Exposição “Disco” no MAAT – mais de 500 pinturas da artista Vivian Suter

Exposição “Disco” no MAAT - mais de 500 pinturas da artista Vivian Suter
Exposição “Disco” no MAAT - mais de 500 pinturas da artista Vivian Suter. Foto: Rosa Pinto

O MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa, apresenta numa das mais importantes exposições do ano, mais de 500 pinturas de Vivian Suter. A artista suíço-argentina explora as possibilidades da pintura e a sua relação com a natureza. A exposição “Disco” abre ao público a 30 de outubro de 2024 e é visitável até 17 de março de 2025.

A pintora suíço-argentina Vivian Suter (n. 1949) tem vindo a construir, ao longo das últimas quatro décadas, uma obra monumental em Panajachel, na Guatemala. Na “Disco”, o título da exposição é também o nome do cão da artista, é apresentado o culminar do trabalho da artista, com mais de 500 pinturas, incluindo 163 peças que são expostas pela primeira vez. A localização geográfica de Vivian Suter desempenha um papel fundamental na sua prática artística, influenciando profundamente tanto o seu processo criativo como o resultado das suas pinturas.

Vivian Suter diz: “Nada do que tenho trabalhado como artista teria sentido sem este lugar, sem estas árvores, sem as folhas, sem os meus cães que me seguem para onde quer que eu vá.” De facto, em Panajachel, o seu trabalho tomou um novo rumo.

As pinturas abstratas de Vivian Suter aparecem como o resultado de uma relação diária, física e emocional com os materiais e as contingências da natureza no local onde vive e trabalha. A chuva, a terra, a humidade e as pegadas dos animais habitam frequentemente as suas telas, o que exprime a estreita interação entre a artista e o ecossistema em que a obra é gerada.

Ela descobriu um cenário fecundo onde se entregou a uma prática disciplinada, solitária e obsessiva, através da qual foi constituindo uma linguagem plástica única, um idioma expressivo particular, com as formas vivas deste lugar. Aqui, a sua pintura passa a incorporar e a responder às circunstâncias imediatas das suas condições de trabalho, com o biótopo, os ciclos sazonais, a meteorologia, a luz, a flora, a vida animal e todas as outras forças vitais que permeiam este espaço natural”, escreveu Sérgio Mah, o curador da exposição, no seu ensaio Estação meteorológica para o catálogo.

Todas as pinturas reunidas nesta exposição não têm título nem são datadas, embora Vivian Suter assuma terem sido feitas nos últimos dez anos. Utiliza várias técnicas e materiais, incluindo acrílico, óleo e pigmentos misturados com cola de peixe. No entanto, quando são pintadas no exterior, onde muitas vezes permanecem durante dias, semanas ou meses, as telas ficam expostas ao sol, ao vento, à chuva e à humidade, incorporando sujidade, folhas, detritos, restos de insetos e pegadas dos seus cães.

É um trabalho colaborativo, sem hierarquia ou preconceções, e com total abertura para integrar os vestígios e os efeitos casuais e imprevisíveis da natureza, o seu devir, os ritmos, as formas e as forças que têm origem e se abrigam nela”, acrescentou Sérgio Mah.

“Disco” surge após vários momentos de grande aclamação da crítica internacional, na sequência da sua participação na Documenta 14, em 2017, e das suas exposições no Museu Nacional Reina Sofia, em Madrid, e Vienna Secession. “Disco” viajará para o Palais de Tokyo no verão de 2025, fruto da colaboração entre as duas instituições.

Sérgio Mah descobriu o trabalho de Vivian na Documenta 14 e ficou convencido de que as suas peças se adequariam às qualidades espaciais e arquitetónicas da Galeria Oval do MAAT. Sentiu também que o trabalho de Vivian estava em sintonia com os temas que o museu aborda frequentemente nas suas exposições, como a natureza, a ecologia e o pós-colonialismo.

Biografia de Vivian Suter

Vivian Suter nasceu em Buenos Aires, em 1949, de pais europeus exilados na Argentina – o seu pai tinha uma fábrica de impressão têxtil em Buenos Aires, e a sua mãe, Elisabeth Wild, era artista. Aos 12 anos de idade, durante o regime de Péron, a sua família mudou-se para Basileia, na Suíça, onde Vivian estudou pintura.

Em 1982, pouco tempo depois da sua primeira exposição coletiva na Kunsthalle Basel, visitou a América Latina; no ano seguinte mudou-se para Panajachel, junto do Lago Atitlán, na Guatemala.

As suas principais exposições incluem: Kunstmuseum Olten, 2004; Kunsthalle Basel, 2014; Bienal de São Paulo, 2014; documenta 14, Kassel e Atenas, 2017; Power Plant, Toronto, 2018; the Art Institute of Chicago, 2019; Camden Art Centre, Londres, 2020; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid, 2021; Secession, Viena de Áustria, 2023. Vivian Suter está representada em importantes coleções, como a Tate em Londres, o Museu de Arte Moderna de Varsóvia, o Solomon R. Guggenheim Museum em Nova Iorque, bem como o Kunstmuseum Basel na Suíça e o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madrid, entre outros.

PROGRAMA

  • Conversa entre Vivian Suter e Sérgio Mah
  • 30/10/2024 das 18h00 às 19h00
  • Em inglês

Conversa entre a artista Vivian Suter e o curador Sérgio Mah, no âmbito da exposição Disco. Esta sessão constitui uma oportunidade única para público conhecer em profundidade o contexto da exposição e o processo criativo de Suter, marcado por uma relação íntima com a natureza. Sérgio Mah abordará as principais linhas curatoriais da exposição, explicando como o trabalho de Suter se relaciona com a paisagem, e como o MAAT explora o espaço expositivo para realçar essas interações.