O surto de COVID-19 mudou a vida de todos nós. Abandonámos as ruas, saímos das lojas e começámos a trabalhar a partir de casa. Os aviões foram obrigados a ficar em terra, os restaurantes e as lojas foram fechados e os governos ordenaram aos seus cidadãos que ficassem em casa, em quarentena e com distanciamento social para abrandar a propagação do vírus. Isto foi muito claro. O que não ficou claro foi o profundo impacto que isto teria na saúde mental.
O corte maciço e repentino das interações pessoais deu início a emoções significativas e intensas ao longo das semanas e meses que se seguiram.
A exposição “Fases de Isolamento“, na Campo Pequeno Art Gallery, é a interpretação de João Carlos sobre as várias fases de isolamento e respetivas emoções. Uma exposição que está aberta todos os dias, das 11h00 às 22h00, até 7 de janeiro de 2021, sendo a entrada gratuita.
A exposição está estruturada por semanas:
■ Semana Um: Ajuste e ansiedade. Um período de adaptação ao ficar e trabalhar em casa 24 horas por dia, 7 dias por semana. O medo é evidente e a incerteza é abundante, os quais levam ao aumento dos níveis de ansiedade.
■ Semana Dois: Tédio e frustração. À medida que as pessoas lidam com um mundo totalmente alterado, sentimentos de desespero, perda, frustração e até mesmo tédio podem se instalar. A vida voltará ao normal?
■ Semana Três e Quatro: Raiva e paranóia. À medida que a curva se torna mais plana a realidade de um cenário pior torna-se distante. As pessoas começam a questionar se a pandemia é uma farsa, se as medidas foram demasiado drásticas e criticam os seus líderes políticos. As pessoas começam a manifestar exteriormente a sua raiva, exigindo os seus direitos e saem às ruas para marchar pacificamente ou destruir propriedades.
■ Semana Cinco: Aceitação e adaptação. As pessoas começam a aceitar o seu “novo” modo de vida, que agora inclui máscaras, desinfetante de mãos, distanciamento de 2 metros e que exclui grandes encontros, abraços e beijos. Embora alguns possam achar fácil gerir as suas emoções e adaptar-se, outros ainda podem sofrer silenciosamente sob uma imagem externa de aceitação.
João Carlos é um fotógrafo versátil de moda e fine art que se desloca entre Nova Iorque e Lisboa. Nasceu em Nova Iorque, e é filho de portugueses,
Embora tenha manifestado interesse em ter uma câmara “de verdade” aos cinco anos, as suas explorações artísticas começaram com a pintura e as artes plásticas que o levaram a estudar no Instituto de Arte e Comunicação Visual Ar.Co, em Lisboa.
Neste trabalho de 15 obras, João contou com Fabrícia Pereira e Rodrigo Castelhano, amigos e modelos, para ajudar a criar estas imagens e para divulgação do tema da saúde mental.