Durante este período de pandemia de COVID-19 muitas consultas, diagnósticos, tratamentos e cirurgias, em oftalmologia, não têm sido realizadas. Agora que muita da atividade tem vindo a ser retomada e os meios de proteção passaram a ser tidos como normais, os acessos aos cuidados de saúde, nomeadamente os cuidados de saúde ocular devem ser retomados com toda a normalidade, e os doentes devem sentir que ir a consultas médicas e aos hospitais é seguro e imprescindível para a saúde.
“A interrupção dos tratamentos oculares pode levar a perda grave de visão e cegueira em doenças como por exemplo a, retinopatia diabética, a degenerescência macular da idade (DMI) e o glaucoma”, alerta Rufino Silva, médico oftalmologista e vice-presidente e da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO).
Um alerta que deve ser tido em conta e que também permite assinalar o Dia Mundial da Visão, a 8 de outubro, tanto mais que muitas doenças da visão podem ser tratadas com sucesso, desde que o tratamento ou a intervenção cirúrgica seja em feita numa fase da evolução da doença.
O médico oftalmologista reforça que em Portugal “a retinopatia diabética é uma complicação da diabetes a nível ocular que tem tratamentos que permitem preservar a visão dos doentes e, em muitos casos, permitem mesmo recuperar a visão perdida. No entanto, para que tal aconteça estes tratamentos devem ser mantidos de forma repetida e regular. No caso da DMI, onde crescem vasos sanguíneos anormais por debaixo da retina ou na sua espessura, a regularidade necessária é ainda mais urgente. A sua interrupção pode provocar, com maior frequência nesta doença, uma perda irreversível de visão. Por outro lado, doenças como o glaucoma também precisam de vigilância e tratamento para evitar a perda de visão.”
O especialista acrescentou: “Mais de 85% da informação que recebemos chega-nos através da visão. A nossa vida pessoal, profissional, afetiva e relacional está suportada na informação visual”.
“O medo de perder a visão, de acordo com estudos publicados, é superior, por exemplo, ao medo de ter um carcinoma da próstata ou um AVC. Exemplo disso é o caso dos doentes diabéticos, que como muito bem sabemos podem ter complicações graves em vários órgãos, mas a complicação que mais temem é a cegueira”, concluiu Rufino Silva.
A SPO lembra que “é importante reforçar que as pessoas devem sempre tratar da sua saúde ocular exclusivamente com o seu médico oftalmologista”, dado que “ao contrário de um optometrista, este estudou medicina e especializou-se em Oftalmologia, ganhando todos os conhecimentos para tratar as doenças oculares”.
Em comunicado a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia lembra ainda que “ter uma visão normal não significa que esteja tudo bem. Só o médico Oftalmologista está preparado para prevenir, diagnosticar e tratar as doenças oculares”.