No a 25 de janeiro as forças israelitas continuaram os bombardeamentos aéreos, terrestres e marítimos por toda a Faixa de Gaza, que causaram centenas de vítimas civis, deslocação da população e destruição. As forças israelitas continuaram com as operações terrestres envolvendo combates com grupos armados palestinianos. Em Khan Younis as operações militares israelitas foram intensas com combates a serem relatados nas proximidades dos hospitais Al Aqsa, Nasser, Al Amal e Al Kheir, uma situação que vem sendo relatada pelo Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
Continuaram os relatos de palestinos que tentam fugir para a cidade de Rafah, no sul do país, que já está superlotada, apesar da falta de passagem segura, com a área de Al Mawasi em Khan Younis a ser alvo de fortes ataques.
Entre as tardes de 24 e 25 de janeiro, o Ministério da Saúde de Gaza indicou que terão sido mortos 200 palestinianos e que 370 palestinianos ficaram feridos. Entre 7 de outubro de 2023 e as 12h00 de 25 de Janeiro de 2024, terão sido mortos pelo menos 25.900 palestinianos em Gaza e feridos 64.110 palestinianos, com base nos dados fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza.
Entre as tardes de 24 e 25 de janeiro, não houve relato da morte de soldados israelitas, em Gaza. Assim, mantém-se que desde o início da intervenção em Gaza e até 25 de janeiro, terão sido mortos 219 soldados israelitas e 1.250 soldados terão ficado feridos.
Em 24 de janeiro, uma oficina de carpintaria dentro do Centro de Formação Khan Younis foi atingida por granadas, causando um incêndio e resultando na morte de pelo menos 13 palestinianos, indicou a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), que complementou os dados que tinha fornecido no mesmo dia.
A UNRWA estima que cerca de 800 deslocados internos estavam abrigados no interior do da oficina, com 43.000 pessoas registadas no centro. A área do Centro de Formação Khan Younis também foi atingida em 22 de janeiro, com seis pessoas mortas por balas perdidas e estilhaços que caíram fora do centro, conforme foi relatado pela UNRWA.
Em 25 de Janeiro, o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, informou que a UNRWA e a OMS ajudaram a evacuar 45 pacientes, 15 em estado crítico, do Centro de Formação Khan Younis para outra unidade de saúde. Porém, devido à intensidade dos combates, a equipa não conseguiu evacuar todos os feridos. Um paciente teria morrido no caminho.
O Diretor-Geral da OMS apelou à proteção de todos os civis, humanitários e profissionais de saúde, reiterando ao mesmo tempo o seu apelo a um cessar-fogo imediato. Os militares israelitas anunciaram que estão a investigar as circunstâncias do ataque ao Centro de Formação Khan Younis, em 24 de Janeiro, e afirmaram que não foi o resultado de um ataque aéreo ou de artilharia das suas forças.
Em 25 de janeiro, segundo a OMS, havia 14 hospitais parcialmente funcionais dos 36 em toda Gaza; sete no norte e sete no sul. “Funcionalidade parcial” indica que um hospital ainda pode atender pessoas que necessitem de cuidados de saúde; pode admitir alguns novos pacientes e realizar algum nível de cirurgia. Além disso, o Hospital Nasser em Khan Younis está “funcionamento mínimo”, pois está cercado pelos militares israelitas e enfrenta intensos combates, não podendo receber mais pacientes ou suprimentos. Com foi relatado anteriormente, em 24 de janeiro, o Ministério da Saúde em Gaza informou que o Hospital Nasser estava sitiado e que ninguém conseguia entrar ou sair das instalações devido aos bombardeamentos contínuos nas proximidades.
Tem vindo a ser relatado que os profissionais de saúde têm vindo a cavar sepulturas nas instalações do hospital devido ao grande número de mortes e à necessidade de gerir os enterros.
O Hospital Al Kheir em Khan Younis, anteriormente designado como “minimamente funcional”, e um dos únicos três na Faixa de Gaza que presta serviços de maternidade já não está operacional, com relatos de pacientes, que tinham acabado de ser submetidos a operações críticas, a terem de sair e fugir das instalações.
Em 24 de janeiro, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) declarou que, para aproximadamente dois milhões de pessoas em Gaza, o Hospital Nasser e o Hospital Europeu de Gaza (EGH) são os únicos dois hospitais de referência que prestam serviços avançados de emergência cirúrgica e médica com grandes capacidades de camas, o que não é suficiente dado o número de feridos e doentes em Gaza.
“O imperativo humanitário de proteger as instalações de saúde de Gaza é claro. Se estas instalações médicas – especialmente Nasser e o Hospital Europeu – deixarem de funcionar, o mundo testemunhará incontáveis milhares de mortes evitáveis, dada a dimensão da população, as atuais condições de vida extremas, um sistema de saúde em colapso e a intensidade dos combates. As partes em conflito e todos os que têm influência sobre elas devem tomar medidas imediatas para garantir a segurança dos hospitais e das pessoas que neles trabalham; garantir que o pessoal de saúde, os feridos e os doentes e as ambulâncias possam aceder com segurança ao hospital; e facilitar o reabastecimento oportuno de itens necessários ao funcionamento dos hospitais, incluindo medicamentos, combustível, alimentos e água”, indicou o Comité Internacional da Cruz Vermelha.
