Na Biblioteca Pública de Braga (BPB) várias publicações de José Leite de Vasconcelos, fundador do Museu Nacional de Arqueologia e outras publicações que abordam este português de cultura, estão expostas para assinalar os 160 anos do seu nascimento.
Para além das publicações, todas à guarda da BPB, a exposição inclui uma secção simbólica de estudos sobre o Minho, como registos de achados, a defesa do castelo de Braga, o santuário da fonte do Ídolo, o desejado museu de arqueologia local e a troca de cartas com o vimaranense Martins Sarmento.
A mostra insere-se no ciclo “Efemérides” da BPB, uma unidade cultural da Universidade do Minho, e está disponível para visita até 28 de setembro. A entrada é livre todos os dias úteis, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30, exceto de 13 a 24 de agosto.
José Leite de Vasconcelos nasceu em Tarouca, em 1858 e morreu em Lisboa, no ano de 1941, licenciou-se em Medicina no Porto, tendo recebido o Prémio Macedo Pinto de melhor aluno.
Como médico foi delegado de saúde e teve consultório no Porto. Veio, no entanto, a dedicar-se à linguística, filologia, arqueologia, etnografia, numismática e epigrafia, despertado pela observação das tradições na sua infância rural e adotando um estilo investigativo exaustivo.
Doutorou-se em Filologia na Universidade de Paris, França, foi conservador da Biblioteca Nacional durante 23 anos, lançou publicações-chave como a “Revista Lusitana”, “O Arqueólogo Português” ou “Boletim de Etnografia” e lecionou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL).
José Leite de Vasconcelos mostrou-se sempre zeloso das origens e tradições lusas, tendo fundado o Museu Etnológico em Belém, atual Museu Nacional de Arqueologia, ao qual deixou em legado oito mil obras, além de manuscritos, cartas, gravuras e fotos.
Como investigador minucioso percorreu o país e pesquisou obras raras em bibliotecas como em Leiden, na Holanda, e em Viena, na Áustria, tendo liderado a secção “Arqueologia Pré-Histórica” do Congresso do Cairo’1909, no Egito, foi ainda correspondente do Instituto de França e membro da Real Academia das Ciências, e veio a presidir ao Museu da Academia das Ciências de Lisboa e também presidente de honra da Associação dos Arqueólogos Portugueses.
José Leite de Vasconcelos é autor do maior epistolário português conhecido, composto por 24.800 cartas de 3803 correspondentes, fruto da sua rede de contactos, desde os humildes camponeses da ilha do Corvo aos vultos da inteligentzia europeia.
Foi distinguido com a Comenda da Legião de Honra de França e a grã-cruz da Ordem da Instrução Pública e da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, e o seu nome consta em ruas de Portugal e do Brasil e numa sala da FLUL.
Multifacetado e enciclopédico, Leite de Vasconcelos foi pioneiro no estudo de dialetos e de nomes próprios portugueses, entre outros âmbitos, fazendo ainda recolhas, coletâneas, ensaios, poesia e centenas de artigos em órgãos nacionais e estrangeiros. Merecem destaque as suas obras “Religiões da Lusitânia”, “Tradições Populares Portuguesas”, “Opúsculos”, “Portugal Pré-Histórico”, “Antroponímia Portuguesa”, “Etnografia Portuguesa”, “A Figa”, “Contos Populares e Lendas”, “Romanceiro Português” e “Cancioneiro Popular Português”.