O novo espaço do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) foi distinguido pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM) com o Prémio “Trabalho de Museografia” em reconhecimento da criatividade e qualidade da sua componente expositiva e da capacidade de ligação cognitiva e afetiva com o público.
Na cerimónia de entrega de prémios, dia 25 de maio, no Museu Nacional dos Coches, em que foram reconhecidos os melhores trabalhos de museologia desenvolvidos ao longo de 2017, esteve presente o Ministro da Cultura e o Presidente da República.
Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva, aberta ao público desde 30 de junho de 2017, é “um dos mais recentes casos de sucesso ao nível do envolvimento do público com um espaço museológico”. Dados da Universidade do Porto (UPorto), indicam que mais de 70.000 pessoas visitaram Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva, que foi concebida numa lógica de integração e abertura universal, como espaço de encontro e conversação.
O espaço do Museu dedicado à biodiversidade é o resultado do trabalho de uma equipa multidisciplinar liderada por Nuno Ferrand de Almeida, biólogo e diretor do MHNC-UP, incluindo Jorge Wagensberg, museógrafo e comunicador de ciência e Luís Mendonça, designer e criativo.
A Galeria da Biodiversidade apresenta “uma linguagem museográfica que tem como princípio orientador a indução do estímulo sensorial, afetivo e cognitivo. Nela convivem objetos reais e fenómenos, desafiando os visitantes a compreender a diversidade da vida e os processos evolutivos que a originam e moldam.”
Inscrita no Jardim Botânico do Porto, a Galeria da Biodiversidade está instalada na Casa Andresen, onde, entre o final da última década do século XIX e a década de 1930, viveram os avós de Sophia de Mello Breyner Andresen e onde a poeta e contista e o seu primo, também escritor, Ruben A. passaram muito do seu tempo de infância, o que acabaria por influenciar consideravelmente a sua obra, tal como se pode perceber pelas múltiplas referências que nela existem a este lugar mágico, esclareceu a UPorto.
A UPorto esclareceu ainda que o extraordinário trabalho de reabilitação arquitetónica do edifício, coordenado pelo aclamado arquiteto Nuno Valentim, decorreu em duas fases: a primeira, desenvolvida tendo em vista o destino final do espaço, mas visando primeiramente acolher a grande exposição A Evolução de Darwin, ficou concluída em 2010. Por sua vez, a segunda, desenvolvida em plena sintonia com a delineação do discurso museográfico e narrativa pensados para este polo do MHNC-UP, ficou finalizada em 2015, tendo permitido dotar o espaço de todas as condições necessária ao seu pleno funcionamento como espaço expositivo permanente.
Para a UPorto o trabalho de museografia envolvido na Galeria da Biodiversidade, como a expressão artística de objetos de história natural e ciência torna-se predominante, e expande o seu valor intrínseco.
A Galeria surge “como um espaço de confluência de saberes, em que a arte, literatura, história e ciência se combinam para contar as mais surpreendentes e entusiasmantes histórias sobre a vida”, Uma Galeria da Biodiversidade construída em torno metáforas museográficas, que, como descreveu Jorge Wagensberg, são “uma combinação de objetos e fenómenos capaz de tornar visível um pedaço invisível da realidade”.
Integrada num projeto museológico mais amplo que reflete a aposta da U.Porto, no âmbito da sua terceira missão, na ligação à comunidade através da promoção cultural e divulgação científica, a Galeria da Biodiversidade é, em conjunto com o Jardim Botânico do Porto, em que se inscreve, um de três polos do MHNC-UP que prometem alterar significativamente a face cultural da cidade do Porto. Neste momento, enquanto esta se consolida como espaço de fruição intelectual e sensorial, o polo central cresce, num profundo processo de requalificação de espaços, reabilitação de coleções e definição de discurso museográfico atualmente em curso.
Prémios APOM reconhecem o mérito da museologia em Portugal
Anualmente, a APOM distribui um conjunto de prémios em organizados em categorias como comunicação, marketing, conservação, museografia, entre outras, com o objetivo de incentivar a criatividade dos agentes e instituições de museologia nacionais, reconhecendo o seu contributo e dando visibilidade ao que de melhor se faz nesta área.
A edição deste ano contou com 253 candidaturas, envolvendo instituições de Portugal continental e regiões autónomas, bem como projetos expositivos e de divulgação cultural no estrangeiro.