Nos dias 28 e 29 de janeiro não deram tréguas os intensos bombardeamentos israelitas aéreos, terrestres e marítimos sobre a grande parte da Faixa de Gaza, como resultado mais vítimas civis, deslocação das famílias palestinianas e destruição. Em particular, a ação militar destrutiva foi ainda mais intensa em em Khan Younis, de onde há relatos de combates intensos perto dos hospitais Nasser e Al Amal, e de palestinianos a fugir para a cidade de Rafah, no sul, como relata o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
Nos mesmos dias continuaram a verificar-se lançamento de rockets de Gaza para Israel, e operações terrestres e combates entre forças israelitas e grupos armados palestinianos do Hamas.
Entre as tardes de 28 e 29 de janeiro, o relato do Ministério da Saúde de Gaza, refere terem sido mortos 215 palestinianos e 300 palestinianos ficado feridos. Entre 7 de outubro de 2023 e as 12h00 de 29 de janeiro de 2024, de acordo com a mesma fonte, pelo menos 26.637 palestinianos foram mortos em Gaza e 65.387 palestinianos ficaram feridos.
Entre as tardes de 28 e 29 de janeiro, não houve relato de soldados israelitas terem sido mortos em Gaza. No entanto, e de acordo com os militares israelitas desde o início do conflito e até 29 de janeiro, terão sido mortos, em Gaza, 218 soldados israelitas e 1.267 soldados terão ficado feridos.
Em 29 de janeiro, os militares israelitas ordenaram que os bairros de An Nassar, Ash Sheikh Radwan, campo de refugiados Ash Shati, Rimal Ash Shamali e Al Janubi, Sabra, Ash Sheikh ‘Ajlin e Tel Al Hawa, no oeste da cidade de Gaza, evacuassem para o sul. Esta nova ordem cobriu uma área de 12,43 quilómetros quadrados, o que equivale a 3,4 por cento da Faixa de Gaza.
A área sob ordem de evacuação albergava quase 300.000 palestinianos antes de 7 de outubro e, posteriormente, 59 abrigos com cerca de 88.000 deslocados internos ali abrigados. Em 14 de outubro, os militares israelitas ordenaram que as duas províncias do norte de Gaza, que então albergavam um número estimado de 1.206.963 pessoas, evacuassem para o sul de Wadi Gaza.
Desde 1 de dezembro, quando os militares israelitas começaram a ordenar a evacuação de áreas específicas, 158 quilómetros quadrados, o que equivale a 41% da Faixa de Gaza, foram colocados sob as ordens de evacuação. Esta área era o lar de 1,38 milhões de palestinianos antes de 7 de outubro e, posteriormente, continha 161 abrigos que acolheram cerca de 700.750 palestinianos deslocados internamente.
Durante a semana passada, foi observada a detenção de um grande número de homens palestinianos num posto de controlo na cidade de Khan Younis. As pessoas que evacuaram a área que passa pelo posto de controlo foram controladas pelos militares israelitas. Muitos dos homens foram despidos, e apenas com cueca, vendados e levados para parte desconhecida.
Na segunda quinzena de janeiro, as diversas entidades humanitárias continuaram a verificar uma tendência crescente de proibição de acesso e de acesso restrito às zonas norte e centro de Gaza. Entre as razões estão os atrasos excessivos nos camiões de ajuda humanitária antes ou nos postos de controlo israelitas e o aumento da atividade militar no centro de Gaza. As ameaças à segurança do pessoal e dos locais humanitários também são frequentes, o que não só impede a prestação de ajuda urgente, mas também coloca em sérios riscos todos os que estão envolvidos nos esforços humanitários.
No dia 29 de janeiro, por volta das 14h00, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestiniano (PRCS, sigla em inglês) informou que a enfermaria cirúrgica do Hospital Al Amal tinha deixado de operar devido terem esgotado os fornecimentos de oxigénio. A PRCS também relatou pelo menos três mortes e que quatro deslocados internos feridos em tratamento, bem como muitos feridos nas proximidades do hospital não puderam ser tratados devido aos intensos combates. Muitos palestinianos foram evacuados para a sede da organização e para as unidades de saúde, mas os bombardeamentos contínuos colocam em risco a segurança do pessoal médico, dos feridos, dos pacientes e dos cerca de 7.000 deslocados internos que ali procuraram refúgio.
A PRCS afirmou que os contínuos combates e o cerco às instalações estão a dificultar a circulação de ambulâncias e equipas médicas de emergência em Khan Younis, e a impedir que as equipas médicas cheguem aos feridos e os transportem para o hospital para os cuidados médicos necessários.
Em 29 de janeiro, a transferência de abastecimentos humanitários para Gaza através da passagem Kerem Shalom com Israel foi retomada após quatro dias de perturbação por protestos de israelitas.
Hostilidades e vítimas na Faixa de Gaza
Entre os incidentes mortais relatados em 28 e 29 de janeiro, estão os seguintes:
■ Em 29 de janeiro, por volta das 18h00, seis palestinianos, incluindo quatro crianças, terão sido baleados e mortos quanto dirigiam o seu veículo em Khan Younis, com a PRCS a referir que uma menina de seis anos sobreviveu, mas os serviços médicos de emergência não conseguiram socorre-la durante três horas devido aos combates.
■ Em 29 de janeiro, pelo menos 20 palestinos terão sido mortos e outros feridos, quando um edifício residencial foi atingido na cidade de Gaza, relatou a imprensa palestiniana.
■ No dia 29 de janeiro, 25 palestinianos terão sido mortos e outros feridos, quando um edifício residencial foi atingido no leste da cidade de Gaza, segundo os meios de comunicação palestinianos.
■ Em 29 de Janeiro, dois palestinianos terão sido mortos e outros feridos, depois de um edifício residencial ter sido atingido no campo de refugiados de Nuseirat, Deir al Balah, segundo a comunicação social palestiniana.
Deslocação da população na Faixa de Gaza
Em 26 de janeiro, segundo a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), havia cerca de 1,7 milhões de deslocados internos em Gaza. Muitos deles foram deslocados diversas vezes, pois as famílias foram forçadas a mudar-se repetidamente na procura de segurança. Devido aos contínuos combates e às ordens de evacuação, algumas famílias afastaram-se dos abrigos onde foram inicialmente registadas. A província de Rafah é onde mais de um milhão de pessoas estão comprimidas num espaço extremamente sobrelotado. Nos últimos dias, após os intensos bombardeamentos e combates israelitas em Khan Younis e Deir al Balah, bem como devido às novas ordens de evacuação pelos militares israelitas, um número significativo de famílias palestinianas deslocaram-se mais para sul.