A primeira sequência completa do genoma de referência para o centeio já está publicado na revista Nature Genetics. A Universidade de Maryland (UMD) em conjunto com outros membros do Grupo Internacional de Sequenciação do Genoma do Centeio consideraram que o genoma de referência vai permitir rastrear os genes úteis para cumprir o potencial de melhoria da produção em todas as principais variedades de pequenos grãos, incluindo trigo, cevada, triticale (um cruzamento entre trigo e centeio que está ganhando popularidade) e centeio.
Seguindo o modelo de colaboração internacional usado quando a UMD ajudou a sequenciar o genoma do trigo, a Universidade desenvolveu com várias outras entidades a ideia de produzir um genoma de referência, e organizou o esforço que contribuiu para atingir o objetivo coletivo.
O genoma de referência para o centeio é considerado um recurso valioso que pode ajudar a melhorar a produção de grãos, a resistência a doenças e a tolerância à temperatura para aumentar a resiliência climática nas culturas de grãos.
Vijay Tiwari, da UMD e líder do programa de Genética e Pequenos Grãos de Maryland, referiu: “O conhecimento que o centeio nos oferece para combater os fatores de stresse físicos e de doenças vai ajudar-nos a produzir melhores colheitas, que possam tolerar doenças e muito melhor as mudanças climáticas”.
O especialista acrescentou que com um genoma de referência “podemos fazer testes de todo o genoma para ver de onde vêm as características úteis.”
Nidhi Rawat, especialista em fitopatologista e em doenças como a C, que destrói pequenos grãos, indicou: “Quanto mais examinamos, mais ficamos maravilhados com a diversidade útil que vemos no centeio. Ele tem um enorme potencial para melhorar a produção do trigo, centeio, triticale e cevada.”
As comunidades científicas e agrícolas estão empolgadas com este novo genoma de referência do centeio, dado que o mesmo estabelece a base para muitos caminhos de investigação futura e melhoramento de colheitas. Para os especialistas Vijay Tiwari e Nidhi Rawat, o centeio possui um conjunto de genes muito diversificado que permite o seu crescimento em todos os tipos de solo e ambientes, o que o torna muito tolerante ao stresse e resistente a doenças. É também uma cultura de polinização cruzada, ao contrário do trigo e da cevada autopolinizáveis, tornando-a ideal para a produção de variedades de grãos híbridos mais robustas.
“Trigo, cevada e centeio evoluíram ao mesmo tempo”, explicou Vijay Tiwari. “Mas o centeio tomou um caminho diferente e tem algumas vantagens exclusivas em relação aos outros. Por exemplo, encontrar maneiras de fazer trigo e cevada com polinização cruzada facilita a produção de trigo híbrido ou cevada e é um grande incentivo para aumentar a produtividade.”
Os dois especialistas também destacam que o centeio e o triticale (desenvolvido pelo cruzamento do trigo com o centeio) são importantes culturas devido ao uso eficiente de nutrientes e à necessidade de poucos fertilizantes, o que os torna ótimos para determinadas regiões.
O centeio, além de ser bom para a produção de pão e cerveja, é uma popular cultura de cobertura com eficiente uso em nitrogénio indicou Nidhi Rawat e acrescentou que de uma análise recente de centenas de linhagens de triticale foi encontrada uma útil diversidade genética que parece vir do centeio. “Com a disponibilidade do genoma de referência do centeio será muito fácil mapear os genes subjacentes a essas características úteis e transferi-los para o trigo e para outros pequenos grãos.”
Nidhi Rawat e Vijay Tiwari estão entusiasmados com as oportunidades que são agora possíveis para o desenvolvimento de variedades que podem responder às diversas necessidades dos produtores em todo o mundo.
“É muito bom ver que, nos últimos três anos, temos dois genomas de referência sequenciados para pequenos grãos (trigo e centeio)”, disse Vijay Tiwari. “É uma contribuição útil para a iniciativa AGNR de aumentar a segurança alimentar global.”
“Estou particularmente entusiasmado porque não só mostra a excelência da nossa investigação a nível nacional e internacional, mas também a verdadeira satisfação de saber que o trabalho que estamos a fazer no laboratório está na verdade a beneficiar os agricultores ao nível do solo”, salientou Nidhi Rawat, e acrescentou: “Isso é muito gratificante – é uma recompensa inestimável.”