Mantêm-se os intensos bombardeamentos israelitas aéreos, terrestres e marítimos sobre a grande parte da Faixa de Gaza, e como resultado mais vítimas civis, deslocação da população e destruição de infraestruturas civis. Da mesma forma mantêm-se os relatos de operações terrestres generalizadas e combates intensos entre as forças israelitas e grupos armados palestinianos, especialmente no centro de Khan Younis e a leste de Deir al Balah.
Entre a tarde de 15 de fevereiro e as 11h00 de 16 de fevereiro, foi relatado pelo Ministério da Saúde de Gaza que mais 112 palestinianos foram mortos e que foram feridos mais 157 palestinianos. Assim, entre 7 de Outubro de 2023 e as 11h00 de 16 de fevereiro de 2024, pelo menos 28.775 palestinianos terão sido mortos em Gaza e 68.552 palestinianos ficaram feridos. No entanto, os números podem estar muito abaixo da realidade pois muitos palestinianos ficaram sob os escombros dos edifícios e muitos corpos ainda não foram recuperados ao longo de todo o território. Também se verifica o desaparecimento de muitos palestinianos.
Os ataques aéreos intensos em Rafah, onde mais de metade da população de Gaza está amontoada, em menos de 20% da Faixa de Gaza, e as declarações de responsáveis israelitas sobre uma operação terrestre em Gaza desencadearam um movimento de pessoas da província mais meridional de Gaza em direção a Deir al Balah, o relato é do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
No dia 14 de fevereiro, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) enfatizou que o direito internacional humanitário “protege todos os civis dos efeitos das hostilidades, incluindo aqueles que podem não conseguir sair de Rafah”, e acrescentou: “Israel, como país ocupante poder, deve garantir que as necessidades básicas da população civil sejam satisfeitas. Além disso, é necessário… que o fluxo de ajuda que entra em Gaza se torne um fluxo constante e robusto: alimentos, água potável, artigos de higiene, medicamentos e materiais para fazer o saneamento básico e permitir um abrigo adequado.”
Entre as tardes de 15 e 16 de fevereiro, dois soldados israelitas terão sido mortos em Gaza. Assim, até 16 de fevereiro, 232 soldados terão sido mortos e 1.368 soldados terão ficado feridos em Gaza desde o início da operação terrestre, como tem vindo a ser indicado pelos militares israelitas.
Em 16 de fevereiro, a operação das forças israelitas no complexo do Hospital Nasser em Khan Younis continuou. Os militares israelitas alegaram que o Hamas mantinha reféns ou retinha os corpos de israelitas dentro do complexo e, posteriormente, relataram que as suas forças prenderam vinte dos suspeitos dos ataques de 7 de outubro em Israel.
No dia 15 de fevereiro, o Ministério da Saúde de Gaza informou que centenas de pacientes e funcionários tinham sido transferidos para um edifício dentro do complexo hospitalar, onde não tinham comida, água e suprimentos para bebés, e que os geradores hospitalares tinham parado de funcionar, colocando a vida de seis pacientes que sobreviviam com recurso ventiladores na unidade de terapia intensiva (UTI) e de três bebés prematuros, em situação de risco.
Na manhã do dia 16 de fevereiro, o Ministério da Saúde informou que cinco pacientes da UTI morreram devido à falta de oxigénio.
Em 15 de fevereiro, A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) informou que o hospital tinha sido bombardeado, matando e ferindo um número indeterminado de pessoas, e que um dos funcionários estava desaparecido.
Em 15 de fevereiro, Martin Griffiths, Subsecretário-Geral para os Assuntos Humanitários e Coordenador da Ajuda de Emergência, expressou a sua preocupação com a evolução do Hospital, e afirmou que “os feridos e os doentes, bem como o pessoal e as instalações médicas devem ser protegidos. Todas as precauções possíveis devem ser tomadas para poupar pacientes, funcionários e civis abrigados no hospital. Os hospitais devem ser locais de maior segurança e não de guerra.”
As agências humanitárias do Sector de Segurança Alimentar (FSS), têm vindo a alertar que continua a ser dificultado um abastecimento alimentar consistente e confiável para servir toda a população de Gaza, devido aos frequentes encerramentos de fronteiras, pelas restrições de longa data à importação de mercadorias para Gaza, pelos danos em infraestruturas críticas e pela situação de segurança.
A insegurança alimentar no Norte de Gaza e nas províncias de Gaza atingiu especialmente um estado extremamente crítico, dadas as restrições significativas à prestação de assistência humanitária. Em Rafah, as condições humanitárias tornaram-se cada vez mais graves, com relatos contínuos de pessoas que pararam camiões de ajuda para levar alimentos. Os segmentos vulneráveis da população, incluindo as crianças, os idosos e as pessoas com problemas de saúde subjacentes, são particularmente suscetíveis ao risco de desnutrição.
Entre 1 de janeiro e 12 de fevereiro, 51% das missões planeadas pelos parceiros humanitários para entregar ajuda e realizar avaliações em áreas a norte de Wadi Gaza não se realizaram devido à oposição das autoridades israelitas. Durante o mesmo período, 25% das missões planeadas para áreas avaliadas como necessitando de coordenação ao sul de Wadi Gaza também não foram autorizadas pelas autoridades israelitas.
Em 15 de fevereiro, a UNRWA informou que o seu Centro de Reabilitação para Deficientes Visuais na cidade de Gaza, que prestava serviços e atividades recreativas a crianças afetadas em toda Gaza, foi destruído. Desde 7 de outubro de 2023, foram comunicados cerca de 321 incidentes que afetaram as instalações da UNRWA em Gaza, incluindo pelo menos 45 incidentes de utilização militar e/ou interferência nas instalações da UNRWA. No mesmo período, pelo menos 396 deslocados internos abrigados em abrigos da UNRWA foram mortos e pelo menos 1.383 ficaram feridos. Em 15 de fevereiro, o número total de funcionários da UNRWA mortos desde o início das hostilidades era de 158.
Hostilidades e vítimas na Faixa de Gaza
Entre os incidentes mortais relatados em 14 de fevereiro, principalmente na cidade de Gaza e na província de Deir al Balah, estão os seguintes:
■ No dia 14 de fevereiro, por volta das 14h00, três palestinianos foram mortos, quando um carro civil teria sido atingido na cidade de Gaza.
■ No dia 14 de fevereiro, por volta das 15h00, 15 palestinianos foram mortos, quando um edifício residencial no Campo de Refugiados An Nuseirat, em Deir al Balah, foi atingido.
■ No dia 14 de fevereiro, por volta das 16h00, cinco palestinianos foram mortos, quando um grupo de pessoas no bairro de Az Zaytoun, na cidade de Gaza, foi atingido.
■ No dia 14 de fevereiro, por volta das 16h00, seis palestinianos foram mortos e outros 18 ficaram feridos, quando uma área atrás do Hospital Al Aqsa, em Deir al Balah, foi atingida.
■ No dia 14 de fevereiro, por volta das 16h00, seis palestinianos foram mortos e outros 10 ficaram feridos, quando um edifício residencial no Campo de Refugiados de An Nuseirat, em Deir al Balah, foi atingido.
■ No dia 14 de fevereiro, por volta das 17h00, três palestinianos, incluindo um jornalista, a sua esposa e filho, foram mortos quando um carro foi atingido no bairro de Ash Sheik Radwan, na cidade de Gaza.