
■ A SPAIC indica ainda o seguinte:
- As vacinas para o SARS-CoV-2 só deverão ser administradas em Unidades de Saúde onde existam profissionais devidamente treinados e meios adequados para o tratamento de eventuais reações alérgicas. Deverá ser respeitado um período de vigilância de 30 após a administração da vacina.