O 19 de janeiro de 2024, na Faixa de Gaza, os intensos bombardeamentos israelitas aéreos, terrestres e marítimos não deram tréguas à população palestiniana, e que resultaram em mais destruição, deslocados e vítimas.
Como relatado pelo Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, também continuaram os disparos indiscriminados de rockets por grupos armados palestinianos a partir de Gaza, assim como continuaram a ser relatadas operações terrestres e combates entre forças israelitas e grupos armados palestinianos em grande parte de Gaza.
Dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde de Gaza indicam que entre as tardes de 18 e 19 de Janeiro, terão sido mortos 142 palestinianos e mais 278 ficaram feridos. No total, entre 7 de outubro de 2023 e as 12h00 de 19 de Janeiro de 2024, pelo menos 24.762 palestinianos foram mortos em Gaza e 62.108 palestinianos ficaram feridos.
Pelos militares israelitas não foi relatada nenhuma baixa, em Gaza, entre 17 e 18 de janeiro. Desde o início da operação militar terrestre de Israel em Gaza e até 18 de Janeiro de 2024, as forças militares israelitas indicaram que 191 soldados terão sido mortos e que 1.178 soldados terão ficado feridos em Gaza.
Em 19 de janeiro, os serviços de telecomunicações em Gaza continuaram cortados, como vem acontecendo desde 12 de Janeiro. A falta de comunicações impede o acesso a informação atualizada. A falta de comunicações impede que a população em Gaza tenha possibilidades de saber quando, como e para onde se deslocar para fugir aos bombardeamentos e ataques das forças israelitas, como impede a chamada de socorro de emergência outras formas de resposta humanitária.
Em 18 de janeiro a disponibilidade de água para beber e para uso doméstico em Gaza diminuir, dado que apenas uma das três condutas de água vindas de Israel está funcionar e baixo de metade da capacidade, com um débito de 22.000 metros cúbicos por dia.
Casos de Hepatite aumentam em Gaza já confirmados através de kits de teste fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O Diretor-Geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, alertou que as condições de vida em Gaza são desumanas, onde não há praticamente água potável, “irão permitir que a hepatite A se espalhe ainda mais… A capacidade de diagnosticar doenças permanece extremamente limitada. Não há laboratório a funcionar. A capacidade de resposta também permanece limitada”. Tedros Ghebreyesus voltou “a apelar ao acesso desimpedido e seguro à ajuda médica e à proteção da saúde.”
Os intervenientes humanitários relataram que, até 17 de Janeiro, apenas 15 padarias estavam operacionais em toda a Faixa de Gaza; seis em Rafah e nove em Deir al Balah, e nenhuma padaria funciona atualmente ao norte de Wadi Gaza, isto para mais de 2,2 milhões de palestinianos. O Programa Alimentar Mundial (PAM) tem apoiado oito das padarias ainda a funcionais (seis em Rafah e duas em Deir al Balah), com o fornecimento de farinha de trigo, sal, fermento e açúcar. Através deste apoio, cerca de 250 mil pessoas puderam adquirir pão a preço subsidiado.
A 18 de janeiro, o Diretor Executivo Adjunto da UNICEF, Ted Chaiban, afirmou: “Quando a ajuda entra na Faixa de Gaza, a nossa capacidade de a distribuir torna-se uma questão de vida ou morte. É essencial levantar as restrições de acesso, garantir comunicações terrestres fiáveis e facilitar a circulação de fornecimentos humanitários para garantir que aqueles que estiveram sem assistência durante vários dias recebam a assistência tão necessária. Temos de fazer com que o tráfego comercial flua em Gaza, para que os mercados possam reabrir e as famílias fiquem menos dependentes da ajuda humanitária.”
Hostilidades e vítimas na Faixa de Gaza
De entre os incidentes mais mortais que foram relatados em 19 de janeiro, onde as comunicações não funcionam, estão:
■ Em 19 de janeiro, por volta das 00h15, oito palestinos, incluindo uma criança, teriam sido mortos quando uma casa foi atingida a oeste de Khan Younis.
■ No dia 19 de janeiro, por volta das 7h00, 12 palestinianos teriam sido mortos e vários outros feridos, quando uma casa nas proximidades do Hospital Shifa, na cidade de Gaza, foi atingida.
Em 17 de janeiro, as forças israelitas detonaram explosivos e destruíram a Universidade Israa em Madinat Az Zahraa, cidade do sul de Gaza. A Universidade serviu durante os 70 dias anteriores, como base militar e centro de detenção ad hoc das forças israelitas, onde foram detidos e interrogados palestinianos antes de serem transferidos para local desconhecido.
Deslocação da população na Faixa de Gaza
Em 18 de janeiro, segundo a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA na sigla em inglês), estimava-se que 1,7 milhões de pessoas estavam deslocadas internamente. Muitos deles foram deslocados diversas vezes, pois as famílias foram forçadas a mudar-se repetidamente na procura de segurança.
Todas as ordens de evacuação dadas pelas forças israelitas e a intensificação das hostilidades em Khan Younis e Deir al Balah tornou a província de Rafah junto à fronteira com o Egito no principal refúgio para os deslocados, com mais de um milhão de pessoas comprimidas num espaço extremamente pequeno e sobrelotado.