António Guterres, Secretário-geral das Nações Unidas, na sua intervenção no encerramento da Conferência Mundial de Ministros responsáveis pela Juventude, que decorreu em Lisboa, de 21 a 23 de junho, referiu que desde que dirigiu a primeira Conferência em 1998 foi percorrido um longo caminho.
“Em 1998 a Internet dava os seus primeiros passos. Palavras como drone ou selfie não faziam parte do nosso vocabulário quotidiano” e “a ameaça existencial das Alterações Climáticas não era ainda totalmente compreendida, e viviam num estado de pobreza absoluta cerca do dobro das pessoas que hoje ainda se encontram nessa situação. O número de raparigas sem acesso ao ensino primário era também duas vezes superior ao atual”.
Agora “comparando com os dados de há vinte e um anos constatamos que habitam hoje no nosso planeta mais 2 mil milhões de pessoas, aproximadamente, isto significa que temos hoje a mais numerosa geração jovem da história”.
Guterres continuou referindo que restam “apenas onze anos para conseguir os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) e os piores impactos das alterações climáticas” mas “em ambas as áreas nós não estamos a fazer o suficiente, e não estamos a fazer aquilo que devíamos estar a fazer em conjunto. É claro sem a impaciência, criatividade e inovação dos jovens de hoje nós não teremos sucesso”.
Falha no combate às alterações climáticas
“A minha geração falhou, não conseguiu responder adequadamente ao desafio da emergência climática, e as crianças e as escolas perceberam esta emergência melhor que os líderes globais” afirmou o Secretário-Geral da ONU, e acrescentou: “Eles sabem que a janela de oportunidades está a fechar-se” e “estão determinados a combater esta ameaça e fazer já uma grande diferença”. Agora “os Governos estão a começar a ouvir. As empresas estão a começar a compreender que a imagem do carbono é má para a sua imagem e mesmo para os seus lucros. Eu acredito que isto seja apenas o começo”.
ONU quer trabalhar com os jovens
“As Nações Unidas estão convosco sempre que fizerem frente à injustiça e trabalharemos convosco para prevenir conflitos e para promover a paz e apoiar-vos-emos no acesso à educação, ao trabalho decente, à proteção social ou à saúde sexual e reprodutiva” referiu Guterres.
“A nossa parceria com a juventude está plasmada na nossa nova estratégia Juventude 2030 lançada no ano passado com o objetivo de tornar a Organização das Nações Unidas num líder no trabalho com os jovens, uma Organização que compreenda as necessidades dos jovens, que ajude a colocar em prática as suas ideias e que assegure que as suas opiniões são escutadas”.
Hora de mudança na ONU
Mas para haver sucesso na liderança, a ONU tem de adaptar-se, lembrou Secretário-geral, referindo: “A ONU a foi criada numa época muito diferente da atual, tem uma estrutura hierarquizada que é normalmente avessa a reformas e evoluções mas hoje vivemos uma hora que tem de ser de mudança, e queremos trabalhar convosco no acesso à educação e à saúde sobre as questões do emprego e da formação, sobre os direitos humanos e sobre como promover o pleno envolvimento da juventude nos processos decisórios sobre estas matérias a nível local, nacional e global”.