A difícil, e por vezes conflituosa, relação entre as práticas turísticas e a gestão do património, especialmente o património dos sítios classificados pela UNESCO coloca vários desafios de diversa natureza aos vários intervenientes e a vários níveis.
Para debater e apontar caminhos e soluções para harmonizar o mais possível a relação entre os diversos, e muitas vezes antagónicos ou conflituosos, interesses envolvidos mais de uma centena de especialistas de cerca de 40 países, entre os quais Argentina, Austrália, Brasil, China, EUA, Índia, Israel e Timor, reúnem em Coimbra, no 5º Congresso Internacional da UNESCO UNITWIN, intitulado “Identidade Local e Gestão Turística dos Sítios Património Mundial – Tendências e Desafios”.
O congresso, promovido no âmbito da Rede Cultura, Turismo e Desenvolvimento do Programa de Cátedras UNESCO, é organizado pela Universidade de Coimbra (UC) e Câmara Municipal de Coimbra, e decorre em Coimbra de 18 a 22 de abril, no Convento São Francisco.
Os especialistas, ao longo de cinco dias, refletem e debatem questões como o novo turismo e a relação com o património histórico material e imaterial. São abordadas diversas áreas ou setores como a gastronomia, vinhos, religião, gestão de destinos e sustentabilidade em sítios património mundial, animação turística e eventos culturais, bem como as novas tecnologias na investigação e na gestão turística, gestão do património de influência portuguesa no mundo, rotas turísticas e paisagens culturais.
Fernanda Cravidão, chair do congresso e coordenadora da Cátedra UNESCO e da Rede UNESCO UNITWIN Cultura, Turismo e Desenvolvimento na Universidade de Coimbra (UC), citada em comunicado da UC, considera que não sendo pacífica a relação entre práticas turísticas e gestão do património, é essencial “juntar os diversos responsáveis envolvidos, públicos e privados, tendo em vista a construção de modelos de gestão que contribuam para o desenvolvimento sustentável do turismo, sem comprometer a gestão do património, e permitam gerar processos que promovam a qualidade de vida das populações residentes”.
O “crescimento turístico gerado pela classificação da Universidade, Alta e Sofia, em 2013, conduziu a novos desafios”, referiu chair do Congresso, e alertou para a necessidade de a cidade de Coimbra, com todos os seu agentes, ter de “encontrar rapidamente soluções, que terão de ser permanentemente avaliadas porque o fenómeno turístico é dinâmico por natureza, capazes de garantir uma oferta turística de qualidade, diversificada, com segurança e que envolva toda a cidade”.
Fernanda Cravidão conclui que, “por exemplo, é essencial que haja uma gestão equilibrada do tráfego na cidade, nomeadamente na Alta, caso contrário, a relação harmónica entre os visitantes e os residentes pode ser perturbada”.
O 5º Congresso UNESCO UNITWIN conta com a participação, entre outros, de Luís Araújo, Presidente do Turismo de Portugal; Jin Y. Woo, Conselheiro do Secretário-geral da Organização Mundial de Turismo (UNWTO) para o Turismo e Cultura; Maria Gravari-Barbas, Coordenadora da Cátedra UNESCO Cultura, Turismo, Desenvolvimento da Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne; Ana Martinho, Presidente da Comissão Nacional da UNESCO; Kirsti Kovanen, Secretária-Geral do ICOMOS; Hilary Du Cros, Coordenadora sénior de investigação no Observatório para a Investigação em Culturas Locais e Criatividade em Educação, UNESCO.
O programa completo do Congresso UNESCO UNITWIN está disponível em: http://unitwin2017.uc.pt/programa/.
O Programa de Cátedras UNESCO UNITWIN foi criado, em 1992, com o objetivo de promover a cooperação e interligação entre universidades, a nível internacional, para reforçar as capacidades institucionais através da partilha de conhecimento e do trabalho colaborativo. A Rede UNITWIN envolve mais de 700 instituições em 116 países diferentes.