Flamengo no Palácio Nacional de Sintra

Compañia Flamenca “Cadencia Andaluza” inaugura a 4.ª edição dos “Reencontros – Memórias Musicais no Palácio de Sintra”. Dois espetáculos, dias 6 e 7 de julho, transformam a Sala dos Cisnes do Palácio Nacional de Sintra num tablao de flamenco.

Flamengo no Palácio Nacional de Sintra
Flamengo no Palácio Nacional de Sintra. Foto: © PSML-Wilson Pereira

O ciclo “Reencontros – Memórias Musicais no Palácio de Sintra”, que vai na quarta edição, arranca nos dias 6 e 7 de julho, com dois concertos dedicados ao flamenco, apresentados pela Compañia Flamenca Cadencia Andaluza”.

Os dois espetáculos, na sexta-feira “Senderos Flamencos”, o sábado “Somos Magia”, percorrem os estilos mais importantes do flamenco, através das três principais disciplinas: guitarra, canto e dança. Esta é a primeira vez que se dança flamenco neste ciclo dedicado à Idade Média e ao Renascimento, no Palácio Nacional de Sintra.

Rúben Martínez e a sua companhia Cadencia Andaluza” dão a conhecer a genuína arte clássica do flamenco na Sala dos Cisnes do Palácio de Sintra. Esta expressão da cultura popular nasceu da miscigenação cultural de diferentes povos que habitaram o que é hoje a Andaluzia, desde o período muçulmano. O ciclo “Reencontros” abraça, pela primeira vez desde a sua criação, uma arte popular.

Flamengo no Palácio Nacional de Sintra
Flamengo no Palácio Nacional de Sintra
Compañia Flamenca “Cadencia Andaluza”. Foto: DR

O ciclo “Reencontros – Memórias Musicais no Palácio de Sintra” é uma iniciativa conjunta da empresa Parques de Sintra e do Divino Sospiro – Centro de Estudos Musicais Setecentistas em Portugal (CEMSP), que tem como diretor artístico o maestro Massimo Mazzeo.

“Reencontros – Memórias Musicais no Palácio de Sintra” dá continuidade à 4.ª Temporada de Música Erudita da Parques de Sintra, que iniciou em março com os “Serões Musicais no Palácio da Pena”, e termina, em outubro e novembro, com o ciclo “Noites de Queluz – Tempestade e Galanterie”.

Programação

Ciclo Reencontros – Memórias Musicais no Palácio de Sintra

– Da Idade Média ao Renascimento –

Dia 6 de julho

21h30 | Sala dos Cisnes

Senderos Flamencos

Dia 7 de julho

21h30 | Sala dos Cisnes

Somos Magia

Compañia Flamenca “Cadencia Andaluza”

Rúben Martínez: guitarra e direção musical
Juan María Real: guitarra
Javier Allende: voz
Kisko de Alcalá: voz
Rocío Suarez: dança
Alvaro El Sarabla: dança
Manuel Moreno: cajón flamenco
Juanmi Guzmán: contrabaixo

Rubén Martínez e a sua companhia “Cadencia Andaluza” apresentam, pela primeira vez em Sintra, os espetáculos “Senderos Flamencos“ e “Somos Magia”, concebidos para darem a conhecer a genuína arte clássica do flamenco, percorrendo os seus estilos mais importantes através das três principais disciplinas: guitarra, canto e dança. Cada uma com o seu papel de destaque, às quais se vão juntando outros dois instrumentos, o cajón flamenco e o contrabaixo, que dão suporte rítmico, resultando em espetáculos vibrantes e emocionantes que contam com a participação de conceituados jovens artistas com experiência e personalidade.

Dia 13 de julho

21h30, Sala dos Cisnes

“Mediterraneo” – Música de Espanha, Itália, Grécia, Turquia e Macedónia

L’Arpeggiata
Christina Pluhar: teorba e direção musical
Céline Sheen: soprano
Vicenzo Capezzuto: alto
Doron Sherwin: corneto
Josep María Martí Duran: guitarra barroca e teorba
Sergey Saprychev: percussões
Boris Schmidt: contrabaixo
Francesco Turrisi: cravo e percussão

O ponto de partida para este programa são os “canti greci-salentini”, canções e tarantelas cujas raízes musicais podem ser encontradas na Itália, mas que têm vindo a ser cantadas em grego e pela população grega residente em Salento há muitos séculos. Esta amálgama fascinante das culturas grega e italiana meridionais impulsionou-nos a empreender uma viagem musical de descoberta na região mediterrânea e a procurar outras interligações. O nosso itinerário leva-nos do sul da Itália para leste, na direção da Grécia e da Turquia, e para ocidente, em direção a Espanha (Maiorca e Catalunha).