Em 25 de janeiro, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestiniano (PRCS, sigla em inglês) informou que as forças israelitas continuam a sitiar a sua sede de ambulâncias e o Hospital Al Amal, nas proximidades, em Khan Younis, restringindo todos os movimentos na área. Em 24 de janeiro, e como já foi relatado, a entrada da sede do PRCS teria sido atingida, matando pelo menos três palestinianos: em 23 de Janeiro, outro palestiniano teria sido morto à entrada do hospital devido a bombardeamentos no meio de intensos combates em torno do hospital. O PRCS afirmou que se viu forçada a pedir aos deslocados internos, que se abrigavam no complexo, que doassem sangue, uma vez que o pessoal não tem acesso aos bancos de sangue e ao tratamento dos feridos.
No dia 25 de janeiro, por volta das 12h30, um grupo de palestinianos que esperava na rotunda Al Kuwait, na cidade de Gaza, pela chegada de ajuda humanitária, teria sido alvejado pelos militares israelitas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Pelo menos 20 palestinos teriam sido mortos e cerca de 150 outros ficaram feridos, muitos deles gravemente, com as vítimas transferidas para os hospitais Al Shifaa e Al Ahli. Os militares israelitas indicaram que iriam abrir uma investigação sobre o incidente.
Em 24 de janeiro, o Gabinete dos Direitos Humanos das Nações Unidas (ACNUDH) no Território Palestiniano Ocupado informou que milhares de civis foram forçados a fugir para Rafah, que acolhe atualmente mais de 50% da população de Gaza.
Mas os ataques colocaram seriamente em perigo os civis, incluindo os que se encontravam abrigados em unidades de saúde. O ACNUDH afirmou que: “…as IDF continuam a bombardear áreas que designaram unilateralmente como “seguras” para evacuação, reforçando que nenhum lugar em Gaza é seguro (por exemplo, a área de Al Mawasi no oeste de Khan Younis)… e levanta graves alarmes de uma nova escalada das hostilidades em Rafah, o que poderá ter sérias implicações para mais de 1,3 milhões de pessoas que estão alegadamente abrigadas na província, com o risco concomitante de que as pessoas que estão essencialmente presas em áreas cada vez mais pequenas possam ser forçadas a sair de Gaza.”
Em 23 de janeiro, a empresa palestiniana de telecomunicações Paltel anunciou que os serviços em Gaza estavam a ser gradualmente restaurados. No entanto os relatórios iniciais indicam que as linhas telefónicas não foram restauradas nas zonas central e norte, e os serviços de Internet não foram restaurados em toda a Faixa de Gaza desde o início do anterior corte de telecomunicações, em 12 de janeiro. O encerramento das comunicações continua a dificultar significativamente os esforços da comunidade humanitária para avaliar a extensão total das necessidades em Gaza e para responder adequadamente ao agravamento da crise humanitária.
Em 24 de janeiro, os parceiros da ONU, por ocasião do Dia Mundial da Educação, instaram todos os intervenientes a garantir que as barreiras à educação sejam abordadas, especialmente através da disponibilização de abrigo adequado que facilite a recuperação, para permitir o direito de aprender. Além disso, declararam: “a aprendizagem foi devastada na Faixa de Gaza desde o início das hostilidades em Outubro de 2023. Mais de 625.000 estudantes e 22.564 professores foram privados de educação e de um local seguro durante mais de três meses, e milhares de alunos e pessoal educativo estão entre as mais de 25 mil pessoas que teriam sido mortas”. Todas as escolas da UNRWA na Faixa de Gaza fecharam – a maioria transformadas em abrigos –, privando da educação as 300 mil crianças que as frequentavam. A UNRWA relata que pelo menos 340 pessoas deslocadas internamente foram mortas enquanto procuravam segurança nos abrigos da UNRWA.
Hostilidades e vítimas na Faixa de Gaza
Entre alguns dos incidentes mais mortais relatados em 24 e 25 de janeiro, estão os seguintes:
■ No dia 24 de janeiro, por volta das 15h50, cinco palestinianos, incluindo duas crianças, teriam sido mortos e dezenas ficaram feridos, depois de edifícios residenciais em Rafah terem sido atingidos.
■ No dia 25 de janeiro, por volta das 21h00, pelo menos dez palestinianos, incluindo quatro crianças, terão sido mortos e dezenas de outros ficaram feridos depois de uma praça residencial ter sido atingida no Campo de Refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza.
Deslocação da população na Faixa de Gaza
Numa declaração divulgada pelo ACNUDH em 24 de Janeiro, é indicado que a intensificação da operação em Khan Younis levanta sérias preocupações de que os civis sejam forçados a abandonar as suas casas e abrigos, incluindo aqueles que tinham sido anteriormente deslocados do norte de Gaza para Khan Younis. Centenas de milhares de pessoas deslocadas enchem agora as ruas de Khan Younis e Rafah e vivem em abrigos improvisados em condições miseráveis, com pouco ou nenhum acesso a alimentos, água, medicamentos e abrigo adequado, e muitos enfrentam o risco de mais deslocamento.
Em 25 de janeiro, os militares israelitas voltaram a emitir ordens de evacuação para Khan Younis.