Uma investigação liderada pela França e apoiada pela Europol levou ao desmantelamento de uma grande rede criminosa que compreende vários pequenos grupos criminosos envolvidos em contrabando de migrantes e lavagem de dinheiro.
Em comunicado a Europol refere que a extensa investigação sobre contrabando de migrantes e finanças da Polícia Nacional Francesa (Police aux frontiers/OLTIM Roissy Charles de Gaulle) foi apoiada nacionalmente pela Unidade de Investigação Interministerial Francesa (GIR Bobigny), e pelas autoridades do Luxemburgo, Portugal, Reino Unido, entre vários outros países da União Europeia e de outros países terceiros.
Como descrito pela Europol a investigação concentrou-se em vários grupos criminosos que interligados estavam a contrabandear migrantes da Índia, Sri Lanka e Nepal, para a Europa, Reino Unido e América do Norte.
Os criminosos facilitaram a viagem dos migrantes para a União Europeia através do Dubai ou de diferentes países africanos usando vistos de turismo, trabalho ou médicos, obtidos ilegalmente. Aos migrantes seriam cobrados entre 15.000 euros e 26.000 mil euros por pessoa, pelo serviço completo para a colocação no país de destino.
Para o sucesso da investigação as autoridades policiais e judiciais concentraram-se fortemente nos aspetos financeiros, seguindo o dinheiro. Os investigadores descobriram que a rede de criminosos lavou seus ativos ilegais de várias maneiras: usando empresas de fachada, hawala (sistema popular e informal de transferência de valor baseado no desempenho e honra de uma enorme rede de corretores de dinheiro) e tráfico de ouro. A rede também usou tickets de restaurante, um sistema de bónus de almoço para funcionários amplamente adotado na França, para lavagem de dinheiro.
O primeiro dia de ação em 12 de março de 2024 levou à prisão de 13 supostos contrabandistas e 6 corretores financeiros. Estes últimos faziam parte de uma rede hawala suspeita de ter transferido anualmente mais de 50 milhões de euros em ativos criminosos para a rede de contrabando de migrantes.
Durante o segundo dia de ação em 25 de junho de 2024, as autoridades policiais francesas seguiram dois corretores ilegais de ouro que movimentavam 5 milhões de euros por ano. Após essas ações, um padre tâmil, que fazia parte da rede, assumiu as atividades dos corretores de hawala presos e usou o templo para recuperar dinheiro do contrabando de migrantes. O padre tâmil foi preso em 12 de novembro de 2024, acusado e posteriormente mantido sob custódia.
Mais tarde, no mesmo mês, outros 4 indivíduos foram detidos por lavagem de mais de 200 milhões de euros com recurso a empresas de obras públicas. Usando uma empresa legítima como fachada, a rede usou seus ativos “limpos” para expandir suas atividades, ao mesmo tempo em que empregava migrantes irregulares e pagava-lhes significativamente menos do que os salários regulares do setor.
A Europol estima que rede criminosa terá contrabandeado milhares de pessoas para a França desde 2022, fornecendo-lhes passagens aéreas, documentos falsos e outros recursos para facilitar suas viagens ilegais. Estima-se que os grupos geraram no total várias centenas de milhões de euros em lucros ilegais.
Resultados gerais das autoridades
- Foram realizadas 26 prisões de suspeitos
- Foram realizadas apreensões que incluem:
- Nove moradias e quatro lojas com um valor total de 3.432.000 euros
- Trinta e cinco contas bancárias com mais de 440.000 euros
- Apreendido 121 000 euros em criptomoedas
- Vinte e três veículos luxuosos avaliados em cerca de 752.000 euros
- Ouro e joias avaliados em mais de 5 milhões de euros
- 1.700 em vouchers de restaurante
- Máquinas para a produção de joalharia estimadas em 500.000 euros
- 350.000 euros em dinheiro
- 400.000 euros em material de construção