Depois da apresentação, em Lisboa, no dia 16 de abril, a obra “Gérald Bloncourt – Dias de Liberdade em Portugal” concebida pelo historiador Daniel Bastos a partir do espólio de Gérald Bloncourt, um dos grandes nomes da fotografia humanista, é apresentada no dia 2 de maio, no Consulado Geral de Portugal, em Paris.
O escritor Daniel Bastos foi em 2015, também, responsável pela realização do livro de Gérald Bloncourt “O olhar de compromisso com os filhos dos Grandes Descobridores”. Um livro, que retrata a emigração portuguesa para França nos anos 60 e 70, e que contou com prefácio de Eduardo Lourenço e tradução de Paulo Teixeira
Neste novo livro, realizado com o apoio da Associação 25 de Abril, uma das instituições de referência do Portugal democrático, Daniel Bastos revela uma parte pouco conhecida do espólio de Gérald Bloncourt, afamado fotógrafo que para além de ter imortalizado a emigração portuguesa em França, também foi espectador atento, em Portugal, no após a Revolução de 25 de Abril de 1974.
Em Paris, a apresentação da obra, uma edição trilingue: português; francês e inglês, com tradução de Paulo Teixeira e prefácio do coronel Vasco Lourenço, presidente da Direção da Associação 25 de Abril, vai estar a cargo do livreiro e editor João Heitor.
Através de imagens de Gérald Bloncourt, até agora praticamente inéditas, o investigador, historiador e escritor Daniel Bastos, aborda factos históricos que medeiam a Revolução dos Cravos e a celebração do Dia do Trabalhador, dia 1 de maio, na capital portuguesa. A chegada do histórico líder comunista Álvaro Cunhal ao Aeroporto de Lisboa, a emoção do reencontro de presos políticos e exilados com as suas famílias, o caráter pacífico e libertador da Revolução de Abril, e as celebrações efusivas do 1.º de maio de 1974, a maior manifestação popular da história portuguesa são algumas dos factos abordados na obra.
O livro, que contou com a colaboração de Isabelle Repiton, viúva de Gérald Bloncourt, e enriquecido com memórias e testemunhos do fotojornalista franco-haitiano, dá um retrato de cerca de meio século após a Revolução de Abril e constitui-se como um novo contributo e oportunidade para revisitar a génese da democracia portuguesa.
Para Vasco Lourenço, a obra ilustrada pela lente humanista de Bloncourt, fotógrafo que em 2016 foi agraciado pelo Presidente República Portuguesa com a Ordem do Infante D. Henrique, constitui uma viagem ao “tempo dos sonhos cheios de esperança, da afirmação da cidadania, da construção de uma sociedade mais livre e mais justa, do fim e do regresso de uma guerra sem sentido com a ajuda ao nascimento de novos países independentes, onde a língua portuguesa continuou a ser o principal fator congregador”.
A apresentação do livro no Consulado Geral de Portugal em Paris é também um momento de lembrar, passados 45 anos, a data de 2 de maio de 1974, de regresso à capital francesa de Bloncourt depois de fotografar os primeiros dias de liberdade em Portugal. Uma sessão simbólica de homenagem, a título póstumo, a Gérald Bloncourt, que conta com o apoio da Associação Memória das Migrações.