Nestes tempos de massificação da tecnologia, o risco de sofrer da coluna está a aumentar. Os mais novos e de idades ativas estão sujeitos a um conjunto de fatores, que potenciam os riscos da patologia e justificam o atual aumento de idas ao médico com queixas de dores nas costas.
Entre os diversos fatores de risco referem-se o uso de mochilas pesadas, hábitos sedentários, muitas horas de uso de computador, de tabletes e telemóveis para mensagens, jogos e outras aplicações, para além de um conjunto de hábitos que se têm vindo a instalar por força da digitalização dos postos de trabalho.
De acordo com o Spine Center, o número de portugueses com idades entre os 25 e os 55 anos que procuram ajuda para dores frequentes nas costas aumentou 9%. Anteriormente estas condições eram associadas a faixas etárias mais avançadas e próprias da idade que o justificavam, mas atualmente estão associadas com um estilo de vida predominantemente sedentário e à promoção de uma postura incorreta na maioria das tarefas diárias, indica a Associação Spine Matters.
Entre janeiro e setembro de 2016 quase 2300 portugueses procuraram ajuda especializada na unidade de cirurgia da coluna Spine Center, devido a dores nas costas, totalizando uma média de 244 consultas por mês. Luís Teixeira, médico ortopedista e especialista da coluna, citado em comunicado, refere que há “cada vez mais uma tendência” para o aumento de pacientes em consultas, o que vai ao encontro dos dados da Organização Mundial da Saúde que apontam para “que 7 em cada 10 pessoas terão algum problema na coluna durante a vida”.
O aumento de portugueses a procurar aconselhamento médico sobre dores nas costas “revela uma mudança de mentalidades gradual, mas muito positiva, que já não deixa chegar a um ponto de rutura uma condição que poderia ter sido gerida de outra forma”, refere Luís Teixeira.
“Atualmente, as dores nas costas já representam a segunda causa, em Portugal, de visitas ao médico, e o primeiro motivo de absentismo laboral. Contudo, sabemos e está mais do que comprovado que a maioria dos problemas de coluna são evitáveis”. A Associação Spine Matters considera ser fundamental uma política de prevenção, e defende que, quanto mais cedo se alterarem hábitos e, nos casos necessários, se consultar um especialista, melhor condição de vida se poderá ter durante mais tempo.
Ao mesmo tempo que as consultas sobre dores nas costas estão a aumentar, verifica-se que “há cada vez mais pessoas jovens e adultos com problemas do foro músculo-esquelético, sobretudo devido à má postura no local de trabalho e ao uso frequente de dispositivos móveis”, indica o especialista, que acrescenta haver ainda outros fatores como “o stress, o ritmo de vida acelerado e o ‘multitasking’”.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, indicados pela Associação Spine Matters, “as dores nas costas são responsáveis por 50% dos casos de incapacidade física na população adulta, levando 400 mil portugueses a faltarem ao trabalho por ano, a uma média superior a 33 mil por mês”.
Investigação desenvolvida em 2012, pela Universidade Católica, concluiu que “em Portugal, só a taxa de absentismo e as reformas antecipadas provocadas pela dor crónica nas costas e articulações representa uma despesa indireta de quase 740 milhões de euros anuais”, refere a Spine Matters.
Para assinalar o Dia Mundial da Coluna, 16 de outubro, o ortopedista Luís Teixeira avança com alguns conselhos para uma postura mais saudável no trabalho:
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Se trabalha longas horas frente ao computador, sente-se com os joelhos ligeiramente mais altos do que as ancas, coloque o monitor ao nível dos olhos e os cotovelos ao nível da mesa;
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Se tem por hábito transportar objetos pesados, opte por segurá-los junto ao corpo e divida a carga equilibradamente dos dois lados de forma a não sobrecarregar tanto a coluna;
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Faça intervalos de 10 minutos de 50 em 50 minutos para circular e aliviar a pressão nas costas e a tensão acumulada nos ombros e zona cervical;
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Faça alongamentos, sobretudo ao nível dos braços, pescoço e costas;
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Use um tapete para o rato com suporte para o pulso de forma a prevenir tendinites e prefira cadeiras com apoios de braços;
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Fora do emprego pratique Yoga ou Pilates de forma a melhorar a sua postura, fortalecer os músculos abdominais que ajudam a suportar a coluna e aumentar a sua flexibilidade.