Dia 14 de julho

21h30, Sala dos Cisnes

“Cundrîe la Surziere” – Um trajeto medieval em busca de Chrétien de Troyes e Wolfram Von Eschenbach

Ala Aurea
Maria Jonas: voz, shrutibox, conceito, arranjos e direção musical
Elisabeth Seitz: saltério
Bassem Hawar: djoze
Fabio Accurso: alaúde, flauta e composição das peças instrumentais
Tiago Mota: recitação

A Cundrîe, uma espécie de feiticeira, mensageira do Santo Graal, governava as ciências e as línguas do Mundo Antigo. Era a mediadora entre o oriente e o ocidente, e a sua mensagem era a «Caridade». Esta mensagem cristã primeva ecoava apenas através dela – da sua voz meia pagã – no antigo círculo Arturiano cristão. Das três histórias épicas de Parsifal que sobreviveram até aos nossos dias, apenas uma melodia nos foi deixada como legado. Maria Jonas procurou e encontrou todas as músicas numa forma medieval, com os textos selecionados a receberem uma melodia medieval subjacente. Os três músicos improvisam sobre estas canções.

Dia 20 de julho

21h30, Sala dos Cisnes

“Flos Florum” – Simbologia do número e devoção mariana na polifonia franco-flamenca

Odhecaton
Paolo da Col: direção musical
Alessandro Carmignani: contratenor
Andrea Arrivabene: contratenor
Gianluigi Ghiringhelli: contratenor
Alberto Allegrezza: tenor
Luca Dordolo: tenor
Riccardo Pisani: tenor
Vincenzo Di Donato: tenor
Enrico Bava: baixo
Marcello Vargetto: baixo

O número orientava a construção de muita da música polifónica do Renascimento. Não só regulava os tempos e as harmonias, como transmitia significados simbólicos. A polifonia herdou o conceito medieval da música enquanto ciência pertencente ao “quadrivium”, o domínio matemático das artes liberais. Tudo isto acontece nesta antologia ideal de motetos compostos pelos mais importantes polifonistas franceses e flamengos ativos nas capelas musicais italianas entre os séculos XV e XVI. Como que numa litania, os textos dedicados à Virgem surgem sucessivamente, evocando as doces imagens da iconografia Mariana do Renascimento.

Dia 21 de julho

21h30, Sala dos Cisnes

Os Humores de Orlando di Lasso

Odhecaton
Paolo da Col: direção musical
Alessandro Carmignani: contratenor
Andrea Arrivabene: contratenor
Gianluigi Ghiringhelli: contratenor
Alberto Allegrezza: tenor
Luca Dordolo: tenor
Riccardo Pisani: tenor
Vincenzo Di Donato: tenor
Enrico Bava: baixo
Marcello Vargetto: baixo

Orlando di Lasso, representante maior da polifonia do século XVI, evidenciava uma vocação cosmopolita e também uma extraordinária versatilidade. Nascido e criado na Flandres, teve as suas primeiras experiências musicais na Itália e, mais tarde, integrou a capela da corte do Duque da Bavária, em Munique, onde permaneceria o resto da sua vida. Lasso sobressaía tanto no reportório sagrado como profano, compondo com confiança desde madrigais italianos a lieder, chansons, moresche e villanesche. Algumas das suas composições polifónicas são aqui divididas por géneros e “humores”, em conformidade com o caráter jovial ou melancólico da sua complexa personalidade.

Dia 27 de julho

21h30. Sala dos Cisnes

Redescobrindo Espanha – “Fantasías, Diferencias y Glosas” na música espanhola dos séculos XVI e XVII

Accademia del Piacere
Fahmi Alqhai: viola de gamba e direção musical
Johanna Rose: viola de gamba
Rami Alqhai: viola de gamba
Javier Núñez: cravo
Juan Carlos Rivera: guitarra barroca
Pedro Estevan: percussão

No presente programa, a Accademia del Piacere procura recuperar a principal prática instrumental (a hispânica, neste caso) e a leitura musical dos séculos XVI e XVII, mantendo-nos afastados da interpretação superficial de fantasías, diferencias y glosas criadas na sua época enquanto meros exemplos de uma prática e focando-se na criação e na performance puras, seguindo verdadeiros critérios historicistas: o objetivo e propósito reais dos músicos de todos os tempos.

28 de julho

21h30, Sala dos Cisnes

“Hispalis Splendens” – Música de Sevilha do século de ouro

Accademia del Piacere
Fahmi Alqhai: viola de gamba e direção musical
Johanna Rose: viola de gamba
Rami Alqhai: viola de gamba
Javier Núñez: cravo

A música sevilhana do “século de ouro” refletiu uma constante oscilação entre dois polos: por um lado, a joie de vivre, o desfrutar do momento, a sensualidade, a comédia, a luz; e, por outro, a mística, a contemplação do eterno, a espiritualidade, a tragédia, a profunda obscuridade. Nas suas ruas não faltavam danças e variações de canções de êxito, como Guárdame las vacas, jácaras ou folías. Porém, com o virar do século (1600), o misticismo da polifonia religiosa — que, convém dizer, nunca deixou de estar presente — reinava, já, sem competição. Obedientes, alternaremos entre um e outro, neste concerto.

Cartaz-Programa