No dia 31 de janeiro, a Faixa de Gaza continuou sob intensos bombardeamentos israelitas aéreos, terrestres e marítimos, com o número de vítimas civis, deslocados e destruição a aumentar. Verificaram-se intensas atividades militares em Khan Younis, com relatos de combates intensos perto dos hospitais Nasser e Al Amal, e relatos de palestinianos a tentar fugir para a já saturada cidade de Rafah, no sul.
Operações terrestres e combates entre forças israelitas e grupos armados palestinianos continuaram a ocorrer na maior parte de Gaza, como relatou o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
Entre as tardes de 30 e 31 de Janeiro, terão sido mortos mais 150 palestinianos e terão sido feridos mais 313 palestinianos, indicou o Ministério da Saúde de Gaza. Assim, entre 7 de outubro de 2023 e as 12h00 de 31 de janeiro de 2024, pelo menos 26.900 palestinianos foram mortos em Gaza e 65.949 palestinianos ficaram feridos.
Entre 30 e 31 de janeiro, quatro soldados israelitas foram mortos em Gaza, relataram os militares israelitas. Assim, segundo a mesma fonte, até 31 de janeiro, 222 soldados foram mortos e 1.293 soldados ficaram feridos em Gaza.
Em 30 de janeiro, as autoridades israelitas devolveram os corpos de dezenas de palestinianos mortos em Gaza nas últimas semanas através da passagem de Kerem Shalom. De acordo com o Ministério da Saúde em Gaza, entre 80 a 100 corpos foram recebidos e a maioria não era identificável devido à decomposição e foram consequentemente enterrados numa vala comum em Rafah. De acordo com relatos da imprensa israelita e declarações anteriores das autoridades de Israel, os corpos são levados para identificação quando há suspeita de que possam incluir reféns.
No dia 30 de janeiro, por volta das 16h00, civis palestinianos teriam sido alvejados e feridos na rotunda Al Kuwaiti, na cidade de Gaza, enquanto se reuniam na expectativa de receber ajuda humanitária. Este é o quarto incidente relatado em que palestinianos são atacados enquanto recolhiam alimentos.
Em 30 de janeiro, o Conselho de Segurança emitiu uma declaração conjunta saudando a nomeação da Coordenadora Sénior Humanitária e de Reconstrução da ONU para Gaza. Sigrid Kaag expressou preocupação com “a terrível e rápida deterioração da situação humanitária na Faixa de Gaza” e enfatizou “a necessidade urgente de expandir o fluxo de assistência humanitária aos civis em Gaza.”
Em 31 de janeiro, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestiniano (PRCS, na sigla em inglês) informou que um membro do pessoal do Hospital Al Amal tinha sido morto por tiros perto dos portões do hospital. No mesmo dia, a PRCS relatou que uma mulher idosa e uma criança morreram no hospital Al Amal devido à falta de oxigénio de que dependiam e foram enterradas no pátio do hospital.
No dia 29 de janeiro, a PRCS enviou uma ambulância com equipa para recolher a uma jovem, que durantes ataques precisava de ser resgatada, na cidade de Gaza, mas que desde esse momento tinha sido perdido o contacto com a jovem. No dia 31 de janeiro, a PRCS informou que o paradeiro da equipa de socorro da ambulância e da menina ainda era desconhecido.
Os hospitais Nasser e Al Amal, no oeste de Khan Younis, permanecem sob cerco, enquanto as proximidades do Hospital Al Shifa, na cidade de Gaza, também permaneceram tensas, e que uma criança terá sido morta. Em 31 de janeiro, a PRCS informou que o pátio do Hospital Al Amal foi invadido e que as forças israelitas foram posicionadas em frente ao portão externo das urgências.
Em 30 de janeiro, foram registadas vítimas palestinianas devido a ataques nas proximidades do Hospital Nasser e áreas adjacentes.
Nos dias 31 e 30 de Janeiro, foram relatados ataques perto do Hospital Al Amal e da sede da PRCS em Khan Younis.
No dia 31 de janeiro, a organização de Médicos Sem Fronteiras (MSF), em que o chefe de atividades médicas conseguiu visitar o hospital Shifa, na cidade de Gaza, no dia 22 de janeiro, como parte de um comboio organizado pela ONU, relatou que os funcionários “estão a lutar para cuidar dos pacientes porque as necessidades são enorme.” MSF relata ainda que a instalação funciona com três salas de cirurgia para cirurgias urgentes, embora bastante danificadas e com poucos recursos. Um paciente terá morrido devido à falta de sangue para transfusões, disse a MSF. A instalação acolhe pessoas deslocadas em busca de segurança.
No dia 30 de janeiro, os palestinianos teriam descoberto 30 cadáveres enterrados em sacos pretos debaixo da areia numa escola da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), em Beit Lahiya, no norte de Gaza. A escola não era acedida pelos residentes desde cerca de 10 de dezembro, quando ocorreu um incêndio que causou danos significativos e terá forçado as pessoas deslocadas que se encontravam abrigadas no local a fugir. Em 7 de dezembro, a instalação teria sido sitiada e foram relatadas vitimas.
Hostilidades e vítimas na Faixa de Gaza
Entre alguns dos incidentes mortais relatados em 30 e 31 de janeiro estão os seguintes:
■ No dia 31 de janeiro, por volta das 9h50, quatro palestinianos teriam sido mortos e outros ficaram feridos, quando foi atingido um local perto da cidade de Hadam, em Khan Younis.
■ No dia 30 de janeiro, por volta das 18h45, pelo menos 11 palestinianos, incluindo mulheres e duas crianças, teriam sido mortos e outros feridos, depois de um edifício residencial no sudeste de Deir al Balah ter sido atingido.
■ No dia 30 de janeiro, por volta das 13h40, os corpos de cinco palestinianos teriam sido recuperados da Escola Ad Durrah em Qaizan An Najjar, Khan Younis, depois de esta ter sido atingida no dia 8 de janeiro.
■ No dia 30 de janeiro, por volta das 21h00, dez pessoas deslocadas internamente (PDI) ficaram feridas quando as proximidades da Escola Al Ourouba, no noroeste do campo de An Nuseirat, Deir al Balah, foram atingidas.
■ No dia 30 de janeiro, por volta das 14h00, de acordo com a Defesa Civil em Gaza, as forças israelitas destruíram blocos residenciais inteiros em Tal Al Hawa e áreas ocidentais da cidade de Gaza, não houve até ao momento relato de vítimas.
Deslocação da população na Faixa de Gaza
Em 31 de janeiro, a UNRWA informou que cerca de 184.000 pessoas se tinham registado para assistência humanitária na periferia ocidental de Khan Younis, depois de nos últimos dias se terem deslocadas da cidade ocidental de Khan Younis, devido a evacuação e a contínuas operações militares. Juntamente com os deslocados, a própria UNRWA teve de transferir parte das suas operações da cidade ocidental de Khan Younis, perdendo centros de saúde e abrigos. A Agência restabeleceu as suas operações na periferia oeste de Khan Younis.
Em 29 de janeiro, de acordo com a UNRWA, dez deslocados internos foram mortos e vários outros ficaram feridos como resultado de um ataque com mísseis israelitas dentro de uma sala de aula numa escola na cidade de Gaza. Pelo menos 372 deslocados internos abrigados em abrigos da UNRWA foram mortos e 1.335 feridos, desde 7 de outubro.